Cuca é apresentado no Galo: “Me sinto à vontade aqui” | OneFootball

Cuca é apresentado no Galo: “Me sinto à vontade aqui” | OneFootball

Icon: Clube Atlético Mineiro

Clube Atlético Mineiro

·13. Januar 2025

Cuca é apresentado no Galo: “Me sinto à vontade aqui”

Artikelbild:Cuca é apresentado no Galo: “Me sinto à vontade aqui”

Na tarde desta segunda-feira (13/1), o técnico Cuca foi apresentado oficialmente pelo Atlético. Em coletiva de imprensa no auditório das categorias de base da Cidade do Galo, o treinador mais vitorioso da história do Galo recebeu a camisa número 8, sua habitual nos tempos de jogador. Ele também fez um pronunciamento sobre o caso Berna, reiterando seu compromisso de evoluir como ser humano e empunhar a bandeira de respeito às mulheres.

“Prazer estar aqui novamente no Galo, onde me sinto muito à vontade, tenho conhecimento muito grande da casa” Cuca leva apoio às Vingadoras

Quem deu as boas-vindas a Cuca no Galo foi o diretor de futebol Victor Bagy. Velhos conhecidos, já tiveram relação de atleta-treinador no período vitorioso de 2012-2013, e também de gerente-técnico no Triplete Alvinegro de 2021 e na segunda metade da temporada 2022.


OneFootball Videos


“É com muito orgulho e prazer que venho hoje apresentar o Cuca, que foi meu comandante em 2013, relação de longa data. Fomos campeões juntos dentro e fora do campo. Sempre bom te ter aqui Cuca, treinador competente, envolvido, que conhece a cultura e faz parte da história gigantesca do Atlético. E sabe fazer o Galo ser campeão. Por isso você está aqui hoje, seja bem-vindo, prazer tê-lo aqui. Que seja mais um ciclo de vitórias e sucesso, disse Victor.

Veja o álbum de fotos da apresentação do técnico Cuca:

Pronunciamento de Cuca:

“Gostaria de começar essa minha entrevista falando de quando fiz a minha apresentação no Athletico-PR, no ano passado. Sei que é um tema sensível e delicado, que vai vir à tona, e que tem que vir. Quando li aquela carta no Athletico-PR, me prontifiquei dentro de mim a ser um homem melhor. Tenho aprendido muita coisa com muita gente, escutado a minha família, quase toda formada por mulheres”.

“Tenho entendido muita coisa que não entendia como ser humano. Demorei tanto tempo para falar daquele tema… Hoje, consigo falar, consigo ver os meus defeitos. Eu tentava explicar o Cuca, falar do Cuca. Mas a sociedade não queria isso. Queria saber da causa, do tema. O que eu poderia fazer sobre isso? Tenho buscado todos os dias ser uma pessoa melhor. Não só pelas minhas filhas, minha esposa, minha mãe. Mas pelo que as mulheres querem e precisam”.

Confira a entrevista coletiva transmitida pela GaloTV:

Transcrição da coletiva de imprensa com Cuca:

Pergunta para o Cuca: No treino, o Bernard ficou na esquerda, o Rubens no meio, sem improvisação na zaga. Queria que você falasse como pretende trabalhar alguns talentos que foram criticados no passado. É cada um na sua posição de origem?

Cuca: “O treino foi aberto, você observou bem. Mas são situações de jogo. Você começa um trabalho da maneira mais simples que tem. Eu gosto de ter jogador polivalente, mas quero sentir, primeiro, o jogador dentro da sua função, dando liberdade no local onde ele joga. Teremos mais períodos de treino até a viagem aos EUA.

Pergunta para o Cuca: Essas movimentações no mercado do Atlético, você conversou com o Victor e a diretoria sobre chegadas e saídas? Poderia fazer uma análise do elenco que você tem em mãos?

Cuca: “O Natanael está certo já? Caminhando…. Não gosto muito de falar, porque uma vez um jogador estava vindo para o Galo, falei tão bem dele, mas acabou indo para outro time. Vocês sabem quem é! É um jovem, precisamos rejuvenescer nossa equipe, estamos atrás desse perfil”.

