
Gazeta Esportiva.com
·18 de abril de 2025
Corinthians não cumpre 4º prazo para entrega do balanço; Líder da Gaviões manda aviso a Augusto Melo

Gazeta Esportiva.com
·18 de abril de 2025
A diretoria do Corinthians, pela quarta vez, não cumpriu com um prazo combinado para a entrega do balanço financeiro de 2024. A data inicial era 31 de março, momento em que a gestão pediu compreensão aos órgãos fiscalizadores do clube e um novo prazo, até o dia 10 de abril. Após nova decepção do Conselho de Orientação (Cori), o prazo foi estendido para a última segunda-feira, 14 de abril, quando, em reunião do Cori, Pedro Silveira, diretor financeiro, e Augusto Melo, presidente corintiano, não apresentaram as contas novamente. Os dirigentes solicitaram um novo prazo, que se encerrou nesta quinta-feira (17) e não foi cumprido mais uma vez.
A Gazeta Esportiva apurou que a diretoria não deu qualquer satisfação ao Cori pelo não cumprimento da promessa. O clube foi procurado, mas, por ora, também não se manifestou à reportagem.
Conforme manda o Código Civil e a Lei Geral do Esporte, todas as agremiações do país devem publicar, até abril, suas respectivas demonstrações financeiras referentes ao ano anterior. Portanto, há uma evidente preocupação entre os membros dos órgãos internos do clube sobre o tempo hábil para que o documento seja avaliado quando for apresentado, pois, antes do fim deste mês, o Cori precisa produzir um parecer e o Conselho Deliberativo votar pela aprovação ou reprovação dos números.
Augusto Melo pode sofrer um novo processo de impeachment, caso não apresente as contas e também se o balanço por reprovado. Internamente, há um grande temor do clube ser expulso do Profut, programa do Governo Federal de refinanciamento das dívidas federais.
DISCUSSÕES NO CORI
A última reunião do Cori, na segunda-feira, foi marcada por discussões, bate-boca e muita pressão em cima de Augusto Melo devido ao fato do gestor novamente não ter apresentado as contas de 2024 e por ter negado ações que foram cobradas pelos membros do Cori.
Ex-presidente do Corinthians no triênio 2012-2014, Mário Gobbi acusou Augusto Melo de liberar a entrada de torcedores nas últimas reuniões do Cori, fato confirmado por imagens e testemunhas. O atual mandatário negou o fato e se eximiu de qualquer responsabilidade, suficiente para o início de uma discussão generalizada na sala.
Augusto Melo também irritou Pedro Paulo, secretário e membro da Comissão de Finanças do Cori e membro da Comissão de Justiça do Conselho Deliberativo do Corinthians. Neste caso, Melo disse que nunca havia mencionado que tem participado de todas as reuniões do Cori.
À Duilío Monteiro Alves, presidente do Corinthians no triênio 2021-2023, Augusto afirmou nunca ter dito publicamente que abriria a “caixa preta do clube” para “passar o Corinthians a limpo” e também indicou que não tinha intenção de expor nenhuma eventual correção no balanço financeiro de 2023.
Duilio, ao microfone, avisou que não quer que Augusto deixe de apresentar nada, pediu para ele mostrar tudo o que encontrar e lembrou que a atual administração ainda deve a entrega do relatório feito pela Ernst & Young, empresa de consultoria e auditoria contratada no início da gestão de Augusto Melo com a intenção, segundo o presidente, de “passar o Corinthians a limpo”.
Em março de 2024, a E&Y concluiu diligências de oito contratos confeccionados e assinados durante os mandatos de Andrés Sanchez e Duilio Monteiro Alves. A escolha de quais contratos seriam investigados foi da atual diretoria. A Gazeta Esportiva soube que os resultados foram apresentados e compartilhados com dirigentes corintianos em reunião, mas não foram divulgados porque o clube decidiu não pagar pelo serviço da consultoria e, consequentemente, por força contratual, não recebeu as cópias dos relatórios de cada contrato averiguado.
A Gazeta Esportiva procurou a assessoria de Augusto Melo para tratar sobre as discussões no Cori e recebeu a seguinte resposta:
“Tudo que foi falado na reunião do Cori está relatado em ata, que é sigilosa e mais uma vez está sendo vazada de forma irresponsável para um jornalista. Não há o que se comentar partindo desse pressuposto”.
PRESSÃO DA TORCIDA
Douglas Deungaro, conhecido como Metaleiro, foi presidente da escola de samba e da torcida organizada Gaviões da Fiel, além de atualmente ser um dos principais líderes da torcida e membro do Conselho da Gaviões. No dia da reunião do Cori, como sócio do Parque São Jorge, ele estava dentro do clube, acompanhado de outros membros da Gaviões.
Após o fim da reunião, Metaleiro abordou membros do Cori para cobrar resultados sobre o balanço financeiro e entender a situação.
“Pedimos para subir e pediram para a gente esperar aqui embaixo. De novo, não apresentaram as contas. Nós (a diretoria da Gaviões da época) apoiamos o Augusto, mas não vai ficar em branco, quem me conhece sabe como funciona. Não podemos entrar em turbulência de política do clube, queremos o finalmente”, afirmou.
SE INDICIAR…
Na última quarta-feira, Augusto Melo foi à Delegacia de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC, responsável por casos de lavagem de dinheiro) para prestar depoimento sobre o caso VaideBet. A oitiva teve cerca de três horas e meia de duração e, nela, o mandatário divergiu de aliados, se contradisse sobre Alex Cassundé e não apresentou qualquer prova que justificasse o ingresso da Rede Social Media Design LTDA no contrato do clube com a casa de apostas como intermediadora do negócio.
A Polícia Civil de São Paulo deve divulgar na primeira semana de maio a conclusão da investigação sobre o contrato entre Corinthians e VaideBet e suas consequências. Augusto Melo, Sérgio Moura, Marcelo Mariano e Alex Cassundé correm o risco de serem indiciados por associação criminosa, entre outras infrações.
“Se ele for indiciado, ele tem que renunciar, simples. É inadmissível um presidente do Corinthians ser indiciado. Ele que vá cuidar da vida dele, resolver o problema dele e, se provar inocência, ele volta. Simples assim. Ele que entrou nesse furacão, não foi alguém que entrou para ele, não é plantado por oposição ou situação. É ele. Nós apoiamos e agora estamos esperando o final do processo”.
A afirmação acima é de Douglas Deungaro, o Metaleiro, que mantém um papel de liderança na maior organizada do clube e do Brasil.
“Fizemos o que fizemos, batemos de frente com todo mundo, se vem um indiciamento, com esses depósitos que estão falando, todas as torcidas juntas tinham que levar uma carta de renúncia para ele. Apoiamos, mas agora é isso aqui. Compramos a briga dele, não deixamos o impeachment naquela hora, mas o impeachment tem que vir nisso aqui. Se sair o indiciamento, acabou”, finalizou Metaleiro.
Em pelo menos duas notas oficiais recentes, a atual diretoria da Gaviões da Fiel, à época contrária ao impeachment de Augusto Melo, também reforçou o entendimento da Organizada de que um eventual indiciamento do presidente deve significar a saída imediata dele.
A Polícia, após o desfecho, vai encaminhar o processo ao Ministério Público, responsável por fazer a avaliação das provas colhidas. Por último, um promotor de Justiça pode oferecer denúncias ou optar pelo arquivamento do inquérito policial, que, neste caso, tem sido conduzido pelo delegado Tiago Fernando Correia e acompanhado pelo Promotor de Justiça do Gaeco (Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), Juliano Carvalho Atoji.
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