Coluna do Fla
·24 de febrero de 2025
Rafa Penido: “A bela e banguela Taça Guanabara”
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Coluna do Fla
·24 de febrero de 2025
Cego de tanto vê-la, de tanto tê-la estrela, o Flamengo leva sua 25ª Taça Guanabara com a mesma euforia do milionário quando compra sua 25ª cobertura com vista para o mar.
Campeão com constrangedora justiça, sob comando de Filipe, o Fla não sofreu gol no estadual. Sólido e insólito.
A despeito da ode à Jorge Jesus e do brilho eterno das lembranças de 2019, o Cariocão 2025 segue tendo até aqui como cena mais marcante o “jeb” que Dr. Cleiton aplicou para remover o dente incisivo lateral de Barboza, zagueiro incisivo do Botafogo, após o clássico da rodada 7.
A depreciação da Guanabara e do Carioca enquanto títulos de expressão ocorre bem no período em que destruíram o Maracanã, ou seja, em 2010, quando o estádio fechou para a Copa do Mundo e nunca mais voltou. Assim como o dente do argentino Alexander, que nunca mais apareceu, aquela magia de ganhar a Taça Guanabara, estava em algum lugar abstrato do Maracanã, talvez numa onírica geral, provavelmente acompanhada pela premiação do campeonato e pelo dente do sujeito.
Filipe Luís, protagonista da competição, no entanto garante que tudo o que se foi vivido até aqui foi pré-temporada.
Como quem nos diz que o gol APOTEÓTICO de cobertura de Matheus Gonçalves foi apenas a preliminar de algo inda mais maravilhoso.
‘Metheus’ Gonçalves, o cria de condão, vem brincando mais que a brincadeira com seu futebol devasso e fluido. Tão apurado, tão despudorado e tão Flamengo. Filipe sabe que esse atleta, na completude de sua potência, tem tudo para explodir em sua mão, deixando 50 milhões extasiados.
Há que se calibrar o balancê balancê, pois nem tudo é carnaval, mas que o futebol é mais feliz nos pés de Matheus, não tenho dúvida.
Digno de registro o enorme respeito do cria ao buscar a cavadinha diante do goleiro Dida, honrando a tradição dos gols de títulos da Era Filipe Luís.
Foi com esse e mais 789 gols sobre o Maricá, que o Flamengo reafirmou sua superioridade espiritual na (pré) temporada.
O moleque é de grupo e se uniu aos grandes escavadores Plata e Luiz Araújo. Parabéns ao campeão da desdentada Guanabara.
Assim sendo, a única crítica possível ao treinador é conquistar taças na ordem decrescente. Da Copa do Brasil para Supercopa e agora a Taça GB. Sorte que isso deve zerar, afinal, o a temporada, o ano e a vida só começam depois do Carnaval.
O cenário é uma beleza e o gênio Caetano avisou na premonitória canção “O Estrangeiro”, com assustadora razão: é mesmo bela e banguela, a Guanabara.