“Sobre a saída de atletas, você não consegue controlar tudo. Tem jogadores que você não quer que ele saia, mas ele sai. É o caso do Zaracho, é o caso do Battaglia. Gostaria de contar com os dois. Mas eles entenderam que era o momento de sair. Não tem muito o que fazer, a não ser lidar com a parte financeira, que foi o que o Victor e o Pedro (Moreira, gerente de futebol) fizeram bem feito. Então, infelizmente, você perdeu alguns jogadores. Em contrapartida, você vai ao mercado para encontrar outras peças que possam trazer solução, e, de repente, alguns jogadores até com mais juventude”.

Pergunta para o Cuca: Ainda sobre elenco, fale mais. O que você viu? Quais setores? Chegou para a gente que seriam 3 atacantes e 1 lateral. E se você espera contar com esses jogadores o mais rápido possível para a pré-temporada nos EUA.

Cuca: “Esperamos contar com os jogadores o mais rápido possível. Para falar a verdade, estamos trabalhando muito. Ontem foi o dia inteiro. O mercado ficou muito diferente. Eu lembro que em 2004 fui para o São Paulo, e conseguimos levar uma base do Goiás para montar um timaço. O Fabão, Danilo, Josué e o Grafite viraram depois de irem para o São Paulo. Você não encontra mais esse tipo de jogador. E se achar, os valores são absurdos. Fiquei perplexo de como as coisas inflacionaram e se tornaram inviáveis. Temos que ser criativos e responsáveis para buscar jogadores. São dois atacantes que a gente busca, e outras peças para suprir quem saiu. Se não me engano, saíram oito jogadores. Então, temos que recompor para ter uma base forte”.

Pergunta para o Cuca: Fale sobre o planejamento para o Campeonato Mineiro, o time profissional retorna a partir da quarta rodada. E é uma pré-temporada curta.

Cuca: “É uma pré-temporada diferente, nunca passei algo assim, de começar aqui, ir para os EUA, faz duas partidas, voltar um dia e meio antes de um clássico. Vamos pensar bem, sentir o jogador, sábado que vem temos um jogo, não estamos na condição ideal para jogar. E ainda há uma viagem na quarta-feira. Os jogadores mudaram o perfil, também. Antigamente, férias era parada, jogadores voltavam com percentual de gordura, alguns quilos a mais. Hoje, não. Tem jogador que retorna até mais magro”.

Pergunta para o Victor: Os valores arrecadados pelas vendas de jogadores serão investidos em contratações, segundo nos disse o Bruno Muzzi. As cifras das saídas de Battaglia e Zaracho serão suficientes para buscar esses reforços?

Victor: “Bom, realmente os valores auferidos pelo Paulinho serão investidos em contratações. O valor dessas vendas, ou dessas saídas de Zaracho e Battaglia, serão incorporados a esse montante. Procuramos qualificar, não é só contratar para o jogador ser pouco utilizado. A minha busca, do Cuca, dos demais membros dessa área, é qualificar. Temos uma boa base montada no ano passado. Como o Cuca falou, é rejuvenescer e qualificar. Dentro desse montante que temos, vamos fazer a melhor distribuição possível para tornar a equipe competitiva possível”.

Pergunta para o Victor: Saíram Battaglia, Zaracho e Paulinho. É possível qualificar esse elenco com apenas esses valores ou é possível um aporte maior para o elenco não perder o nível?

Victor: “A ideia é subir o nível e não perder o nível. A saída do Paulinho, se você pegar o valor total da operação, é a maior da história do Atlético, e ainda com dois jogadores incluídos. Jogadores que irão encorpar a equipe do Cuca, e com valor de revenda. A ideia é dar velocidade à equipe, qualificar, rejuvenescer”.

“A questão das saídas do Zaracho e Battaglia, situações complexas. Battaglia é um jogador que conseguimos dobrar o valor investido em dois anos, atleta que irá completar 34 anos, é algo incomum. Diante do desejo dele de voltar à Argentina depois de 13 anos, cuidar de situações familiares, pessoais, que ele apresentou… Entendemos que há uma compensação financeira e foi feito o movimento”.

