Zerozero
·19 February 2025
Um leão sem garras deixa de ser um leão
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Zerozero
·19 February 2025
Não, caro leitor. Este título nada tem a ver com a falta de atitude ou entrega do Sporting. As garras que mencionamos são os jogadores que Rui Borges tem, ou melhor, não tem ao seu dispor. No final da eliminatória fica a ideia de que, noutras condições, os leões discutiriam a mesma até ao fim.
Signal Iduna Park foi o palco onde os verde e brancos tiveram - na teoria - a oportunidade de mostrar uma cara diferente face àquela que deixaram nos segundos 45 minutos em Alvalade. O empate a zeros aquando do do final da partida, acabou por ser bem melhor que a exibição.
Entre bolas ao poste, golos anulados, lesões e umas quantas paradas de Rui Silva - defendeu o penálti de Guirassy -, o Sporting pode dar-se por satisfeito ao sair de Dortmund com algo que ainda não tinha conseguido: sem uma derrota.
O Leão entrou desconfiado - e desfalcado -, mas com intenção de marcar presença. A primeira situação de perigo até pertenceu aos Borussen, mas os verde e brancos rapidamente perceberam que também podiam ferir o adversário. Isto é, caso tivessem jogadores.
Sabitzer ameaçou em dose dupla. Atirou ao lado do poste direito da baliza de Rui Silva aos 9' e, aos 28', obrigou o guardião português a aplicar-se para defender o remate de fora da área.
O Sporting ia variando - conforme os momentos de jogo - entre o 3-4-3 a atacar e o 5-4-1 a defender. A turma de Rui Borges conseguiu sair com perigo em algumas situações, ora por Harder, ora por Quenda, mas na hora de defender as coisas não estavam a sair.
Raras foram as vezes em que a pressão leonina deu frutos. A formação de Alvalade tentou asfixiar os alemães em diversas ocasiões, mas pecou sempre na hora de o fazer. A equipa estava demasiado partida e tornou-se fácil para Sabitzer, Gross e Brandt encontrarem o espaço livre dentro do miolo verde e branco.
Hercúlea era a missão que os leões tinham na chegada a um dos mais imponentes anfiteatros do futebol europeu: 0-3 na eliminatória, sem Gyokeres, sem Trincão, sem Pote - nunca mais saíamos daqui. Mas mesmo assim. Sim, mesmo assim, a missão complicou ainda mais para Rui Borges, quando João Simões - um dos melhores até então - saiu do retângulo verde (40') com muitas queixas no pé direito. Antes disso já Hjulmand tinha ameaçado precisar de ir descansar. Fica tudo mais difícil assim.
A segunda metade começou da pior forma, sem o capitão nórdico. Depois do aviso do primeiro tempo, hjulmand não conseguiu mesmo voltar ao terreno de jogo. Mais uma boa notícia para Rui Borges.
O Dortmund entrou mais audaz, intenso e atrevido. Empurrados pelos milhares de amarelo, em especial por aqueles quase 25 mil atrás da baliza sul do antigo Westfalenstadion, que durante 90 minutos não pararam de cantar pelo seu Borussia.
Svensson ameaçou aos 52' (Rui Silva aplicou-se), aos 59' Guirrassy falhou da marca dos onze metros (Rui Silva esticou-se todo e defendeu), aos 69' Reyna atirou ao poste e aos 74' Emre Can viu o VAR anular-lhe o golo. Ufa.
O leão estava ferido e Rui Borges fazia descansar algumas peças-chave. Gonçalo Inácio, Biel e Quenda saíram e o técnico de 43 anos fez entrar os meninos Afonso Moreira, Alexandre Brito e Lucas Anjos.
No final da segunda mão dos playoffs de acesso aos oitavos, o Sporting acabou a partida com um onze em que a médias de idades fica pouco acima dos 23 anos. Dores de crescimento.