
Calciopédia
·18 mars 2025
29ª rodada: em dia perfeito, a Inter venceu a Atalanta e ampliou vantagem na Serie A

Calciopédia
·18 mars 2025
A torcida da Inter não poderia pedir por um fim de semana melhor logo antes da pausa para a data Fifa. A começar pela importantíssima vitória contra a Atalanta, ampliando o retrospecto favorável e afastando a Dea da briga pelo scudetto. O Napoli, segundo colocado, conseguiu apenas um pontinho enfrentando o vice-lanterna Venezia e fica agora três pontos atrás da favorita, que pode conquistar sua segunda liga consecutiva – e não temos um bicampeão na Serie A desde a hegemonia da Juventus, entre 2012 e 2020.
A briga seguinte, pelo G4, começa a ser desenhada com novos times. Decolando no campeonato, Bologna e Roma venceram na jornada. Os rossoblù chegaram à quarta posição, enquanto os giallorossi encostaram no pelotão de cima, ficando apenas quatro pontos do seu grande objetivo, que é a vaga na Champions League. É preciso reconhecer o excelente trabalho de recuperação que fizeram Claudio Ranieri e Vincenzo Italiano, mesmo sem terem sobre si a expectativa de resultados tão expressivos.
Vivendo o completo oposto, Thiago Motta segue perdido à frente da Juventus. Mais do que problemas com jogadores, o ítalo-brasileiro não consegue achar uma solução que traga respostas em campo. A gigante somou mais um recorde negativo com o atropelo da Fiorentina, que já não vivia o grande momento que teve outrora, ainda nessa temporada. E, coroando o momento melancólico da Velha Senhora, tivemos um show de ex-jogadores bianconeri.
Confira essas e outras histórias no resumo da rodada!
Gols e assistências: Carlos Augusto (Çalhanoglu) e Lautaro (Barella) Tops: Çalhanoglu e Acerbi (Inter) Flops: Retegui e Éderson (Atalanta)
A freguesia só aumenta. Ninguém derrotou mais a Atalanta de Gian Piero Gasperini do que a Inter: em 18 confrontos, são 10 vitórias da Beneamata, além de dois empates. Fora de casa, o resultado foi crucial para os homens de Simone Inzaghi, que ampliaram a sua vantagem na liderança: são três pontos de distância para o Napoli e seis sobre a Dea, rival direta que foi afastada da briga pelo scudetto.
Num duelo mais brigado do que jogado em alguns momentos, uma coincidência incrível. Assim como aconteceu na Coppa Italia, a Inter balançou as redes através de um escanteio e logo após um torcedor passar mal na arquibancada. Na primeira vez, Asllani marcou gol olímpico. Contra a Dea, Çalhanoglu achou Carlos Augusto, que subiu livre e abriu a conta, no início do segundo tempo. Na etapa inicial, a melhor chance já havia sido da equipe de Milão, quando Thuram acertou a trave.
Mais tarde, Éderson não cansou de reclamar – até ser expulso por Davide Massa. Assim, dificultou ainda mais as chances da Atalanta no confronto. Nos minutos derradeiros, Barella encontrou Lautaro, que não desperdiçou e marcou pela quarta vez em seis jogos contra os nerazzurri de Bérgamo – causando a ira de Gasperini, que levou o cartão vermelho. A líder anda teve chances de ampliar o placar, mas também viu Bastoni ir para o chuveiro mais cedo e adotou postura mais cautelosa no fim da peleja.
Tops: Radu e Idzes (Venezia) Flops: Di Lorenzo e Simeone (Napoli)
Apesar de pontuar constantemente, o Napoli vive uma queda de desempenho que já resulta em uma distância de três pontos para a líder Inter. Nas últimas sete partidas, o time de Antonio Conte conquistou só uma vitória e somou apenas oito pontos. Desta vez, o problema foi furar o bloqueio do Venezia, penúltimo colocado, que contou com seu arqueiro Radu – revelado pela sua grande rival pelo scudetto – em dia inspirado.
Sem David Neres, a equipe de Conte perde muito em criatividade no último terço. O treinador escalou Politano na ponta direita, com Raspadori e McTominay atuando mais próximos de Lukaku no comando de ataque. Nos cruzamentos pelo alto, os partenopei até ofereceram perigo, mas sempre pararam no goleiro adversário, que vem em grande fase e vai retomando a confiança que lhe abandonou desde uma falha crucial para que a Inter perdesse o título italiano para o Milan, em 2022.
Vivendo queda de rendimento, o Napoli esbarrou na defesa do Venezia e se afastou da Inter (EPA/EFE)
Gols e assistências: Gosens, Mandragora (Fagioli) e Gudmundsson (Fagioli) Tops: Fagioli e Mandragora (Fiorentina) Flops: Locatelli e Koopmeiners (Juventus)
Um dia para lavar a alma no Artemio Franchi. Com vários jogadores que já atuaram pela rival, a Fiorentina atropelou a Juventus com muita facilidade, afundando os bianconeri em uma crise sem fim e chegando à maior vitória caseira sobre sua antagonista desde 1998. Pela terceira vez na história, a Velha Senhora perdeu dois jogos consecutivos da Serie A por três gols ou mais de diferença – agora, foram sete gols sofridos e nenhum marcado. Depois dos resultados do fim de semana, a Viola manteve a oitava posição, agora encostada no G4, e a gigante do Piemonte caiu para o quinto lugar.
Em campo, é até simples entender o que aconteceu durante os 90 minutos. Na maior parte do tempo, os bianconeri tiveram a bola, só não sabiam o que fazer com ela. Quando a equipe de Raffaele Palladino retomava a posse, verticalizava as jogadas, aproveitando a velocidade dos homens de frente. Fagioli, emprestado pela Juve, também teve uma excelente exibição no meio-campo, controlando as ações e ainda contribuindo com duas assistências.
A Viola abriu o placar na bola parada, com Gosens, o que causou o primeiro baque nos visitantes. Depois, com muita facilidade, conseguia encontrar espaços por dentro. O segundo a balançar as redes foi Mandragora, em belo chute cruzado, ainda aos 18 minutos. O terceiro tento saiu dos pés de Gudmundsson, que teve toda a liberdade do mundo para carregar até a entrada da área e acertar uma bomba.
Kean, Fagioli e Mandragora foram os ex-bianconeri que terminaram o final de semana com um grande sorriso no rosto. Do outro lado, Thiago Motta está mais pressionado do que nunca. Para além dos resultados decepcionantes, o treinador também tem sido questionado por uma série de escolhas, como não ter nem tirado Vlahovic e Yildiz do banco de reservas em Florença. Até o craque Del Piero, mais comedido em suas críticas na função de comentarista, afirmou publicamente não ter entendido as substituições do ítalo-brasileiro.
Gols e assistências: Odgaard (Miranda), Orsolini (Ndoye), Ndoye (Ferguson), Castro (Pobega) e Fabbian (Miranda) Tops: Ndoye e Miranda (Bologna) Flops: Marusic e Lazzari (Lazio)
Com uma goleada histórica em confronto direto com a Lazio, o Bologna segue em grande fase e pela primeira vez nesta temporada, terminou uma rodada entre os quatro primeiros da Serie A. Vincenzo Italiano pode não só repetir os resultados dos rossoblù em 2023-24, com Thiago Motta, como alcançar voos ainda maiores – além de obter nova vaga na Champions League, pode deixar o time em melhor posição e com pontuação maior. Em 2025, ninguém fez mais gols que o time da Emília-Romanha, com 24. Os bolonheses, aliás, só não pontuaram mais do que a Roma no período.
Irregular e agora sexta colocada, a Lazio até fez uma primeira etapa equilibrada, mas não aguentou a avalanche após o intervalo. O bom lateral ofensivo Miranda contribuiu com duas assistências e todo o ataque deixou sua marca: Ndoye, Odgaard, Castro – convocado pela primeira vez para a seleção argentina – e o capitão Orsolini balançaram as redes de Provedel. Inclusive, existem rumores de que a comemoração do ponta italiano, se dirigindo à lente da câmera como se estivesse batendo à porta de alguém para se apresentar, teria sido endereçada a Luciano Spalletti treinador da seleção italiana, que o deixou de fora de mais uma convocação azzurra.