“Sobre o Zaracho, importante fazer uma cronologia: estávamos desde março de 2024, quando contratamos o Milito na Argentina, sentamos com o staff do atleta, que tinha sinalizado intenção de renovação. Fizemos uma proposta inicial que o representante dele considerou abaixo, mas prevendo aumento já para 2024, coisa que ele não teria no contrato atual. Tentamos por inúmeras vezes falar com o representante do Zaracho. Nunca nos respondeu, não enviou contraproposta. Falou que viria a Belo Horizonte discutir essa situação, mas nunca compareceu. Primeiro, disse que estava em São Paulo e teria de voltar à Argentina por questões pessoais, mas a gente sabia que ele estava em Belo Horizonte”.

“Tudo isso é uma demonstração de falta de respeito e lealdade, tendo em vista que sempre tratamos com muito carinho e respeito o atleta, dando suporte profissional e pessoal em algumas situações. Tínhamos uma reunião com o representante do atleta na véspera do jogo contra o River na semifinal da Libertadores, na Argentina. Marcamos reunião no nosso hotel, ele não apareceu. Mandamos proposta por e-mail, não houve resposta. Entregamos a proposta nas mãos do Zaracho, não houve retorno. Estou falando isso para demonstrar todo nosso esforço em tentar renovar. Diante da falta de retorno, houve uma proposta do Racing, no qual, já disse, o nosso contrato com o Zaracho nos deixava fragilizados. Tínhamos 50% dos direitos do atleta, e tínhamos que pagar (ao Racing) um valor anual caso o Zaracho atuasse. Foi uma maneira de ter uma recompensa financeira, já que o atleta não iria renovar. Então, entendemos que era o momento de fazer esse movimento. Ele nem sequer se apresentou, e entendemos que era o momento de virar essa página e atuar em outras frentes”.

Pergunta para o Cuca: qual o seu olhar para o time da base do Atlético, classificação na Copinha, elenco sub-20 no Mineiro, Rômulo, Paulo Vitor e Alisson já integrados…

Cuca: “O Rômulo já havia subido desde a minha passagem, o Alisson já é uma realidade, infelizmente para nós ele está na seleção, felizmente para o Clube. Começo de campeonato é uma oportunidade para os meninos. Atuaram em jogo-treino contra o Villa Nova, venceram por 2 a 0, e vão pegando corpo e cancha. Esperamos que eles possam demonstrar o potencial com naturalidade e calma nessas primeiras partidas do Mineiro. E, na medida do possível, a gente vai utilizando quem mais se destacar”.

Artikelbild:Cuca é apresentado no Galo: “Me sinto à vontade aqui”

Técnico Cuca em entrevista de apresentação – Foto: Pedro Souza/Galo

Pergunta para o Cuca: queria que você falasse sobre o seu trabalho mais recente no Athletico-PR e o contexto da sua carreira que de traz ao Atlético. O que te fez ficar fora por um tempo e aceitar voltar ao Galo?

Cuca: “O contexto do ano passado foi de começo muito bom no Athletico-PR, 10 jogos e 10 vitórias, jogo fluindo bem, arrancada bonita. Houve divergência de ideias, a gente sabia que lá na frente não daria certo. Acabei saindo naquele momento do Athletico-PR, que é meu time do coração. Sai lá pela 12ª rodada, não tinha 30% do Brasileiro. E acabou sendo um ano ruim para o Athletico-PR. Tive propostas de alguns clubes, mas fiquei em casa, procurei assistir ao máximo de partidas possíveis. Me inteirei de alguns temas, esse foi um deles. Convivi com a família, o que foi ótimo. Fiquei energizado. Venho com muita vontade de fazer um grande trabalho. Sei que no Atlético a dificuldade é maior. Se trata de uma remontagem. O amigo ali perguntou se com esse dinheiro (das vendas) vai dar para contratar os jogadores. Acho que vamos precisar gastar um pouquinho mais (risos). Mas vamos montar um time forte, competitivo, e ir atrás de títulos”.

