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·8. März 2025

Não queremos flores

Artikelbild:Não queremos flores

8 de Março.

Dia Internacional das Mulheres.


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Até hoje não se sabe ao certo quem protagonizou a data. O continente europeu ou americano? Rússia ou Estados Unidos?

O que se sabe é que no início do século XX, tinha algo no ar, algo em comum que percorria diversas regiões do planeta, em uma época sem redes sociais, nem velocidade de informação.

As mulheres pediam direito ao voto, melhorias nas condições de trabalho. Logo depois, o mundo foi dilacerado por duas guerras que destruíram a Europa.

Foram as mulheres do Baby Boom, pós Segunda Guerra Mundial, quer retomaram as reivindicações de forma mais contundente, e em 1975, há exatamente 50 anos, a ONU oficializou a data.

Não é uma data festiva.

É uma data para lembrarmos o árduo caminho de lutas que percorremos. E de tudo que precisamos ainda conquistar.

Uma data para refletirmos.

Portanto, dar os parabéns e presentear uma mulher com flores ou chocolates no dia 8 de Março, por melhor que seja a intenção, apenas reflete uma total incompreensão do que se trata…

Não queremos flores, queremos equidade, queremos igualdade de fato, exigimos respeito.

Se na sociedade, onde representamos metade da população, ser mulher significa uma luta constante contra o machismo estrutural, no mundo do futebol, no qual somos uma mini minoria, nos nos deparamos em pleno 2025 com desafios quase inconcebíveis.

Afinal se trata de um mundo extremamente masculino, profundamente intolerante, ocupado por homens, decidido por homens, onde mulheres são frequentemente encaradas como intrusas.

Exemplificando com números, mesmo se carecemos ainda de um estudo mais aprofundado, o UOL fez um levantamento ano passado sobre os cargos mais influentes nos clubes brasileiros de série A e série B: No total, de 117 cargos analisados, 116 eram ocupados por homens.

Ou seja, existe um abismo, existe um problema. E não adianta devolver ele para as mulheres, com a desculpa pronta segunda a qual são elas que não se interessam por futebol, pois hoje mais de 40% das brasileiras são fãs da modalidade.

Qual solução? Quais medidas possíveis para uma maior participação das mulheres nos clubes de futebol? A CBF estabeleceu obrigatoriedade em 2019 para que os clubes da série A tenham equipes femininas, obrigatoriedade que pretende estender aos clubes de série B, C e D até 2027.

É um passo. Uma imposição para tentar reverter 40 anos de proibição que impediu mulheres de jogar bola, na época em que o Futebol se expandia, se profissionalizava e se popularizava.

Ou seja uma tentativa de reparação histórica. Mas é insuficiente. Tanto a CBF quanto o Governo Federal precisam investir, nas bases, nas escolas, nas campanhas de conscientização. Ou ficaremos mais 40 anos, 100 anos lutando por algo que nos foi tirado e onde não há equidade.

A Bancada Feminina do Flamengo tentou ações afirmativas, pedindo cotas para mulheres e pretos/as nos corpos transitórios dos conselhos. Nem chegou a ser colocada em votação.

A emenda foi preterida porque estaria discriminando homens brancos. Emenda analisada por uma comissão de homens brancos…

Como já foi dito, os clubes de futebol são gerido por homens. Diversidade e inclusão são pautas ignoradas e enxergadas com desconfiança, para não dizer repulsa.

E voltamos para a mesma pergunta: qual solução?

Fazer barulho. Cobrar dos dirigentes de clubes, federações. Criar núcleos de mulheres atletas, sócias, conselheiras, dirigentes, pois a união faz a força.

E trazer os homens para a nossa luta. Mostrar o que precisamos enfrentar diariamente. Abrindo seus olhos, despertando eles para nossa realidade.

Não queremos flores. Queremos eles se engajando e aderindo a nossa causa em prol da igualdade e equidade de gênero.

Não queremos flores. Queremos que os homens estejam do nosso lado nesta jornada, nos enxergando além da nossa aparência e se importando.

No dia 8 de Março, não queremos flores.

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