A Fiorentina atropelou a Juventus, alcançando sua melhor vitória caseira sobre a rival desde 1998 e afundando os bianconeri em uma crise (Getty)
Gol: Dovbyk Tops: Svilar e Dovbyk (Roma) Flops: Viola e Prati (Cagliari)
Só uma arrancada fenomenal poderia colocar a Roma de volta na briga por uma vaga para a Champions League após o começo terrível de campeonato – e é exatamente o que conseguiu Claudio Ranieri. Em 11 jogos de Serie A em 2025, foram 29 pontos conquistados. Nem Paris Saint-Germain nem Bayern de Munique: nenhum time das cinco principais ligas europeias pontuou mais do que os giallorossi no período. Aliás, a invencibilidade da Loba é ainda maior (13 rodadas).
No entanto, esse percurso não é feito só por passeios. Contra o Cagliari, outro time em que Ranieri construiu uma bela história, a Roma sofreu bastante e, inclusive, viu Svilar ser eleito o melhor em campo. O curioso é que, até o gol solitário da partida sair, praticamente só deu Loba no campo de ataque. Depois de perder uma chance claríssima, Dovbyk abriu o placar em sobra de escanteio e, a partir daí, coube ao goleiro sérvio fazer uma grande exibição para garantir que sua meta não fosse vazada e que sua equipe terminasse o fim de semana a apenas quatro pontos da zona de classificação para a Champions League.
Gols e assistências: Pulisic (Reijnders) e Reijnders (Abraham); Da Cunha (Paz) Tops: Reijnders e Pulisic (Milan) Flops: Goldaniga e Alli (Como)
Precisando de uma reviravolta? É só chamar o Milan de Sérgio Conceição. Desde que o português chegou em San Siro, o Diavolo é o segundo time que mais conquistou pontos de virada nas cinco principais ligas europeias – perdendo apenas para o Bologna. Apesar da brincadeira, o clima não é tão leve em Milanello, já que as exibições dos rossoneri são bem abaixo do esperado pela torcida.
Bondo emplacou seu segundo jogo como titular no meio-campo rossonero. Junto dele, Musah fez a dupla de volantes, dando mais liberdade para Reijnders chegar ao ataque. Num dia em que Rafael Leão e Giménez estavam pouco inspirados, o holandês liderou as ações ofensivas e foi o cara da partida, com um gol e uma assistência.
O Como fez um excelente primeiro tempo. O domínio das ações dos visitantes foi claro e, por pouco, a vantagem não foi ainda maior para a segunda etapa. Da Cunha abriu o placar nos últimos momentos antes do intervalo com um belo chute no cantinho. Mais tarde, Kempf perdeu uma chance inacreditável e o autor do gol teve um tento anulado por impedimento, já na segunda etapa.
Aliás,, Conceição voltou do descanso com Jiménez e Fofana nas vagas de Hernandez e Bondo. Com poucos minutos passados da última metade, colocou João Félix também em campo, no lugar de Musah. O gol de empate saiu na sequência, em ótimo passe de Reijnders e finalização forte de Pulisic. Mais uma peça do banco de reservas foi crucial para o resultado: Abraham, que entrou no lugar de Giménez, fez ótimo pivô encontrando o holandês, que anotou o tento derradeiro.
Um fato curioso roubou a cena nos acréscimos. Dele Alli, depois de dois anos afastados dos gramados, fez sua estreia pelo Como. No entanto, com menos de 10 minutos em campo, deu uma entrada feia em Loftus-Cheek, seu amigo de infância, e acabou expulso. E, entre os jogadores que reclamaram com o juiz pedindo para que ele não mostrasse o vermelho estava outro velho conhecido: Walker, do Milan, com quem atuou pelo Tottenham e pela seleção.
O Bologna atropelou a Lazio em confronto direto e chegou ao grupo dos quatro primeiros colocados da Serie A (Getty)
Gol: Duda Tops: Duda e Suslov (Verona) Flops: Sánchez e Kristensen (Udinese)
No Friuli, tivemos o resultado mais surpreendente da rodada. Uma pobre exibição da Udinese permitiu que o Verona arrancasse três pontos fora de casa, abrindo sete pontos de diferença para a zona da degola. O time de Paolo Zanetti conseguiu a segunda vitória inesperada em quatro jogos, o que certamente será crucial na definição dos rebaixados ao final do campeonato.
