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Central do Timão

·27 January 2025

Debate político no Corinthians: impeachment suscita questionamentos sobre gestões passadas

Article image:Debate político no Corinthians: impeachment suscita questionamentos sobre gestões passadas
  1. Por Daniel Keppler e Larissa Beppler / Redação da Central do Timão

A polêmica do caso VaideBet, que culminou na abertura de uma investigação policial envolvendo o Corinthians e também em um processo de impeachment contra o presidente Augusto Melo, vem mobilizando fortemente a torcida nas redes sociais nos últimos meses. E essa mobilização trouxe consigo debates que vão além dos atos da atual gestão alvinegra.

Na maioria das vezes, esses debates vêm acompanhados de protestos sobre uma suposta falta de cobrança das gestões ligadas ao movimento Renovação & Transparência pelos órgãos fiscalizadores do clube, apontando uma possível discrepância no tratamento em comparação com a cobrança exercida sobre a atual diretoria. Separamos alguns comentários feitos em publicações da Central do Timão no X (antigo Twitter) para ilustrar:


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Foto: José Manoel Idalgo/Ag. Corinthians

“Não tem um pra fazer a pergunta do por que o conselho foi omisso durante as gestões do Duilio, Andres, Roberto e Gobbi?”

“Porque não fizeram isso com os outros mandatos?”

“Se o conselho, quando há algo ilegal, tem que agir, por que não agiu antes deste episódio (caso VaideBet)?”

“Era só punir os conselheiros e diretorias passadas que criaram e foram coniventes com uma grande corrupção por muito tempo.”

“Então por que não faz uma votação pra expulsar o grupo R&T?”

“Pô Central, microfone na mão e não tem coragem de perguntar por que não fizeram isso na gestão passada… perdeu a oportunidade.”

Mas será que essa diferença realmente existe? Para responder a essa pergunta, a Central do Timão procurou conselheiros do Corinthians que atuaram na oposição em pelo menos uma das gestões do clube entre 2007 e 2023, com o objetivo de entender como eram feitas as denúncias de possíveis irregularidades e o que impedia que essas acusações avançassem e resultassem em punições concretas aos gestores. A identidade dos conselheiros será preservada.

“Oposição esmagada”

Um dos conselheiros ouvidos pela Central do Timão foi eleito para o triênio 2021-23 do Conselho Deliberativo, atuando na oposição à gestão Duilio Monteiro Alves. Segundo ele, o trabalho de fiscalizar era desafiado pela própria composição dos órgãos fiscalizadores do clube, todos comandados por aliados da Renovação & Transparência: Alexandre Husni no Conselho Deliberativo, André Luiz de Oliveira, o André Negão, na Comissão de Ética e Disciplina e Ademir Benedito no Conselho de Orientação.

O domínio da situação nesses órgãos inviabilizava o avanço de pautas que pudessem prejudicar o andamento da gestão, segundo o conselheiro. “Quando as pessoas falam que não foi feito nada é porque não sabem a quantidade de requerimentos enviados, pedindo esclarecimentos. A R&T tinha maioria no Conselho (Deliberativo) e também nas mesas. A oposição era esmagada. Por isso, as pessoas que não conhecem acham que nada era feito”, disse.

Ter a presidência dos órgãos era importante nesse contexto pois dava (e ainda dá) aos seus mandatários o poder de arquivar demandas unilateralmente, se quiserem. Para o conselheiro, o sentimento era de impotência. “Era dar murro em ponta de faca a todo momento”, segundo ele, completando: “Sabíamos que com a Comissão de Ética nas mãos (da R&T), não havia nada que pudesse ser feito, por exemplo, para conseguir uma punição”.

Tentativas de impeachment

Outro conselheiro ouvido pela Central do Timão relembrou que houve duas tentativas de punir presidentes do Corinthians ligados à R&T: um pedido de impeachment contra Roberto de Andrade (que dirigiu o clube de 2015 a 2017) e outro de inelegibilidade contra Andres Sanchez (2018 a 2020). Ele lembrou que, assim como ocorre atualmente com Augusto Melo, a tentativa de afastar Roberto de Andrade aconteceu simultaneamente a um inquérito policial que investigava o ex-mandatário.

Roberto foi acusado de assinar contratos como presidente do Corinthians antes de tomar posse. Na época, a Comissão de Ética recomendou que o dirigente fosse apenas advertido, mas o processo seguiu ao Conselho Deliberativo, onde acabou arquivado em fevereiro de 2017 após os conselheiros rejeitarem a admissibilidade do pedido, por 183 votos contra 81. O inquérito policial também foi arquivado, posteriormente.

Sanchez, por sua vez, foi alvo após as contas relativas a 2019 serem rejeitadas no Conselho Deliberativo. Como a votação ocorreu apenas em abril de 2021, devido à pandemia da Covid-19, não foi possível pedir o seu impeachment, pois o dirigente já não estava no cargo. Dessa forma, recorreu-se ao pedido de inelegibilidade de 10 anos, por prática de gestão temerária e descumprimento da lei do Profut.