Pergunta para o Cuca: Você tem um perfil muito ofensivo. O Atlético de 2013, de 2021… A ideia é trabalhar mais ou menos naquele molde de dois pontas abertos? Um meia? Homem de referência… Aquela bagunça organizada? Cuca: “Isso aí foi em 2013, a gente fazia aquela bagunça com o Ronaldo… Saudades (risos). Tem jogos e jogos. Vamos utilizar esse sistema, mas vamos entender outros também, o futebol moderno te exige. Se você segurar um volante na saída de jogo, você arma uma linha de três, dois volantes e cinco atacantes, no 3-2-5. Se segura o lateral e coloca uma muleta na ponta, aquele cara que vira o quarto homem, você muda o sistema sem precisar ter três zagueiros. No dia que o adversário tiver dois atacantes, você se resguarda de uma forma ou outra. Com o tempo de treinamento, você consegue fazer esses movimentos. Hoje, no treino lá em cima, movimentamos o time em sistema diferente quando precisarmos utilizar, e não ser surpresa para ninguém”.

Pergunta para o Cuca: Embasado nessas ideias de jogo, o Atlético usou muito o estilo de jogo posicional na temporada passada. O seu jogo é mais direto, com pontas, amplitude. Tem algum nome específico de jogador de campo que foi passado para a diretoria?

Cuca: “Tem, tem o nome. E foi passado pela diretoria. Você perguntou se tem o nome, mas não perguntou qual o nome. Mas não vou falar, porque encarece tudo, tá louco”.

Pergunta para o Cuca: Como você pensa em utilizar o Hulk em 2025?

Cuca: “Fiquei surpreendido com ele, porque ele está muito forte. Voltou das férias com percentual de gordura abaixo de 10%. O que, para a idade dele, é difícil. Se cuida muito. Não é por acaso que ele está perto dos 40 anos e correndo igual guri. É bonito de ver. Isso motiva todos os jogadores. Lembro da minha passagem em 2021, que tive uns probleminhas com ele, para a gente mudar a posição. Eu queria que ele jogasse mais perto do gol. Mas foi o único problema que tivemos.  O resto? Figura maravilhosa de se trabalhar. E eu acho que ele aprendeu, nesse espaço, a jogar de centroavante sem atuar de costas, vindo de lado. Fez inúmeros gols e assistências. Ele é, além de tudo, polivalente, pode jogar com outro centroavante, pode jogar de lado. Fico muito contente de contar com um jogador do nível dele”.

Pergunta para o Victor: Porque o Atlético está tendo tanta dificuldade de atuar no mercado? Perdeu jogadores importantes e titulares, como Paulinho, Battaglia, Zaracho, e sem tanta reposição…

Victor: “Você citou alguns jogadores… O Zaracho, no ano passado, jogou 30% da minutagem, chegamos ao fim sem ter, praticamente, o Zaracho na temporada toda. Na verdade, não são dificuldades. A montagem do elenco conta, também, com a participação do treinador. Tínhamos vários nomes na mesa, mas queríamos a participação do Cuca para poder operacionalizar. Temos situações em andamento, propostas se encaminhando. O mercado, como o Cuca falou, está bastante inflacionado. Temos nossas responsabilidades, orçamento para cumprir, não adianta eu trazer um jogador que custa X e não termos X para contratar. Há uma responsabilidade de entender a nossa realidade. Temos propostas em andamento, com negociações. Toda contratação é também uma construção feita em parceria com o treinador. A partir do momento que decidimos os nomes e posições, colocamos em prática. Uma negociação é complexa, envolve várias frentes, e temos que respeitar o tempo de cada uma delas. Mas temos algumas frentes em andamento. Espero que, nos próximos dias, a gente consiga anunciar nomes. Mas, o torcedor pode ter certeza que teremos um time bastante competitivo na temporada”.

Pergunta para o Victor: O Atlético teve oito saídas no elenco. Queria saber se estão previstas mais saídas e se o Galo trabalha com número fechado de chegadas”.

