
Gazeta Esportiva.com
·25. März 2025
Dono de empresa cotada para biometria facial da Arena agencia atleta da base do Corinthians

Gazeta Esportiva.com
·25. März 2025
Bruno Balsimelli, dono da empresa Ticket Hub, cotada pelo Corinthians para implementação da biometria facial na Neo Química Arena, é, também, sócio-administrador da agência de atletas Unique Sports & Marketing, responsável pela carreira de Luiz Eduardo. O jogador foi contratado pela base do clube no ano passado.
O meia Luiz Eduardo, hoje no sub-20, foi contratado em abril de 2024 e veio do Água Santa, equipe de Diadema (SP). O jogador firmou vínculo com o clube até abril de 2029 e foi apenas um dos mais de 70 atletas que chegaram para reforçar as categorias de base do Corinthians.
A Unique Sports & Marketing, empresa de Bruno Balsimelli, também é responsável por agenciar outros dois atletas da base corintiana, além de Luiz Eduardo: o lateral esquerdo Wendel e o atacante Miller, que estão, neste momento, no sub-16 alvinegro.
Portanto, caso o Corinthians de fato firme acordo com a Ticket Hub para a implementação da biometria facial da Arena, a situação pode ser classificada como conflito de interesses, uma vez que Balsimelli não poderia atuar como representante de uma empresa e de jogadores ao mesmo tempo.
Jogador representado por Balsimelli, Luiz Eduardo iniciou a Copa São Paulo de Futebol Júnior no time titular, mas foi bancado para a entrada de Dieguinho. O garoto, mesmo assim, despertou a atenção da comissão técnica de Ramón Díaz, que o inscreveu na lista A do Campeonato Paulista. O jovem, inclusive, estreou no profissional na vitória de 1 a 0 sobre o Novorizontino, pela fase de grupos do Estadual.
A informação sobre Balsimelli foi inicialmente divulgada pela Central do Timão e confirmada pela Gazeta Esportiva.
(Foto: Reprodução/Instagram)
A empresa Ticket Hub, cujo dono é justamente Bruno Balsimelli, também não passou pela aprovação do compliance do Corinthians. Apesar disso, a companhia é a mais próxima de fechar acordo com o clube para o processo de implementação de biometria facial na Neo Química Arena.
O sistema de biometria facial passará a ser obrigatório em todos os estádios no meio deste ano. Com isso, o Corinthians corre para tentar implementar a tecnologia e não só atender tal demanda, mas também evitar que os casos de cambismo cresçam ainda mais.
Nos últimos meses, houve uma avalanche de reclamações de membros do Programa Fiel Torcedor, criado para beneficiar e dar prioridade, por meio de planos pagos, àqueles que pretendem adquirir ingressos para os jogos da equipe alvinegra.
As manifestações têm ocorrido nas redes sociais, nos canais de ouvidoria do clube, na plataforma do FT, e também na Polícia. Dezenas de boletins de ocorrência foram registrados por torcedores que estão adimplentes em seus planos, mas que não conseguem sequer ter a chance de comprar ingresso.
As reclamações chamaram a atenção para a situação do cambismo, que foi denunciado de forma legal. O caso foi aberto após apresentação de denúncia e identificação de evidências sobre uma eventual facilitação e participação de dirigentes e funcionários da atual gestão corintiana no repasse ou na venda combinada com grupos de cambistas.
Atualmente, o controle e a gestão de dados e todo o suporte tecnológico do programa Fiel Torcedor são feitos pela OneFan. Contudo, a relação com a empresa não é das melhores. Em função disso, o clube passou a conversar com outras companhias a fim de avaliar uma troca.
Uma das empresas que apresentou proposta e avançou nas negociações com o Corinthians para assumir o lugar da OneFan foi a 2GoBank.
As tratativas só esfriaram após o Estadão revelar, em matéria publicada no dia 18 de novembro, que a 2GoBank está sob investigação das autoridades públicas por suposto envolvimento de lavagem de dinheiro oriundo do tráfico de drogas. Pouco depois, Cyllas Elia, dono da 2GoBank, foi preso pela Polícia Federal. Ele foi acusado de corrupção por Vinicius Gritzbach, executado a tiros no aeroporto de Guraulhos, SP.
Enquanto negociava com a 2GoBank, o Corinthians também se aproximou de representantes da Ticket Hub, cujo dono é, justamente, Bruno Balsimelli. O empresário tem sociedade na Luarenas (Latin United Arenas) e comandou, por muitos anos, a BWA, empresa que teve nome alterado para United Arenas e está inoperante.
O sistema de compliance do Corinthians, inicialmente, apontou “red flags” e listou argumentos para sustentar a indicação de que o clube não deveria prosseguir para a contratação das empresas 2GoBank e Ticket Hub. A sugestão do compliance, porém, foi ignorada em um primeiro momento e as negociações continuaram por determinação da cúpula alvinegra.
No caso da Ticket Hub, companhia de Balsimelli, os receios do Corinthians foram superados após a empresa apresentar certidões emitidas por órgãos públicos. O compliance, então, alertou para o envolvimento do empresário em processos milionários que ainda não transitaram em julgado, mas essa questão também foi superada após nova avaliação do departamento junto ao jurídico do clube.
Segundo o relatório feito pelo clube em agosto do ano passado, ao qual a Gazeta Esportiva teve acesso, a pontuação de compliance da Ticket Hub foi de 98,25. Tal nota não é um bom indicativo, uma vez que, quanto mais próxima de 100, pior a companhia é em termos de confiança. Muito disso passa, justamente, por Balsimelli, que está envolvido em 23 processos judiciais.
Bruno Balsimelli também passou por uma análise do compliance. O empresário apresentou nota negativa de 86 e possui, neste momento, participação em 16 empresas, sendo que nove estão na ativa. Segundo o relatório do clube, em seus anos de atuação no mercado, ele acumulou uma dívida de R$ 2,3 milhões.
Outro problema levantado pelo órgão corintiano mostra que algumas empresas de Balsimelli possuem CNAEs secundários – códigos que geralmente podem ser identificados em investigações de casos de lavagem de dinheiro.
Em nota oficial publicada no último dia 19, o Corinthians afirmou que não está em negociações com a BWA. Apesar disso, o clube seguiu demonstrando interesse em negociar com a Ticket Hub, fato que é corroborado pelos relatórios emitidos pelo compliance do clube no ano passado.