No entanto, a demanda passou por arquivamentos em sequência nos órgãos internos do clube: primeiro em julho de 2021, na Comissão de Ética e Disciplina, liderada por André Negão; e depois em setembro, no Conselho Deliberativo, comandado por Alexandre Husni, que rejeitou também o pedido para que uma Assembleia Geral fosse convocada para decidir se o ex-presidente poderia ser punido (foto abaixo).

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Foto: Reprodução

Algo mudou em 2023?

Questionamos os conselheiros ouvidos sobre como avaliam a fiscalização dos órgãos internos do Corinthians em relação à gestão de Augusto Melo. Um deles destacou que a falta de transparência continua sendo um problema. “Fizemos um pedido formal com uma série de solicitações, e ele não respondeu nada”, afirmou.

Outro conselheiro ouvido pela Central do Timão concordou, questionando ações da gestão ao longo do último ano. Ele lembrou que as contas de 2023, último ano de Duilio, foram aprovadas no Corinthians após aval da diretoria financeira de Augusto e em votações nos conselhos Fiscal e de Orientação, que já tinham em sua composição membros eleitos pelas chapas da base de apoio do atual presidente. No CORI, por exemplo, nove dos dez membros trienais foram eleitos pela situação.

Ele lembrou, também, da promessa de Augusto de investigar e denunciar eventuais irregularidades cometidas nas gestões passadas: A atual gestão fez auditoria para investigar as duas últimas gestões. Diretoria e familiares. O conselho cobra (o resultado da investigação), mas não é atendido. Se acharam alguma coisa e não fizeram nada, correm o risco de terem prevaricado (se omitirem no dever de denunciar irregularidades).”

A auditoria em questão, vale lembrar, foi conduzida pela EY, empresa contratada por Augusto Melo no início de 2024, a um custo que pode ter superado os R$ 13 milhões. Um dos serviços contratados foi a análise de contratos e pagamentos feitos pelo Corinthians entre 2015 e 2020, incluindo a investigação de dirigentes e seus familiares. Há vários meses, órgãos como o CD e o CORI solicitam o relatório dessa investigação, que chegou a ser prometido para o “Dia da Transparência”, em setembro, mas até hoje nada foi entregue pela diretoria.

Por fim, o conselheiro questionou a falta de denúncias às gestões anteriores, no passado, por parte de apoiadores de Augusto. “Por que esse pessoal todo que fica batendo nessa tecla do ‘Ninguém fez nada nos 16 anos passados’ não explica o por que eles (também) não fizeram nada?”

Punições retroativas são possíveis?

Uma das principais demandas da torcida nas redes sociais, no que se refere à política do Corinthians, é por punições às gestões passadas do clube na mesma medida em que Augusto Melo vem sendo cobrado. De acordo com um dos conselheiros ouvidos, esse tipo de punição é possível para ex-dirigentes que ainda ocupam cargos no Conselho, desde que determinadas condições sejam atendidas.

“Em tese sim (é possível), (mas) você deve individualizar: ‘Comprovei aqui que o cara roubou’. Se o crime não tiver prescrito, vai na polícia, faz a queixa. O que não pode é julgamento político, dizer ‘Vamos julgar a R&T’. Precisa comprovar que houve alguma ilegalidade, crime de alguém, individualizar. Que é o que o Augusto fez contratando a auditoria para fazer essas apurações. Se acharam alguma coisa, tem que responsabilizar. Manda para a (Comissão de) Ética, para o Conselho (Deliberativo) apurar, e manda para a polícia. Eles não fizeram.”

Ele completou, ainda, dizendo que irregularidades já investigadas e arquivadas não podem ser reanalisadas para punir os dirigentes envolvidos. “É como na Justiça, uma conta que ‘transitou em julgado’, você não pode mais julgar. Por exemplo, as contas do Andrés (de 2019). Nós reprovamos, entramos com a representação para levar ele para a Assembleia Geral, o Conselho (Deliberativo) arquivou. Aí não dá mais”, disse.

O que mudou na torcida?

A Central do Timão também questionou um dos conselheiros sobre como via a intensa mobilização da torcida em torno do impeachment de Augusto Melo. Na visão dele, o desempenho esportivo do Corinthians influencia a percepção da torcida em relação aos mandatários do clube e o peso atribuído a possíveis irregularidades cometidas.

“(A forma) como está o time (nos campeonatos) pesa, no final das contas. Lembra como o Duílio era vangloriado, pelo menos nas redes, com (frases como) ‘Deixa o Duílio trabalhar’? Hoje, a torcida está mais mobilizada pelo oposto (em defesa da situação), pois como a R&T não está mais (no poder) e o time teve uma ascensão grande nos últimos meses, é o que conta.”

Este conselheiro complementou o pensamento, fazendo uma crítica à condução do processo de impeachment no Parque São Jorge. “(Em alguns pontos é) Muito inadequado, colocando o carro na frente dos bois na hora de executar as coisas e gerando mais antipatia ainda a qualquer movimento contra o Augusto. Entendo a torcida, pois não tem acesso a várias situações. E todos estão cansados de falar de dívidas, de contas e das péssimas administrações, declarou.

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