
Calciopédia
·24 de marzo de 2025
A Itália reagiu à péssima etapa inicial, mas foi eliminada da Nations League pela Alemanha

Calciopédia
·24 de marzo de 2025
Nas quartas de final da Nations League, a Itália enfrentaria um enorme desafio no jogo de volta, contra a Alemanha. Os azzurri, derrotados na ida por 2 a 1, em Milão, precisavam vencer a rival por dois gols de diferença, em pleno Signal Iduna Park, em Dortmund, para avançarem às semis sem necessidade de prorrogação. Um primeiro tempo pavoroso, no qual chegou a sofrer 3 a 0, mostrou que a missão parecia impossível. A Nazionale até reagiu bravamente na etapa complementar e empatou, porém não conseguiu o resultado que precisava e, após o 3 a 3, foi eliminada.
Julian Nagelsmann, técnico da Alemanha, efetuou algumas mudanças em relação ao jogo de ida. Inicialmente, trocou o esquema 4-2-3-1 por um 3-4-2-1, sacando Raum, Gross, Amiri e Burkhardt para dar vez a Schlotterbeck, Mittelstädt, Stiller e Kleindienst. Na Itália, que precisava repetir a façanha da Copa do Mundo de 2006, quando venceu a própria Nationalmannschaft e se classificou para a final, Luciano Spalletti manteve o 3-5-2, mas modificando intérpretes em todos os setores.
Na zaga italiana, Bastoni deixou o centro e voltou a atuar pela esquerda, enquanto Di Lorenzo se tornou ala destro – Gatti e Buongiorno entraram na primeira linha, de modo que Calafiori perdeu a posição na retaguarda e Politano na meia. Rovella e Raspadori também foram para o banco, enquanto Ricci e Maldini integraram o onze inicial. Nenhuma das mudanças funcionou.
Desde o início do primeiro tempo, a Alemanha se impôs. Aos impressionantes 14 segundos de jogo, Mittelstädt finalizou, mas pegou mal na bola e chutou por cima do gol defendido por Donnarumma. Em outra jogada, na casa dos 2, Goretzka arrematou de perna esquerda, na entrada da área, mas longe da meta. Os italianos tentaram reagir em seguida, mas quem realmente levou perigo a Baumann foi Tah, num corte de cruzamento que passou perto da trave do arqueiro.
Uma grande quantidade de falhas, incluindo o inenarrável erro coletivo no segundo gol da Alemanha, resumiu o péssimo primeiro tempo italiano (Getty)
A Nazionale trocava muitos passes, sem rifar a bola, enquanto a Alemanha tentava estruturar seus lances ofensivos por meio de cruzamentos. Melhor em campo, porém, a seleção dona da casa dominava chegava com mais intensidade. Quando já se passava mais da metade do primeiro tempo, Goretzka efetuou um drible no centro do campo e tocou em profundidade para Kleindienst, que atacou o espaço nas costas de Buongiorno e foi derrubado pelo zagueiro dentro da área. Na cobrança, Kimmich chutou forte e rasteiro, no canto direito de Donnarumma, e abriu o placar para os germânicos, aos 30 minutos.
A ofensividade alemã não parou após o primeiro gol. Em bom cruzamento de Mittelstädt, Goretzka cabeceou por cima da meta italiana, logo aos 31. No lance seguinte, Rüdiger cruzou da intermediária e Kleindienst testou, mas parou em grande defesa de Donnarumma. No entanto, Kimmich aproveitou a impressionante distração do goleiro e da zaga italiana, que ficaram reclamando entre si e com o árbitro Szymon Marciniak. O capitão da Alemanha cobrou rapidamente o escanteio e ajeitou para Musiala empurrar para o gol aberto, aos 36. Um lance patético, que entrou negativamente para os anais da história azzurra.
O gol bizarro desnorteou a Itália, que já não chegava ao ataque – apagadíssimo, Maldini não conseguiu encontrar Kean em nenhuma ocasião. Antes do intervalo, aos 45 minutos, a Alemanha ainda faria o terceiro, mais uma vez numa jogada do capitão Kimmich, que foi o nome do confronto, com um gol e quatro assistências, entre as partidas de ida e volta. O polivalente atleta do Bayern de Munique cruzou e encontrou Kleindienst, que subiu alto e testou de cabeça para o fundo das redes.
