Coluna do Fla
·1 November 2024
Coluna do Fla
·1 November 2024
O torcedor do Atlético-MG nutre ódio pelo Flamengo, principalmente pelos jogos históricos dos anos 80. Afinal, o Mengão foi carrasco do time de Belo Horizonte nos Brasileirões de 80 e 87, além da Libertadores de 81. Quem viu de perto todas essas decisões foi Leandro, maior lateral direito da história rubro-negra. O Peixe-Frito, como é conhecido, conversou com o Coluna do Fla sobre os duelos com o clube mineiro no passado, analisou o trabalho de Filipe Luís, escolheu o favorito entre Wesley e Varela, projetou a final da Copa do Brasil e provocou: “ganhamos muito em cima deles”.
— Em 80, eu fazia parte do elenco. Em 81, joguei todo e, logicamente, 87. O mais marcante, para mim foi o… Eu vou contar um pouco a história. De 80 foi fantástico no Maracanã. Eu estava nas cadeiras, aquela virada, aquele gol do Nunes lá no finalzinho, foi um negócio assim de Maracanã mesmo, loucura. Em 81, o jogo não terminou, tinha tudo para ser um jogão, a gente estava preparado, estávamos muito melhor no jogo, os caras começaram a bater, tentaram derrubar, a tática deles era não deixar a gente ultrapassar com a bola dominada e chegava sempre alguém por trás bater. Até que o (árbitro) Wright resolveu expulsar o pessoal — disse Leandro, ao Coluna do Fla.
— Antes, já tinha chamado os dois capitães, falaram que era próxima pancada por trás expulsar, eles não acreditaram. O de 87 teve um sabor especial, porque foi difícil. Timaço também que a gente tinha, com Zé Carlos, Jorginho, eu, Edinho, Leonardo, Andrade, Ailton, Zinho, Zico, Bebeto e Renato Gaúcho. Você vê que daí quatro jogadores foram os campeões do mundo em 94 (com a Seleção). Jogaço. Fizemos 2 a 0, os caras empataram e pressionaram e o Renato arrumou aquela arrancada lá. Muito emocionante. Então, acho que 87 marcou mais, embora tenhamos sido campeões de 81 da Libertadores. Mas 87 marcou mais — acrescentou o ídolo.
No primeiro título brasileiro do Flamengo, em 1980, Leandro fazia parte do elenco, mas não foi relacionado para a final. No entanto, o lateral estava no Maracanã, apoiando os companheiros. Na ida da decisão, o Mais Querido perdeu por 1 a 0, no Mineirão, porém, deu o troco na volta, por 3 a 2.
Já na Libertadores de 1981, o famoso jogo no qual o Atlético-MG provocou expulsões para o confronto acabar antes do fim do primeiro tempo. O embate definiu quem passaria da fase de grupos. Já em 87, os times se enfrentaram na semifinal, e Peixe-Frito escolheu esse como favorito. Nas três competições, o Fla levantou a taça.
Ao ser questionado pela reportagem do Coluna do Fla sobre o momento do Flamengo, Leandro rasgou elogios para o técnico Filipe Luís. Além disso, a lenda rubro-negra lamentou o ano difícil, com várias lesões e convocações. Por fim, o ex-lateral está otimista para a final da Copa do Brasil, relembrou que “Flamengo é Flamengo” e provocou o Atlético-MG, reforçando que historicamente o Mengão leva vantagem no confronto.
— Acho que o Flamengo encontrou muitas dificuldades esse ano. Um excelente plantel, mas muita contusão, uma atrás da outra, com jogadores importantes, convocações para a seleção, que foram vários jogadores, não é só o Brasil, como também Chile, Uruguai… Muitas dificuldades que o Flamengo encontrou. Enquanto isso, o Flamengo agora que deu uma melhorada, com a mudança, com esse ânimo que deu aí, essa injeção que deu com o Filipe Luís. Eu acho vai ser um grande treinador, eu gosto muito dele, um cara superinteligente, flamenguista doente, tem que dar tempo para o garoto aí — comentou Leandro.
— Mas está com muitas dificuldades, e o Flamengo estava caindo, e os outros times estão crescendo, o Atlético está embalado aí, só jogos bons. Time tarimbado, time de veteranos também mesclado, mas Flamengo é Flamengo. Vamos ver o que vai dar, sou mais o Flamengo ainda, já ganhamos muito em cima deles, vamos manter essa escrita aí, se Deus quiser — brincou.
Além dos jogos com o Atlético-MG nos anos 80, Filipe Luís e momento do Flamengo, Leandro falou para o Coluna do Fla sobre quem gostaria de ver no time titular para as finais da Copa do Brasil. Outro ponto abordado pelo ídolo é sobre a questão da ordem dos mandos de campo da final. No dia 03, o Rubro-Negro inicia a decisão no Maracanã, contudo, decide em Belo Horizonte, no dia 10. Confira outros trechos da entrevista exclusiva.
“Há uma carência muito grande já há algum tempo de laterais, tanto direito quanto esquerdo. Na nossa época, a minha geração era uma abundância danada, dos dois lados, direito e esquerdo. De oito, escolhia qualquer um que podia jogar na seleção brasileira. É difícil, eu não sei nem explicar. Já me perguntaram tanto por que não existe mais laterais como antigamente. Acho que é difícil explicar, isso aí eu acho que é safra mesmo, tem que esperar. Gosto muito do Wesley, sempre falei bem dele, o Varela também, jogador mais firme na marcação, jogador mais experiente, de seleção, mas sempre gostei muito do Wesley”.
“Só no início achava ele muito afoito, vacilando muito na marcação, tinha que se preocupar um pouco mais. Você tem que marcar e depois você tem que atacar, mas como ele tem um pulmão extraordinário, uma vitalidade imensa, cara. O garoto quer sair atacando. Sem o juiz apitar o início do jogo, acho que ele já queria estar atacando (risos). Mas ele está ficando mais consciente, está ficando mais seguro na marcação, que é um bom lateral. Tem tudo para subir e crescer cada vez mais”.
“Tem gente que acha que a primeira em casa é melhor, porque aí você faz dois, três a zero logo, mas quando você faz, né? Quando você não faz, vai decidir na casa do adversário. A gente, aquele grupo todo, gostava de decidir em casa. Em casa era Maraca, casa cheia, dificilmente o Flamengo perdia, cara. Embora a gente tivesse ganho também alguns campeonatos por fora, foi o caso do Brasileiro de 82, chegamos lá no Sul contra o Grêmio”.
“Mas em casa pra mim é melhor, eu acho sempre melhor, porque se consegue um resultado, um empate, um a zero lá, você tem chance de virar aqui. Isso aconteceu contra o Santos na final de 83, que nós perdemos de 2 a 1 lá, e chegou no Maracanã, metemos 3 a 0, casa cheia, 170 mil pessoas, um gol logo no início, aí desequilibra”.