Fala Galo
·12 février 2025
A política de ingressos do Galo é um desrespeito ao torcedor fiel e viola o código de defesa do consumidor
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Fala Galo
·12 février 2025
Por: Dr Gustavo Lopes Foto: Pedro Souza
O Atlético sempre se orgulhou de sua torcida apaixonada, da força que vem das arquibancadas e da fidelidade dos atleticanos, que não medem esforços para acompanhar o time. Mas, ironicamente, aqueles que mais apoiam o clube estão sendo punidos em vez de valorizados. A atual política de ingressos do Pacote Anual do GNV não apenas prejudica quem faz um investimento de um ano inteiro no clube, como também fere direitos básicos do consumidor e ignora a importância de cultivar o torcedor do futuro.
Esta semana, ao tentar levar meu filho de seis anos para o jogo entre Atlético e Itabirito, pela última rodada da fase de grupos do Campeonato Mineiro, fui surpreendido por uma regra injustificável e absurda: apesar de eu ter um Pacote Anual, ele não poderia se sentar comigo no mesmo setor. A única opção seria aguardar até que ingressos não resgatados fossem liberados – sem qualquer garantia –, ou então comprar um ingresso separado para mim e outro para ele, perdendo o ingresso que já havia pago no meu pacote e me afastando dos meus amigos.
E a situação fica ainda pior porque esse jogo não será na Arena MRV, e sim no Mineirão. Ou seja, se o clube já precisou realocar os torcedores do Pacote Anual para outro estádio, por que não garantir um mínimo de flexibilidade para aqueles que querem levar seus filhos? Por que um pai que já pagou pelo ano inteiro não pode simplesmente assistir ao jogo ao lado do próprio filho?
Isso é ilegal e imoral.
O Código de Defesa do Consumidor (CDC) protege aqueles que adquirem serviços de forma antecipada, garantindo que a oferta e as condições prometidas sejam respeitadas. O artigo 39, inciso V, por exemplo, proíbe que o fornecedor recuse a venda de produtos ou serviços a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento. E o que está acontecendo aqui? Um torcedor que já pagou pelo ano inteiro está sendo impedido de usufruir de um direito básico: ir ao estádio com seu próprio filho.
O Atlético precisa urgentemente mudar essa política absurda, que desrespeita quem faz o maior compromisso financeiro com o clube e prejudica a formação do torcedor do futuro. Se o clube quer manter o Galo forte dentro e fora de campo, precisa entender que um torcedor se constrói desde criança, e que a experiência de ir ao estádio ao lado dos pais é fundamental para isso.
Se o Atlético quer um estádio cheio e vibrante, não pode criar barreiras para que as novas gerações tenham acesso ao time. O torcedor de hoje é o responsável por trazer o torcedor de amanhã. E, se o clube continuar dificultando essa relação, corre o risco de afastar um futuro atleticano da arquibancada antes mesmo que ele tenha a chance de se apaixonar pelo Galo.
O que fazer para corrigir esse erro? Algumas soluções são óbvias:
O que não pode acontecer é o torcedor mais fiel do clube ser colocado em uma posição pior do que aquele que compra ingresso avulso. Quem faz um investimento antecipado, pagando por um ano inteiro de futebol, merece respeito e prioridade, não punição e descaso.
O Galo tem a melhor torcida do Brasil, e essa torcida merece ser tratada com dignidade. Se o clube quer crescer e ser referência, não pode cometer erros tão primários. A Arena MRV tem que ser um espaço de inclusão, de paixão e de pertencimento, e não um lugar onde pais são impedidos de ver o jogo ao lado de seus filhos.
O Atlético precisa ouvir a Massa. Quem paga pelo ano inteiro não pode ser tratado como um consumidor de segunda classe.