Gazeta Esportiva.com
·28. November 2024
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O trabalho não foi nada fácil: elevar o ânimo do time que provavelmente protagonizou a pior derrocada da história do futebol. Mas o técnico português Artur Jorge não só assumiu o desafio de ser o “caça-fantasmas” do Botafogo, como também levou o clube à sua primeira final de Copa Libertadores.
Ele não foge do vexame no Campeonato Brasileiro de 2023, que transformou o alvinegro em alvo de piadas dos torcedores rivais, mas também já mostrou irritação quando algum jornalista traz o assunto à tona.
Mesmo sem sequer viver no Rio de Janeiro no ano passado, o português teve que responder porque o Botafogo perdeu o Brasileirão na reta final depois de abrir 13 pontos de vantagem.
“Os fantasmas existiam, não tenho problema de falar sobre isso”, disse o treinador em julho. “Eu quis passar a mensagem de não olharmos para trás, mas não ignorarmos o que aconteceu e dar mais foco na história que podemos escrever daqui para frente”.
Depois do pesadelo de 2023, Artur Jorge transformou o Botafogo em uma máquina ofensiva (84 gols em 52 jogos) que briga por dois títulos, em parte graças aos mais de R$ 300 milhões (R$ 1,7 bilhão, na cotação atual) investidos em contratações na temporada.
Salva-vidas
Neste sábado, em Buenos Aires, o time carioca vai disputar a final da Libertadores contra o Atlético-MG.
No Brasileirão, que o Botafogo não conquista desde 1995, o Alvinegro recuperou a liderança a duas rodadas do fim com a vitória por 3 a 1 sobre o Palmeiras, na terça-feira, em São Paulo. Se levantar os dois troféus, o Glorioso fechará uma temporada tão histórica quanto inédita.
“Vamos trabalhar no sentido de fazer com que o nome Botafogo possa estar dimensionado à imagem de todos os grandes clubes mundiais”, afirmou Artur Jorge recentemente em uma entrevista ao portal da Fifa.
O português assumiu o cargo em abril, depois da saída de Tiago Nunes, que não conseguiu bons resultados com a equipe no Campeonato Carioca.
Em sua primeira experiência fora de Portugal, chegou ao Brasil depois de boas temporadas à frente do Braga, onde passou a maior parte de sua carreira como zagueiro, até pendurar as chuteiras em 2005.
Pelo clube português, conquistou em janeiro seu único título como treinador, a Copa da Liga de Portugal. Além disso, classificou a equipe para a Liga dos Campeões pela primeira vez desde 2012.
Cruyff, Klopp e Maradona
Mesmo com o início irregular na Libertadores, o Botafogo conseguiu se classificar em segundo no Grupo D e depois eliminou Palmeiras (oitavas de final), São Paulo (quartas) e Peñarol (semifinal).
Apesar de a defesa nem sempre se mostrar segura (46 gols sofridos em 52 jogos), conseguiu um encaixe perfeito com quatro jogadores de seleção: o argentino Thiago Almada, o venezuelano Jefferson Savarino e os brasileiros Luiz Henrique e Igor Jesus.
“Recebo os planos de jogo do treinador no meu celular. Nunca vi um plano seguido tão à risca, tão bem ensinado pelo treinador e tão bem executado pelos jogadores”, destacou neste mês o polêmico magnata americano John Textor, dono da SAF do Botafogo.
O modelo de jogo de Artur Jorge é inspirado no “futebol total” eternizado pelo holandês Johan Cruyff, por seu estilo “dinâmico” e “ofensivo”, e pela “verticalidade” e “velocidade” das equipes comandadas pelo alemão Jürgen Klopp.
“Tenho essas duas referências que me ajudaram a criar o meu próprio conceito de jogo e contextualizar”, disse o português em entrevista à TV Globo. Mas seu maior ídolo é o craque argentino Diego Maradona.
“Maradona sempre foi minha referência e meu ídolo. Como jogava, sua parte irreverente, sua parte problemática me atraia também”, destacou. “Eu não sou de coisas muito certinhas, gosto de dinâmica”.
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