Central do Timão
·20 de enero de 2025
Central do Timão
·20 de enero de 2025
O caso VaideBet foi tema na programação de dois canais da TV aberta neste domingo, 20. No Fantástico, da Globo, uma reportagem foi veiculada com novos detalhes da investigação policial envolvendo o negócio feito entre a empresa e o Corinthians pelo patrocínio máster, em 2024. Horas depois, o Esporte Record, da emissora de mesmo nome, recebeu o presidente Augusto Melo, que se posicionou sobre o assunto e se defendeu das acusações pelas quais sofre um pedido de impeachment no clube.
A reportagem do Fantástico focou nos depoimentos do empresário Antonio Pereira dos Santos, conhecido como Toninho, e um ex-funcionário dele, de nome Sandro dos Santos Ribeiro, afirmam serem os verdadeiros intermediários do acordo entre o Alvinegro e a VaideBet, alegando ainda que tinham a expectativa de receber a comissão pelo negócio.
Foto: Reprodução/YouTube
Foram exibidos trechos dos depoimentos de ambos à polícia, assim como de André Rocha, dono da casa de apostas, que reconheceu às autoridades a participação de Toninho no negócio e que se encontrou com a dupla, mais Augusto Melo e Marcelo Mariano, ex-diretor administrativo do clube, em um hotel em São Paulo no dia 27 de dezembro de 2023 para fechar negócio.
Segundo Sandro, houve uma tentativa de negociar a comissão no próprio hotel, mas Marcelo Mariano teria afirmado que o contrato teria que ser feito com uma “empresa já cadastrada no Corinthians”, no caso a Rede Social Media Design, cujo proprietário é Alex Cassundé, empresário que trabalho na campanha de Augusto Melo à presidência. Foi a sua empresa quem constou, no contrato, como intermediária, apesar de o dono da VaideBet alegar à polícia que não conhece Alex.
De acordo com o delegado Tiago Correia, a linha atual da investigação passa por apurar crimes ligados ao desvio de parte dessa comissão, paga pelo Corinthians à Rede Social Media Design, a empresas laranjas ligadas direta ou indiretamente a pessoas no litoral paulista, especialmente Peruíbe. Segundo Correia, tais empresas são relacionadas à organização criminosa PCC.
Augusto Melo foi ouvido pelo Fantástico, confirmando sua participação na reunião citada por Sandro e Toninho. Ele afirmou, ainda, que conhecia Toninho por ser um empresário ligado a shows. Também afirmou que não escolheu a empresa de Alex Cassundé para constar como intermediária do acordo, mas que a presença da mesma no contrato era algo já sabido previamente. Também declarou que confia em Marcelo Mariano e que o processo de impeachment que tramita no Corinthians não tem fundamentação.
O presidente alvinegro reforçou sua defesa durante a participação no programa Esporte Record, afirmando que confia que não será afastado. “Não vai ser aprovado, não vai ter golpe. Inclusive eu faço questão que tenha realmente essa votação, porque o Corinthians não pode mais ficar passando por essa situação. A gente precisa ficar livre disso. São pessoas que estão lá, que tentam retomar o poder a todo momento. Eu ganhei a eleição democraticamente, sete anos concorrendo e que façam o mesmo”, disse.
O dirigente descreveu brevemente como deverá ocorrer a reunião nesta segunda-feira, 20, no Conselho Deliberativo, e afirmou que, na sua concepção, o processo de impeachment não seguiu os trâmites do estatuto do Corinthians. Vale lembrar, porém, que a Justiça apresentou entendimento oposto, ao rejeitar o mérito do recurso de Melo contra a reunião marcada para 2 de dezembro do ano passado, que acabou suspensa liminarmente.
Durante a entrevista, Augusto elencou fatos que considera conquistas de sua gestão, citando patrocínios e acordos comerciais e o pagamento em dia dos salários do elenco. Também declarou que os bloqueios judiciais pedidos na Justiça por agentes e empresários são parte de um “movimento orquestrado” para prejudicar seu mandato. E disse que deseja “liberdade” para seguir trabalhando na função.
“Eu só quero uma liberdade pra poder trabalhar. Porque desde o dia que eu assumi a gente não tem liberdade pra trabalhar e mesmo assim a gente está buscando as maiores receitas possíveis pro clube. Mesmo com tudo isso, eu consegui equacionar montar um grande time, que a gente não tinha elenco. Tivemos que correr ao mercado sem credibilidade. Os corinthianos (hoje) estão sorrindo. (…) Eu sou corintiano, eu quero o bem do Corinthians.”
Ele continuou, explicando como enxerga as acusações pelas quais responde no processo: “Começou dizendo que poderia ter um esquema com a patrocinadora, (mas) eu nunca converso com ninguém sozinho. Fecha a negociação, quem começa a tomar conta disso é o meu jurídico, o compliance, o financeiro, o marketing. (…) Foi aprovado pelo jurídico, pelo compliance. Se tinha algum problema, por que não foi falado naquele momento? Por que vem a se falar um ano depois?”
É importante contextualizar que, de acordo com os autos do processo de impeachment, onde constam cópias de documentos, contratos, mensagens e e-mails sobre o caso VaideBet, o contrato entre a casa de apostas e o clube passou, sim, por uma análise do jurídico, mas não foi alvo de escrutínio do compliance. Tal fato foi observado pelo responsável do setor em depoimento à Comissão de Ética de Disciplina, durante a produção de provas do processo.
Augusto finalizou sua participação no programa da Record reforçando que, para ele, tudo no caso VaideBet foi feito de forma correta pelo clube e que acredita que o processo é motivado por interesses de pessoas “incomodadas” com os rumos da sua gestão. A reunião do Conselho Deliberativo ocorre nesta segunda-feira, no Parque São Jorge, às 19h (de Brasília).
Veja Mais: