O artilheiro de Galo e Botafogo que foi ídolo na Argentina | OneFootball

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Clube Atlético Mineiro

·28 November 2024

O artilheiro de Galo e Botafogo que foi ídolo na Argentina

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O Atlético enfrenta o Botafogo em busca da Glória Eterna da Copa Conmebol Libertadores no estádio Monumental de Núñez, casa do River Plate, neste sábado (30/11). São elementos da decisão do torneio continental que evoca a memória de um personagem lendário que une os dois times e o palco da decisão: o ex-atacante Paulinho Valentim, Cria do Galo, artilheiro do Botafogo, e ídolo na Argentina.

Nascido em 1932 em Barra do Piraí, Paulinho é filho de Joaquim – Quim – Valentim, zagueiro campeão brasileiro de 1937 pelo Atlético. O atacante chegou ao Galo no fim de 1954, após passagens por times do interior do Rio de Janeiro. Seria bicampeão mineiro (1954/55), fazendo 35 gols em 63 jogos (média de 0,55 gols). Posteriormente, foi contratado pelo Botafogo por 1 milhão de cruzeiros em 1956. Brilharia no forte futebol carioca com o ainda novíssimo Maracanã.


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Seu auge seria em 1959, protagonista da Seleção Brasileira no… Monumental de Núñez para a disputa da Copa América. Seus gols despertaram a atenção do Boca Juniors. Já casado com a ex-prostituta Hilda Maia (inspiração para a personagem Hilda Furacão do escritor e ilustre atleticano Roberto Drummond), Valentim ficou no Boca de 1960 a 1965.

Marcou 10 gols em 7 clássicos oficiais contra o River Plate, virando ídolo e maior artilheiro do Boca no Superclásico. Um de seus gols foi essencial para a conquista do Campeonato Argentino, dando a vitória de 1 a 0 na Bombonera contra o arquirrival. “Tim! Tim! Tim! Gol de Valentim!”, cantava a torcida do time argentino. Veja, abaixo, um breve histórico dos principais capítulos de Paulo Valentim, um personagem que transporta Galo x Botafogo para Buenos Aires.

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O início no Galo

Paulo Valentim chegou ao Atlético por ordens familiares do seu pai, o ex-zagueiro Quim, que jogou no Carijó entre 1936 e 1939. Paulinho havia atuado pelo Central de Barra do Piraí e o Guarany de Volta Redonda.

“Vai ai o meu filho Paulinho, vejam se ele tem condições. Se as tiver, que fique no Atlético, club do meu coração. Se não acertar com o Atlético, mandem-no de volta. Não o deixem ficar em nenhum outro club. Só interessa o Atlético”, escreveu Quim em carta apresentada por Paulinho aos dirigentes do Galo.

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No Galo, sua estreia foi em dezembro de 1954, em um clássico contra o Cruzeiro no período que os rivais fizeram duelos em sequência para a decisão do 2º turno do Estadual. O Atlético seria campeão mineiro de 54 só em abril de 55. Valentim ainda era um ponta direita reserva, entrava pouco, já que o titular, Joel, estava em alta e acabaria artilheiro da competição.

No segundo semestre de 1955, o técnico Ricardo Diez retornaria ao comando, e passaria a usar Valentim como centroavante do clássico esquema da pirâmide invertida – 2 defensores, 3 meias e 5 atacantes. Assumiria o papel de goleador da equipe, principalmente com a ida de Ubaldo para o Bangu.

Aquele estadual voltaria a ser decidido no ano seguinte. O troféu foi disputado por um triangular final com Galo, Villa Nova e Democrata SL. Paulinho faria o gol que abriria o placar na vitória do título, por 4 a 0, contra o Jacaré. Também seria expulso, demonstrando o seu temperamento esquentado em algumas situações. Formaria uma dupla empolgante com Tomazinho, um dos maiores artilheiros da história do Atlético. O desempenho de Paulinho despertaria os olhos de Vasco, Botafogo e Palmeiras.

No segundo semestre de 1956, se despediria de Belo Horizonte (mas não totalmente, pois já estava apaixonado por Hilda Furacão) para ser o dono de gols de outro clube alvinegro. Chegaria a ser suplente (lista reserva) da seleção brasileira que disputou a Taça Osvaldo Cruz de 56, contra o Paraguai.

Gols no Botafogo

Paulo Valentim foi comprado pelo Botafogo, junto ao Atlético, em julho de 1956, com o jornalista e então diretor do clube carioca, João Saldanha (tio de Bebeto de Freitas, ex-dirigente do Galo), veio pessoalmente a Belo Horizonte. Vendido por 1 milhão de cruzeiros, foi, na época, a transação mais cara do futebol mineiro, conhecido como “celeiro de cracks” para os clubes do eixo Rio-São Paulo.

Houve um amistoso Atlético x Botafogo no começo de 1957, no Independência, como parte do pagamento do passe do atacante. Valentim enfrentou o Botafogo uma vez como atacante do Galo, em 1956, e outras três vezes – 57, 58 e 59, todas no Horto.

No Botafogo, ele formaria uma linha ofensiva de grande quilate – Garrincha, Valentim, Quarentinha, Amarildo e Zagalo. O time ainda tinha Didi e outros craques. Em 1957, o time da Estrela Solitária acabaria com um jejum de nove anos sem conquistar o Campeonato Carioca. E Valentim foi responsável por cinco gols na vitória de 6 a 2 contra o Fluminense, na decisão do título.

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Ele estava cotado para a Seleção Brasileira que seria campeã mundial no ano seguinte, mas acabou ficando fora da convocação do técnico Vicente Feola. Brilharia com a camisa amarela em 1959, na disputa da Copa América (então Campeonato Sul-Americano) disputado na Argentina.

Pelo Botafogo, Paulinho Valentim foi eleito pelo próprio Garrincha como seu principal companheiro de ataque. O centroavante fez 135 gols em 206 jogos no clube carioca. Depois de brilhar na Copa América, o atacante seria contratado pelo Boca Juniors.

Seleção Brasileira na Argentina

A Copa América de 1959 foi totalmente disputada no estádio do River Plate – Monumental de Núñez. Paulinho era reserva do ataque que tinha a liderança do jovem Pelé, de 18 anos, campeão mundial no ano anterior. O Brasil acabaria como vice-campeão, um ponto atrás da Argentina.

Paulinho Valentim foi quem mais somou pontos no torneio. Na vitória diante do Uruguai, por 3 a 1, marcou todos os gols do Brasil e tendo saído do banco de reservas. O jogo terminou em confusão generalizada, após Valentim ir atrás de um defensor uruguaio que agrediu o ponta Chinesinho, do Palmeiras.

O camisa 9 ganhou fama de goleador e bom de briga (que ele já tinha no Galo), algo que era, até certo ponto, reverenciado pela imprensa especializada. Ele chegou a ser cotado para defender a Roma, mas o Boca Juniors ganhou a parada. Em 1960, Paulinho levou Hilda e sua fama de goleador para a Bombonera, contratado pelo presidente Alberto J. Armando, que batiza oficialmente a casa do Boca.

Artilheiro de Boca x River Plate

O futebol argentino tinha dinheiro e conseguia atrair vários jogadores do futebol brasileiro, enquanto alguns de seus craques iam para a Europa ou para a liga pirata da Colômbia. No Boca, Paulinho seria companheiro de alguns compatriotas, mas se destacaria sobre todos eles. E por um motivo simples: em dia de Boca x River Plate, ele era o terror do lendário goleiro Amadeo Carrizo. Com a camisa xeneize, marcou 10 gols em 7 jogos oficiais diante do River, o máximo goleador do Superclásico, pelo lado do Boca, e o terceiro na lista geral.

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Em Buenos Aires, Paulinho viveu dias de glória, idolatria e luxo. Morava em um belo apartamento com paredes de veludo ao lado da amada Hilda, que virou a “primeira-dama” do Boca. Em 1962, o clube voltaria a ser campeão argentino. Na penúltima rodada, contra o River, a partida decidiria o título. Bombonera lotada para Valentim fazer 1 a 0 para o time da casa. Aquele confronto ficou marcado pelo pênalti que o brasileiro Delém perdeu para o River, quando o goleiro Antônio Roma, do Boca, deu uma bela adiantada.

O Boca seria finalista da Libertadores de 1963, sendo derrotado pelo Santos de Pelé. Paulinho não jogou as partidas finais pois estava suspenso ao ser expulso diante do Peñarol. Em 1964, a coisa começou a desandar. Paulinho não tinha a mesma força física de antes. Chegou a ser barrado do elenco principal, brigou com dirigentes e saiu no ano seguinte. Ainda defendeu o São Paulo numa curta e apagada passagem. Foi para o México. Por lá, em 1972, reencontrou o Atlético, que excursionava após ser campeão brasileiro de 1971 em cima do… Botafogo.

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