Saudações Tricolores.com
·21. Dezember 2024
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·21. Dezember 2024
A torcida do Fluminense chega ao fim do ano mergulhada em pessimismo e desconfiança em relação à atual janela de transferências. A sensação geral é clara: expectativas baixíssimas. Entre sussurros de contratações duvidosas, renovações com jogadores veteranos e boatos de refugos de outros clubes, a frustração tomou conta do ambiente tricolor, e isso se reflete diretamente no comportamento dos torcedores nas redes sociais.
Basta o surgimento de um rumor – seja ele grande ou pequeno, fundado ou infundado – para que as críticas e memes deem o tom do debate. Não há preocupação em confirmar a veracidade das informações: o que importa é “macetar”, “bater” e alimentar a insatisfação. É como se o mantra da torcida no momento fosse simples e direto: “Se a expectativa está baixa, vamos abraçar a revolta.”
Recentemente, vimos um episódio emblemático: as declarações de um presidente de outro clube, que alegou que o Fluminense não ofereceu garantias bancárias satisfatórias em uma negociação, viraram combustível para mais críticas. Mesmo quando informações posteriores apontaram que os requisitos impostos por ele poderiam inflar custos – algo que justificava a postura do Fluminense – a discussão já havia perdido força. O que pesou foi o impacto inicial – o “timing” para o desabafo.
É inegável que a onda negativa que domina a torcida se alimenta de um cenário crônico, marcado pelas dificuldades do clube tanto dentro quanto fora de campo. O desempenho frustrante na temporada passada e a percepção, ou a falsa percepção, de decisões administrativas questionáveis criaram um ambiente de descrédito generalizado – pouco importa se fundamentada ou não. Contudo, parte dessa atmosfera também pode ser atribuída ao excesso de informação – por vezes, informações falsas ou distorcidas – que circulam com velocidade impressionante nas redes.
Perfis e páginas não param de lançar nomes quaisquer, muitas vezes sem qualquer base na realidade, apenas para engajar seguidores sedentos por novidades – mesmo que estas não passem de especulações vazias. Isso cria um efeito dominó: surge o boato de um jogador que a torcida não aprova e, antes de qualquer análise ou confirmação, proliferam comentários inflamados e ataques. Por mais que veículos sérios publiquem notícias com informações concretas sobre perfis de possíveis reforços ou linhas estratégicas do clube, elas acabam soterradas no mar de desconfiança.
Esse cenário de negativismo extremo também ignora alguns pontos positivos da gestão e montagem do elenco. É verdade que 2024 foi marcado por muitas oscilações – ainda que pese o título da Recopa -, mas vale lembrar que o Fluminense conseguiu manter uma espinha dorsal competitiva, com jogadores-chave como Arias e Fábio, além de reforços importantes, como o retorno de Thiago Silva. A base que levou o clube à Libertadores foi preservada em grande parte, o que torna ainda mais difícil entender como o time se encontrou em uma posição abaixo das expectativas na tabela.
Porém, nas redes sociais, nuances e análises dão lugar a narrativas simplistas. Apontar erros é mais fácil do que reconhecer virtudes, e a busca constante por vilões supera o debate saudável. Álias, o debate já deixou de existir há tempos e o “debate saudável” talvez nem faça mais parte da atualidade da sociedade (até de uma forma em geral)
Um dos fatores que mais agrava essa crise de expectativa é o comportamento das redes sociais, onde se espalham não apenas críticas, mas desinformação e, sobretudo, polarização. Se alguém pensar diferente do outro, ou ainda externar um simples ponto de vista diferente, seguramente será vítima do famoso “ataque de enxame” (coordenado ou não) pela famosa e nociva “bolha”. Além disso, o ciclone de fake news, que atinge o Fluminense frequentemente, cria um ambiente tóxico, onde qualquer informação negativa – mesmo infundada – é tratada como se fosse a coisa mais séria, certa e definitiva de todas . E, diante de uma temporada ruim, a torcida já espera o pior, mesmo que haja sinais de que as coisas não são bem assim.
É inegável que o clube precisa se comunicar melhor, reforçar seu planejamento e oferecer respostas à torcida. As críticas, em determinados casos, têm fundamento. No entanto, é preciso também que a torcida, que é uma das mais apaixonadas do Brasil, recupere sua confiança e abra espaço para ponderação. No mínimo.
Para o Fluminense, o grande desafio nesta janela será não apenas acertar nas contratações, mas também reconquistar a torcida – seja com boas escolhas técnicas, seja com uma comunicação mais clara e assertiva. O momento exige um equilíbrio difícil de alcançar, mas essencial: o clube precisará navegar entre a pressão por resultados imediatos e um planejamento de longo prazo que faça sentido dentro da sua realidade financeira.
Fica claro que a torcida está agitada, preocupada, com os acontecimentos e escolhas do ano passado, que refletiram em um final de temporada de muita angústia. Mas, mesmo assim, há de se convir que o que acontece no universo tricolor hoje, sobretudo nas mais ácidas das redes, é deveras acima de uma cobrança salutar. Ninguém mais se preocupa em ver se há ou não veracidade nas informações (pelo menos a maioria age assim). Quando surge uma “notícia” que não agrada, eparece que é um convite para que todos acendam suas tochas e empunhem suas palmatórias. Não é por aí. Isso não é, nunca foi e nunca será benéfico para nenhum clube. E é muito diferente de cobrar e vigiar. Ultrapassa todos os conceitos dessas duas palavras importantes.
E cabe a nós, tricolores, acreditarmos que algo diferente está sendo feito e já começou a aparecer, como a contratação surpreendente e espetacular do Hércules. Vamos trocar a certeza de que vai dar errado pela dúvida de que podem acontecer coisas boas. Quem sabe a gente tenha, nas redes sociais e também dentro do universo tricolor, notícias que venham a acalentar essa ansiedade e também renovar as esperanças por um 2025 repleto de glórias e vitórias mil.
Fico por aqui,
Washington Rodrigues