Victor: “Na verdade, existem consultas, mas nenhuma saída iminente. Colocamos oito nomes de saídas, mas eram três jogadores em fim de contrato, o Maurício Lemos atuando pouco. Temos buscado reposição para que a gente trabalhe com um número em torno de 28 atletas de linha, mais quatro goleiros. Isso nos permite ser efetivos, com reposições, e todos os atletas tenham minutagem de jogar. Mais do que isso, poderia ser difícil para o Cuca trabalhar. Difícil falar um número fechado, vão surgindo demandas. Temos ideia de dar uma encorpada na equipe. Conforme a temporada se desenrole, vamos analisar se teremos outras carências ou oportunidades de mercado”.

Pergunta para o Cuca: Como foi o convite do Atlético e os bastidores do seu acerto para voltar?

Cuca: “Eu sempre estive disponível. Tive consultas de alguns clubes brasileiros, um de fora. Quando veio o convite do Atlético, e foi há pouco tempo, em dois dias a gente já tinha acertado tudo, entender o planejamento de 2025, as saídas e chegadas, analisar o nosso plantel. Foi algo muito rápido. Meu desejo de retornar aqui era muito grande, e também de fazer um bom trabalho. Não preciso conhecer a casa, poupo esse tempo enorme. E também conheço praticamente todo o elenco”.

Pergunta para o Victor: muitos nomes especulados nas redes sociais, ansiedade do torcedor é latente. Nomes como Soteldo, Brenner, Bruno Henrique, além do Cuello, que a gente imagina já estar avançado. São nomes no radar ou o torcedor pode descartar?

Victor: “Hoje, nossa prioridade é reforçar o ataque, entendemos que, nas outras posições, temos peças suficientes para o início da temporada. Adiantei que buscamos rejuvenescer, ter uma equipe mais rápida. Costumo não comentar nomes, existe a confidencialidade, respeito ao negócio, até para não cair ou inflacionar operação. Você citou nomes interessantes, que agradam. Como falei, espero que possamos anunciar nomes que agreguem e que tragam tranquilidade para o Cuca trabalhar e montar a equipe dentro do perfil de sermos um time protagonista. Estamos atuando para chegada de jogadores que criem impacto e que briguem pela titularidade da equipe”.

Pergunta para o Cuca: Você falou da avaliação do elenco. Quais posições você solicitou para a diretoria? Zagueiro, lateral, meia…

Cuca: “É muito claro, temos o Saravia como lateral direito, Mariano saiu e temos que ter a reposição, estamos prestes a anunciar. Uma das dificuldades que o Atlético teve no ano passado foi nessa jogada ofensiva de lado de campo. Estamos tentando suprir essa deficiência. São 70 e poucos jogos no ano, e temos que ter 20, 18 jogadores do mesmo nível, promover meninos da base, e meia dúzia de coringa, vai vir mau momento, cansaço, lesão, suspensão, todo jogo é no limite, 10, 12 km por jogo, e não é só corrida, é impacto, corpo a corpo. Problemas que aparecem ao longo do ano, e estaremos aqui para resolvê-los. Quanto mais forte for o seu grupo, maior a chance de ganhar”.

Pergunta para o Cuca: Na busca por treinadores, o seu nome sempre foi o mais cotado pela própria torcida. Existe um receio do não cumprimento de contratos, uma estigma que ficou em você. A intenção é cumprir o contrato? E o que aconteceu das outras vezes, principalmente em 2021, após um ótimo trabalho?

Cuca: “Boa essa pergunta, queria mesmo que ela viesse. Eu escuto e vejo tudo também. Estou em casa, e vejo muita coisa dando pau, quase que pessoal em cima do Cuca. Vou explicar uma coisa para você, pegando no começo dos anos 2000: treinei o Botafogo em 2006, 2007 e 2008. Eu não saí do Botafogo, eles me pediram para sair. Eu sai para ajudá-los, porque me pediram para sair, acharam que teriam problemas comigo lá”.

