Fut das Minas
·21 March 2025
Bahia, 3B, Sport e Juventude: saiba como chegam as equipes que subiram para a Série A1

Fut das Minas
·21 March 2025
O Brasileirão Feminino A1 de 2025 começa neste sábado (22) e promete ser uma edição com novidades e velhos conhecidos. A principal competição da modalidade no país contará com times estreantes: Juventude e Instituto 3B se juntam pela primeira vez para a disputa da elite do futebol feminino. Em contrapartida, Bahia e Sport retornam e recolocam o Nordeste com representantes entre os melhores 20 clubes do Brasil.
Os quatro times jogaram a Série A2 do Brasileirão Feminino de 2024 e conquistaram o tão sonhado acesso. Para a temporada 2025, o quarteto vai deparar com um formato diferente na A1, em que apenas duas equipes irão cair para a segunda divisão.
Para entender como Bahia, 3B, Sport e Juventude chegam para a principal divisão do futebol feminino brasileiro, o Fut das Minas detalha como tem sido a preparação dos clubes desde quando o acesso foi confirmado em junho do ano passado.
A queda na Série A1 do Brasileirão Feminino no ano em que o Grupo City assumiu a SAF do Bahia foi um momento de virada de chave para as Mulheres de Aço. O departamento de futebol feminino passou por uma reestruturação, se profissionalizou, e começou a colher os frutos com a conquista do título da A2 e o retorno à elite nacional.
Jogadoras do Bahia comemorando o título da Série A2. Foto: Maurícia da Matta/CBF
A gerente do futebol feminino do Bahia, Carol Melo, acredita que a evolução da equipe passa pelo crescimento que o clube passa como um todo e pelo olhar mais cuidadoso que a modalidade começou a ter internamente.
O acesso certamente traz uma visibilidade maior para o projeto, mas eu acho que o que vem trazendo o apoio é o Bahia como um todo. Eu acho que o Bahia viveu um momento de crescimento como um clube e o olhar cuidadoso que existe em relação ao futebol feminino faz com que o clube trabalhe ativamente para consolidar novas parcerias e apoios que contribuam com o desenvolvimento do futebol feminino. Por exemplo, para esse ano, temos a chegada de um novo patrocinador master, parceiros antigos que voltam para trabalhar com a gente. Então, eu acho que tudo isso é muito mais do Bahia, o momento que o Bahia vive, do que apenas o acesso para a primeira divisão.
Com a profissionalização do departamento de futebol feminino tricolor também vieram melhorias na estrutura oferecida para as jogadoras e comissão técnica.
É sempre uma busca constante por melhorias. Seja reforços para elenco, seja uma questão de logística, parte médica, de performance, o suporte é como um todo. E eu acho que o clube nos dá suporte, nos respalda em relação a isso. Tivemos uma ala de futebol feminino que foi inaugurada o ano passado. Temos um campo que está sendo construído, em breve deve ser inaugurado, temos campos em reforma. Então, essa busca por melhorias é algo constante. Seja em termos estruturais, ou seja, em termos de staff, de elenco, é algo que não para”, explica Carol.
Para a disputa da Série A1, o Bahia deu prioridade na contratação de atletas mais experientes e, assim, tentar encontrar um equilíbrio no elenco com as jogadoras que permaneceram.
Boa parte da base campeã da A2 foi mantida para 2025. Foto: Letícia Martins/EC Bahia
“A gente buscou reforços estratégicos, dando uma priorizada para atletas com um pouco mais de rodagem, com um pouco mais de experiência na elite do futebol feminino, mas também valorizando a base do elenco que nós tínhamos ano passado. O objetivo foi equilibrar de uma forma geral o elenco com atletas que tragam uma qualidade técnica, intensidade e competitividade para a temporada”.
Mesmo com o acesso garantido por conta do vice-campeonato da Série A2, a participação do Instituto 3B na A1 era incerta. A confirmação só aconteceu no dia 14 de fevereiro. Essa indefinição aconteceu porque o presidente do clube João Bosco Bindá decidia se iria priorizar o projeto social da instituição que atende quase mil crianças ou a continuidade da equipe feminina. Mas, nos últimos dias, o dirigente conseguiu o apoio de órgãos públicos estaduais e municipais do Amazonas para poder disputar a elite do futebol feminino brasileiro.
Por conta dessa situação, o 3B desistiu de participar da Supercopa Feminina, já que não teria como montar uma equipe a tempo do início da competição.
O Instituto 3B ficou com o vice-campeonato do Brasileirão Feminino A2. Foto: Paulo Leal/FBF
Em relação aos clubes que subiram, a equipe de Manaus será a última a começar a pré-temporada. A apresentação oficial do elenco aconteceu na última semana de fevereiro.
Roberto Neves foi o escolhido para comandar as Feras da Amazônia. Um pouco mais de 20 jogadoras foram confirmadas para compor o elenco que representará o 3B pela primeira vez no Brasileirão Feminino A1. Seis delas fizeram parte do grupo que conquistou o acesso na temporada passada. Além delas, a equipe manauara aposta em atletas experientes como a atacante Carla Nunes e em algumas jogadoras estrangeiras.
Representando o Nordeste no Brasileirão Feminino A1 ao lado do Bahia, o Sport volta à principal competição do país após passar por um processo de reestruturação nos últimos anos.
No ano de 2022, as Leoas da Ilha disputaram a Série A3 e conquistaram o acesso. Em 2023, não conseguiram passar da primeira fase da A2, mas, em 2024, o time rubro-negro garantiu a tão sonhada vaga na elite do futebol feminino.