Para evitar que o atropelo no primeiro tempo desembocasse num massacre no segundo, Spalletti efetuou mudanças no time. Sacou Gatti, nulo na marcação e na construção de jogadas, e o fantasmagórico Maldini, dando espaço a Politano e Frattesi. Assim, Di Lorenzo voltou para a defesa e a Itália se arquitetou num 3-5-1-1. De cara, aos 49, a Alemanha deu um presente que fez os azzurri voltarem para a partida: Sané errou um passe para trás, em busca de Kimmich, e a bola sobrou para Kean, que ainda não tivera qualquer oportunidade na peleja. A partir da entrada da área, o camisa 9 acertou um belo arremate e diminuiu o placar.
Pouco a pouco, a Itália foi crescendo no jogo e passou a projetar ataques pelos lados do campo. Em grande parte da etapa final, os alemães cadenciaram a partida e quase se comprometeram com tal postura. Aos 69 minutos, Kean recebeu um bom passe de Raspadori, que entrara no lugar de Tonali segundos antes, e chutou forte, no canto esquerdo de Baumann, diminuindo o placar e se igualando a Balotelli como únicos italianos a anotarem dois tentos numa mesma partida contra a Alemanha. Aos 71, o próprio atacante do Napoli se animou e chutou de perna esquerda para o gol, mas escorregou, e a finalização foi para fora.
Com dois gols, Kean liderou a reação italiana, mas os azzurri ficaram pelo caminho da mesma forma (Getty)
Pouco depois, Raspadori efetuou um passe em profundidade para Di Lorenzo, que caiu na área após um enrosco com Schlotterbeck. Num primeiro momento, o árbitro assinalou a marca da cal. Porém, após revisão do VAR, o pênalti foi anulado sob a alegação de que não houve contato com o lateral-direito italiano – algo contestável, porque as imagens mostram o contrário e o protocolo da ferramenta não indica chamadas quando o toque é perceptível, como foi.
Assustada com o crescimento italiano, a Alemanha tentou retomar as rédeas do jogo e começou a atacar com mais intensidade – afinal, tinha fôlego renovado, com as entradas de Amiri, Adeyemi e Andrich nos lugares de Goretzka, Sané e Musiala. Aos 81 minutos, Schlotterbeck foi derrubado na meia-lua por Barella e Kimmich teve a chance de cobrar uma falta perigosa. O chute foi forte, mas parou em boa defesa de Donnarumma.
A Itália também atacava, e passara ao 3-4-2-1 quando Zaccagni rendeu Ricci. A busca era por cruzamentos à área, já que Lucca, de 2,01 m de altura, também entrara no lugar de Kean. Nos acréscimos, em escanteio cobrado pelo ponta da Lazio, Mittelstädt acabou usando o braço para cortar a bola. Minutos depois do lance, o VAR chamou Marciniak e o pênalti foi assinalado para os azzurri. Na cobrança, Raspadori converteu com categoria, sem chances de defesa. No desespero, a Nazionale tentou transformar em virada o heroico empate – o primeiro de sua história após estar perdendo por três gols de diferença –, mas havia pouco tempo disponível.
Apesar da luta e da entrega no segundo tempo, a Itália foi eliminada nas quartas da Nations League, enquanto a Alemanha enfrentará Portugal nas semifinais do torneio europeu. Além disso, a queda definiu que a Nazionale irá para o Grupo I das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, ao lado de Noruega, Israel, Estônia e Moldávia – vitoriosos, os alemães foram para o A, com Eslováquia, Irlanda do Norte e Luxemburgo.
Os próximos compromissos da Itália, aliás, serão em junho, já pelas Eliminatórias para o Mundial de 2026. Até lá, Spalletti precisará corrigir as oscilações de sua equipe ao longo de uma mesma partida, que ficaram tão evidentes na ida e na volta do confronto com a Alemanha. Em Dortmund, ao contrário do que se viu em Milão, um primeiro tempo horroroso antecedeu um segundo muito bom. O treinador será capaz de dar uma cara mais regular à Nazionale?