“Eu tive, em 2010, depois que vim do Cruzeiro, toquei aqui no Galo em 2011, 2012 e 2013. Ficaram bravos comigo, mas fui para a China por oportunidade financeira maravilhosa, quando acabou meu contrato. Fiquei até um pedaço de 2016 na China. Quando você vai para lá, largando tudo, tem que voltar e colocar as coisas da sua vida no eixo. Mas não fiz isso, voltei para um time que não ganhava há muito tempo. Levei porrada, 4 a 0 para o Água Santa, me vi louco. E ainda prometi que seria campeão brasileiro com aqueles guris que estavam sendo chicoteados. Comprei aquela briga. E não dormia diante da pressão. Desgaste enorme, cobrança. Quando acabou, falei que eu precisava descansar, falei com o Alexandre Mattos que eu ia sair. Sai, fiquei dois, três meses em casa.

“Voltei em 2017 ao Palmeiras, fui até faltando cinco partidas, vi que não seríamos campeões, sai e ficou meu auxiliar, o Alberto Valentim. Toquei o São Paulo em 2018 e 2019, sai em comum acordo, saí e entrou o Diniz. Em 2020, toquei o Santos até o final, trabalho maravilhoso, acho que foi um dos melhores que fiz, com toda dificuldade. Fomos à final da Libertadores, perdemos, mas ainda nos recuperamos para classificar o time para a Libertadores da temporada seguinte. Saí quando acabou meu contrato”.

“Em 2021, vim pro Galo, minha mãe no hospital, 70 dias, entubada. E o Rodrigo Caetano disse que eu precisava vir, não dava para segurar. Disse que não conseguia. Fui ao médico, dr. Constantino lá em Curitiba. Eu falei pro médico sobre isso, perguntei o que eu deveria fazer. Ele disse: “Não sei o que você faria, mas se fosse o contrário, sua mãe não sairia da porta enquanto você não saísse daqui. E, mesmo assim, eu vim. Eu fiz promessa para Nossa Senhora para o Atlético ser campeão depois de 50 anos. Eu morei aqui, no CT, com vou morar agora. Fiz promessa para a minha mãe, mas muito forte, para colocar a faixa de campeão do Brasileiro no Mineirão, e fiz isso. Minha mãe saiu, eu até arrepiei. Quando acabou em 2021, falei pro Rodrigo que ficaria com a minha mãe no começo do ano, para ajudar a recuperar. São erros? Tá bom! Mas eu curti a minha mãe, a minha família. Larguei o status que eu tinha de ser campeão, porque eu precisava daquilo, da recuperação dela, de não dar sequela, de levar na natação. Hoje, ela tem 84 anos, e vou trazer ela aqui de novo, no fim do ano, se Deus quiser, com mais medalha de campeão. Eu não quebro os contratos, eu não saio assim à louca dos clubes. São as nuances de cada um, eu sou família. Tem contratos, mas tem o lado humano. Tem gente que vai criticar, vai falar que é errado. Mas é o meu jeito”.

Artikelbild:Cuca é apresentado no Galo: “Me sinto à vontade aqui”

Técnico Cuca durante treino do Galo – Foto: Pedro Souza/Galo

Pergunta para o Victor: Nós perdemos um jogador do quilate do Paulinho, 18 milhões de euros, artilheiro do Brasileiro, fazia diferença em campo. A reposição de um jogador desse quilate vem sendo analisada? Os nomes falados, na minha opinião, não repõem o Paulinho…

Victor: “É sempre difícil você repor um jogador da capacidade do Paulinho. Estamos trabalhando sem descansar todos os dias, começo às 7h e vou até 23h. Temos nomes importantes e grandes na pauta. Temos que apostar também não só na individualidade, mas na coletividade. Não adianta trazer nome de impacto se não se encaixar na coletividade. É trazer um nome que possa repor, mas que se complementa com a equipe e os outros nomes que já temos. Se não houver jogadores ao lado, um atleta do mesmo nível do Paulinho não consegue render ao máximo. Então, temos um nome importante em negociação, creio que, se confirmar, vai realmente dar essa tranquilidade ao torcedor. Estamos buscando outros nomes para dar uma coletividade forte, que é o que precisamos. Ter nomes importantes que se complementam, assim que se constrói uma equipe vencedora. E já temos nomes importantes e desequilibrantes”.