Sem Thauvin, a equipe de Kosta Runjaic pouco conseguiu ameaçar os gialloblù. Faltava inspiração, e nem mesmo o forte jogo aéreo de Lucca conseguiu incomodar verdadeiramente Montipò. Aliás, Sánchez segue praticamente nulo desde sua chegada, sem sequer oferecer lampejos do que foi em sua primeira passagem por Údine. A diferença que definiu o placar se deu na bola parada: especialista no quesito, Duda acertou um chutaço de rara felicidade, marcando um golaço, o único do dia. Okoye chegou a ser criticado por não ter saltado mais alto, mas era realmente uma bola bem difícil de se defender.
Gol: Vlasic Tops: Vlasic e Coco (Torino) Flops: Sambia e Marianucci (Empoli)
O Torino chegou auatro rodadas de invencibilidade, com três vitórias no período – ainda que isso não vá mudar o status do time no campeonato. Por outro lado, os toscanos chegaram ao 20° jogo consecutivo sofrendo gols e seguem na zona de rebaixamento. A situação do Empoli, antepenúltimo colocado, é complexa não só pelos resultados, mas também pela grande quantidade de desfalques por lesões. Até por isso, Roberto D’Aversa tem sido mantido no cargo.
O talentoso Vlasic chegou a sua sétima participação em gol na Serie A: são três assistências e, nesse último final de semana, o croata fez seu quarto gol. Da entrada da área, brigou pela posse e acertou uma bela chapada, no cantinho, sem chances para Silvestri. Masina chegou a marcar o segundo após cobrança de falta de Biraghi, mas estava em posição de impedimento.
Pouco a pouco, a equipe de Ranieri vai crescendo no campeonato e entrando na briga por Champions League (Arquivo/AS Roma)
Gols e assistências: Miretti (Malinovskyi) e Miretti (Malinovskyi); Krstovic (pênalti) Tops: Miretti e Malinovskyi (Genoa) Flops: Guilbert e Pierotti (Lecce)
O impacto do retorno de Malinovskyi ao time titular do Genoa foi imediato. Após seis meses, o ucraniano iniciou um jogo pelos grifoni – havia atuado por alguns minutos contra o Cagliari, na semana anterior – e participou diretamente dos gols que deram aos lígures a quarta vitória em casa nos últimos cinco jogos. O time de Patrick Vieira encaminhou uma permanência bem tranquila na primeira divisão, ao passo que o Lecce ainda precisará brigar bastante para se salvar.
Emprestado pela Juventus, Miretti talvez tenha feito seu grande jogo desde que se profissionalizou. O meio-campista anotou sua primeira doppietta: primeiro, anotou um golaço de voleio e, ainda antes do intervalo, recebeu um passe açucarado de Malinovskyi para anotar o segundo.
Já com uma boa vantagem no placar, o Genoa tirou um pouco o pé do acelerador, o que permitiu mais chances para o Lecce. Especialmente na reta final, os giallorossi foram para cima e conseguiram diminuir em pênalti convertido por Krstovic. Porém, a reação parou por aí mesmo: foi a quarta derrota seguida dos homens de Marco Giampaolo, que ocupam a 16ª posição, dois pontos acima da zona de rebaixamento.
Gols e assistências: Izzo; Bonny (Keita) Tops: Izzo (Monza) e Bonny (Parma) Flops: Pedro Pereira (Monza) e Valenti (Parma)
No encontro entre um péssimo mandante e um péssimo visitante, nada mais justo que um ponto para cada lado. O Monza emendou seu nono jogo sem vitória e teve a melhor oportunidade de sair de campo com a vitória. Porém, um momento de inspiração de Bonny conseguiu furar a frágil defesa do time de Alessandro Nesta.
Através das pontas, o Parma criava suas melhores chances em velocidade, enquanto os donos da casa tiravam bom proveito das bolas paradas. O primeiro gol saiu de um escanteio que atravessou toda a área antes de encontrar Izzo, que teve calma para bater no contrapé do goleiro Suzuki e abrir a conta. O tento de empate, como descrito anteriormente, saiu em uma jogada individual fantástica do atacante francês dos crociati.
Radu (Venezia); Idzes (Venezia), Acerbi (Inter), Beukema (Bologna); Miretti (Genoa), Fagioli (Fiorentina), Çalhanoglu (Inter), Mandragora (Fiorentina), Miranda (Bologna); Malinovskyi (Genoa), Ndoye (Bologna). Técnico: Vincenzo Italiano (Bologna).