Em dez anos, Grêmio Osasco Audax vai da final do Paulistão à 5ª divisão de SP. O que aconteceu? | OneFootball

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·28 de marzo de 2025

Em dez anos, Grêmio Osasco Audax vai da final do Paulistão à 5ª divisão de SP. O que aconteceu?

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O Osasco Audax apareceu como um foguete no cenário futebol de São Paulo.

Em 2013, o Audax foi promovido na Série A2 do Campeonato Paulista. Mas o Grupo Pão de Açúcar, do qual o Audax nasceu, foi vendido ao Grupo Casino, que não tinha interesse em investir no futebol. No mesmo ano, os franceses venderam seus dois clubes ao empresário Mário Teixeira, um apaixonado por futebol. Teixeira era membro do conselho do Bradesco e vice-presidente do Grêmio Esportivo Osasco.


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Assim, em São Paulo, o Audax passou a se chamar Grêmio Osasco Audax. No Rio de Janeiro, o Audax Rio manteve o nome que havia adotado em 2012.

Três anos depois daquela negociação, ainda colhendo os frutos dos investimentos feitos ao longo de anos pelo Grupo Pão de Açúcar, o clube de Osasco conquistou uma vaga nas finais do Campeonato Paulista, nas quais foi derrotado pelo Santos. Aquele Osasco Audax era comandado por Fernando Diniz e tinha vários nomes conhecidos, como o goleiro Sidão, o lateral-esquerdo Velicka, os volantes Tchê Tchê e Camacho, e o atacante Ytalo. Ao redor do Brasil, virou um exemplo a ser seguido.

Parecia o surgimento de um novo emergente, mas a expectativa não se confirmou. Em 2017, o Osasco Audax foi rebaixado no Campeonato Paulista. Em 2022, caiu na Série A2. No ano seguinte, caiu também na Série A3. Em 2025, caiu na Série A4.

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Em 2026, dez anos após o histórico vice-campeonato paulista, o Osasco Audax vai disputar a Segunda Divisão do Campeonato Paulista – a rigor, o quinto patamar do futebol de São Paulo. A queda foi confirmada na última rodada da quarta divisão: o Audax precisava vencer o Colorado Caieiras em casa, mas perdeu por 3 a 1 e acabou na penúltima colocação.

Mas dá para entender a queda livre de um projeto tão impressionante?

Na época da negociação entre Grupo Casino e Mario Teixeira, diversos dirigentes próximos ao investidor assumiram a estrutura que pertencia ao Audax. Um dos principais líderes do clube do Grupo Pão de Açúcar nos bastidores, Thiago Scuro deixou o cargo de gerente-executivo e foi substituído por Vampeta, que realizava função semelhante no Grêmio Esportivo Osasco.

Na prática, Vampeta se tornou presidente do Grêmio Osasco, cargo que ocupou até 2020, dando lugar a Renato dos Santos Botega – no caso, o genro de Mário Teixeira. “Já venceu meu mandato e agora sou presidente do Conselho Deliberativo do clube. Eles estipulam dois mandatos de depois disso não pode mais. Eu queria ficar, mas não pode”, afirmou o ex-volante na época à rádio Jovem Pan.

Diante da boa campanha de 2016, o Grêmio Osasco sofreu um forte desmanche. Sem a mesma gestão, a reposição para 2017 não foi bem feita – o time tinha nomes experientes, como Pedro Carmona, Velicka e Ytalo, mas não segurou o rojão. E para piorar, os três clubes de Mário Teixeira – Osasco Audax, Audax Rio e Grêmio Osasco – passaram a depender basicamente dos investimentos do empresário.

O Grêmio Osasco acabou sacrificado: rebaixado na Série A3 do Paulista de 2020, deixou de contar com um time profissional em 2021. As categorias de base, por sua vez, foram entregues a uma empresa terceirizada. O Audax Rio, por sua vez, virou um clube nômade no Rio de Janeiro: jogou até 2019 em São João de Meriti, dividiu-se entre Miguel Pereira (treinos) e Paty do Alferes (jogos) em 2020, chegou a fazer treinos em Osasco em 2021, passou a atuar em Angra dos Reis em 2022, tentou ir para Maricá em 2023 e chegou a Saquarema no mesmo ano.

Perdeu a conta? Dá para piorar: em 2024, o Audax foi rebaixado no Campeonato Carioca com 11 derrotas em 11 jogos. Na época, Márcio Silva do Carmo deixou a diretoria do clube e foi substituído por Renato Asevedo, assessor parlamentar do deputado estadual Manoel Brazão (União Brasil). Manoel, por sua vez, é irmão mais velho de Chiquinho Brazão e Domingos Brazão, acusados de serem os mentores do assassinato em 2018 da vereadora Marielle Franco (Psol).

Em 2025, se o Osasco Audax é presidido pelo genro de Mário Teixeira, o Audax Rio tem à frente o filho do investidor, Gustavo Ferranti Teixeira. Os investimentos no futebol já causaram conflitos familiares, que minaram tanto o futebol quanto a família. “Tenho vários conflitos com meu pai porque, à medida que ele aportava dinheiro nos clubes, diminuía o que iria sobrar para mim”, reconheceu Gustavo em entrevista à revista Piauí publicada em fevereiro de 2025. “Ele nunca viu o futebol como um meio de ganhar dinheiro. Muito pelo contrário.”

Na Série A4 do Paulista de 2025, o Osasco Audax apresentou números bastante negativos. Alguns jogadores se destacaram positivamente, como o atacante Badola (oriundo do Audax Rio) e o meia Athos (formado pelas categorias de base do Santos, de uma geração que teve nomes como Yuri Alberto, Kaio Jorge, Marcos Leonardo, Gabriel Pirani, Jackson Porozo, Vinícius Balieiro e Wagner Leonardo). Mas venceu pouco (duas vitórias), perdeu muito (oito derrotas), fez poucos gols (15) e sofreu muitos (31). O resultado, você já entendeu.

Com a queda livre do Osasco Audax, o ocaso do Grêmio Osasco e a situação ruim do Audax Rio, não é difícil perceber que os três clubes têm um mesmo problema: todos dependem dos investimentos de Mário Teixeira. E se já é difícil sustentar um clube assim, imagine três.

Em 2026, o Grêmio Osasco Audax deve disputar o último nível do futebol paulista – a menos que uma reviravolta aconteça, como o afastamento do futebol profissional ou uma mudança extracampo nos rebaixados da Série A4, por exemplo. Será uma reconstrução complicada no cenário caótico construído desde 2013. Resta saber o que o futuro reserva não apenas para o Osasco Audax, como também para todos os clubes sob a égide de Mário Teixeira.

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