O Sport chegou à semifinal do Brasileirão Feminino A2 em 2024. Foto: Sandy James/Sport Club do Recife
Janira Ricardo, coordenadora do futebol feminino do Sport, explicou que o objetivo foi manter uma base que está na equipe desde 2022 e sanar as carências para o calendário mais extenso que o time terá em 2025.
O planejamento para montagem do elenco feminino tem como fundamento atacar as carências em termos de posições, bem como aumentar o quantitativo de atletas do grupo, já que teremos um calendário muito maior neste ano e precisaremos de opções. Inclusive, temos a expectativa de anunciar reforços em breve. Sobre a manutenção de base, será mantida, sim. Temos uma espinha dorsal que vem desde 2022, em grande evolução, dando resultados. E são atletas que têm identificação com o clube, parte delas formadas aqui e outra parte com bons anos de casa, possuem o nosso DNA e nossa plena confiança no trabalho, cientes da metodologia implementada.
Com o acesso, Janira Ricardo contou que internamente o apoio aumentou e foram feitas reformas na estrutura do departamento do futebol feminino e a aquisição de novos equipamentos.
Houve aumento de apoio, tanto em termos de reconhecimento e valorização dos profissionais envolvidos, quanto de ganhos estruturais, como aquisição de novos equipamentos para fisioterapia, preparação física, fisiologia, enfim, essa área voltada à performance. Houve reformas nas salas, nos nossos espaços, criamos novos espaços também para a parte administrativa, técnica, de trabalho e recuperação física, além da renovação e compra de materiais, equipamentos, para que possamos qualificar e otimizar ainda mais o rendimento das atletas.
Elenco do Sport em treino da pré-temporada. Foto: Sandy James/Sport Club Recife
Há quase cinco anos longe do Brasileirão Feminino A1, o Sport agora busca se manter na primeira divisão e voltar a ser umas das referências na modalidade como foi entre 2017 e 2019.
“Há três anos a comissão técnica estipulou uma filosofia de degrau por degrau, cada jogo uma final, com os pés no chão. E assim temos colhido os frutos. Pensamos, primeiramente, em buscar os pontos necessários para permanecer e ir, galgando, aos poucos, coisas maiores. Com muito trabalho e humildade”.
O Juventude manteve nove jogadoras que disputaram a Série A2 e contratou 19 novas atletas para a disputa da elite nacional. Renata Armiliato, coordenadora do futebol feminino do time Jaconero, contou que a montagem do elenco começou cedo, logo após o jogo que garantiu o acesso para a equipe gaúcha.
“Na metade do ano (2024), quando tivemos a vitória em cima do Fortaleza, que nos garantiu acesso à primeira divisão, nós já fomos ao mercado. Então, o analista desempenho, juntamente com o meu treinador e eu, a gente já começou a analisar atletas, começamos a ver partidas com outros olhos, vendo atletas que entrassem dentro do nosso sistema de jogo, que tivessem uma característica do Juventude e que tivessem qualidade para conseguir acompanhar uma primeira divisão”.
Montagem do elenco do Juventude começou ainda na metade de 2024. Foto: Nathan Bizotto/EC Juventude
Mesmo longe de ter um grande orçamento, o departamento de futebol feminino tem se estruturado nos últimos quatros anos, quando foi retomado. De lá para cá, a equipe teve avanços importantes como um Centro de Treinamento exclusivo, com alojamento, alimentação, além de plano de saúde. Para 2025, com desafios maiores, a prioridade foi qualificar a comissão técnica.
O departamento feminino vem crescendo um pouquinho a cada ano. Esse ano, a gente teve uma grande melhora, nós crescemos um pouco mais na parte de comissão, temos mais auxiliares, mais gente dentro do campo para dar um suporte melhor para o departamento feminino e para as meninas. Nossa estrutura de treinamento também, conseguimos ter um CT exclusivo para o feminino, onde nós temos uma estrutura muito boa de alojamento, alimentação, plano de saúde e estrutura física para as meninas. A gente sabe que o investimento do departamento é relativamente baixo. Eu não tenho dúvida que o orçamento do Juventude vai ser um dos menores do Campeonato Brasileiro, mas a gente sempre tenta dar o melhor para as meninas.
Estreando na Série A1 do Brasileirão Feminino, o principal objetivo do Juventude é se manter na competição para a próxima temporada. No entanto, a equipe gaúcha faz planos a longo prazo para se consolidar no futebol feminino nacional com o retorno da disputa da Copa do Brasil.
Juventude em jogo-treino contra o Grêmio. Foto: Nathan Bizotto/EC Juventude
“Nosso objetivo principal dentro do Brasileiro nada mais é do que a nossa permanência. Estamos no nosso primeiro ano de participação da elite, da primeira divisão do futebol feminino. Então, eu acho que o nosso objetivo principal este ano é a consolidação da Juventude na elite do futebol. A gente ter os pezinhos no chão, a gente fazer bons jogos, nos garantir na primeira divisão para 2026 e também na Copa do Brasil, quem sabe a gente passe duas fases, fazer uma boa competição e ter um resultado positivo e ter cada vez mais oportunidades para 2026 e 2027”, finalizou Renata.
Anteriormente previsto para iniciar no dia 16 de março, o Brasileirão Feminino começa neste sábado (22) após a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) divulgar a tabela detalhada da competição. Em relação às transmissões das partidas, até o momento, somente quatro jogos serão transmitidos, dois pelo Sportv e dois pela TV Brasil. Os clubes mandantes dos outros duelos pediram autorização da CBF e estão aguardando posicionamento da confederação para transmitirem seus jogos por conta própria.