Pergunta para o Cuca: ao fim do ano passado, perda de títulos, houve um desgaste emocional grande por parte do elenco e do torcedor. Cuca, a partir do momento que chegou o convite na sua mesa, qual foi seu pensamento para levantar o moral da equipe e refazer o elo com o torcedor?

Cuca: “Ano passado poderia ter sido o maior da história do Galo, ficou duas partidas disso. Veja só o que aconteceu, final da Libertadores, sonho de qualquer um, ficar com um jogador a mais o tempo todo, e não encaixar o jogo. Isso acontece, o adversário tem suas valências. Não deu certo. A Copa do Brasil podemos usar da mesma forma, contraum  grande adversário. Não é fácil chegar nas duas finais, faltou o gatilho final, ganhar as duas finais, seria o maior ano da história do Galo, maior que 2021, era uma Libertadores. Não pode colocar tudo fora, dizer que era um ano ruim. Como não tinha elenco com peças do mesmo nível, ficou devendo no Brasileiro. Lutou contra o rebaixamento na última rodada. Isso magoou o torcedor. Eu acho que o torcedor tem que ficar contente do ano passado, não foi ruim, ruim por não ter ganho, mas chegou em duas finais. Quantas equipes boas lutaram e não chegaram nas finais. Nesse ano, pretendemos dar um equilíbrio para o time e, se Deus quiser, voltar às finais”.

Pergunta para o Cuca: sobre contratações, o que esperar desse elenco e desses reforços sob seu comando? Até onde vai o Galo em 2025?

Cuca: “Dentro do planejamento que estamos fazendo, vinda de quatro, cinco jogadores importantes, acho que vamos encorpar bastante no elenco, dar uma qualidade importante. Automaticamente, você disputa os jogos e sente se há carência pontual. Eu penso que vamos montar uma equipe forte, muito forte, e ter um bom ano”.

Pergunta para o Victor: já foi questionado ao Cuca o tempo de procura dele. O Galo ficou um mês sem técnico, mas a negociação dele foi rápida. Mas, porque esse período todo sem técnico para o Atlético e como isso atinge o mercado, já que você falou que contratações andam lado a lado com a presença do Cuca…

Victor: “O Cuca sempre esteve na nossa pauta. Tivemos uma outra negociação, que se arrastou um pouco. Evoluímos em alguns pontos, mas não deu certo. Há um impacto na montagem. Mas, como falei, estamos desde setembro mapeando e planejando para 2025. Não começamos a falar de elenco só após a vinda do Cuca. Ele é parte importante, obviamente, mas, assim que ele acertou, estamos em contato diário. E apresentamos inúmeros nomes planificados para ele. Paralelamente, o Cuca apresentou alguns nomes. É natural isso. A gente tenta encontrar o equilíbrio dentro dessas indicações. Estamos correndo para acertarmos. O telefone não para, dedicação não falta, trabalho todos os dias, muita gente colaborando e ajudando no processo, incluindo o Cuca, para um time competitivo, para que o torcedor possa chegar ao fim da temporada comemorando títulos”.

Pergunta para o Cuca: qual o sentimento de voltar ao Atlético nesta quarta passagem?

Cuca: “Muito feliz, mesmo. Não tirei o pé daqui ainda, estou sempre no CT, vou no treino do feminino, do sub-20. Conheço todos os funcionários aqui, estou em casa e feliz. Responsabilidade grande, porque eu quero ver esse meu povo aqui feliz. Eles sabem que eu tenho um bichinho de ser campeão, e eu divido com todos os funcionários. E eles torcem, estão juntos, choram nas derrotas. Mas, vamos que vamos”.

Siga o Galo nas redes sociais: @atletico

  • Youtube
  • Instagram
  • Twitter
  • TikTok
  • Blue Sky
  • Flickr
  • Threads
Impressum des Publishers ansehen