Santos FC
·19 décembre 2024
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Heloisa Helena, do Memorial das Conquistas
O Título Brasileiro, conquistado pelo Santos no dia 19 de dezembro de 2004, há exatos 20 anos, na vitória por 2 a 1 sobre o Vasco da Gama, foi marcado por muitas polemicas dentro e fora das quatro linhas de campo. O Santos, naquele ano, teve que lidar com a ausência de um dos seus principais jogadores em razão do sequestro da sua mãe, com a troca de técnicos no início do campeonato e com uma quantidade considerável de erros de arbitragem.
O início da disputa pelo título foi marcado por dificuldades para equipe santista que perdeu três dos quatro jogos iniciais e teve que lidar a substituição do técnico Leão, comandante do time campeão brasileiro de 2002. Vanderlei Luxemburgo assumiu o time em maio, mas se engana quem pensa que os resultados dos jogos mudaram imediatamente após a sua entrada. O Peixe chegou a ficar na 20ª posição, apenas uma acima da zona de rebaixamento, já que naquele ano a competição contava com 24 equipes participantes. Após isso, o novo técnico reorganizou o Peixe que embalou uma sequência de vitorias, fazendo o time subir cada vez mais na tabela.
Tudo parecia ir muito bem, até que no dia 6 de novembro uma notícia abalou as estruturas do time santista: a mãe de Robinho havia sido sequestrada. A partir daí o atacante passou a ser uma peça ausente no ataque Alvinegro. Mauro, o goleiro santista da época comentou que a situação era triste: “É o familiar de um colega nosso de trabalho que está sequestrado. Você não sabe aonde estava, nas mãos de quem e tudo que poderia acontecer, então pegou a gente de surpresa. Foi em uma rodada que a gente jogou contra o Criciúma, lá em Criciúma, se não me engano. E aí esse grupo deu total apoio ao Robinho, mas também como era uma equipe qualificada, o substituto imediato, que era o Basílio, substituiu a altura do Robinho, e assim não deixou a qualidade da equipe abaixar”.
Além disso, nas últimas rodadas do campeonato, o Santos recebeu uma punição do presidente do STJD, Luiz Zveiter, por objetos arremessados no campo da Vila Belmiro. O Alvinegro Praiano foi proibido de mandar seus jogos no Urbano Caldeira e em qualquer estádio a menos de 150 quilômetros de sua sede.
O Peixe não se permitiu afundar nessa maré de azar e venceu todos os jogos fora de casa, emplacando uma série de vitórias contra o Figueirense, Fluminense, Goiás e Grêmio. Sobre a punição, Mauro afirmou que foi um susto: “A Vila é a nossa casa, então aqui é onde a gente predominava o jogo alegre, divertido e ousado. A equipe que vinha jogar contra o Santos, quando descia a serra tremia. Mas também São José do Rio Preto, a torcida e a cidade nos apoiaram e a gente não sentiu tanto peso, porque tivemos as torcidas aparecendo em massa, lotando todos os jogos e empurrando a equipe”.
O próximo jogo seria contra o São Caetano, time que havia eliminado o Santos na semifinal do Campeonato Paulista. Após um tropeço do atual líder do campeonato, o Atlético Paranaense, O Santos venceu o jogo contra o time paulista por 3 a 0 e assumiu a liderança do torneio nacional. A posição foi conquistada na 46ª rodada com 85 pontos, um a mais que o segundo. Mauro pontuou que na reta final o Santos conseguiu os resultados necessários: “Eu lembro muito bem que o técnico do Atlético Paranaense falou que a equipe dele estava no piloto automático, e no futebol quando você coloca no piloto automático não dá certo, a gente tem que provar jogo a jogo para bater campeão. E sabíamos que, se ganhássemos do São Caetano, o Vasco iria fazer o dever deles, porque iriam jogar contra o Atlético em casa, e deveriam fazer o dever deles para não cair para a Série B, e foi o que aconteceu. Ganhamos do São Caetano e o Vasco ganhou do Atlético, e foi ali que nos tornamos líderes, só dependendo da gente na última rodada”.
Chega então o dia do último jogo e o estádio escolhido é o Teixeirão, que naquele dia contava com 36 426 pessoas testemunhando a história ser feita. A volta de Robinho aumentou a expectativa dos torcedores do Peixe que já começaram a assistir aquele jogo com vontade de gritar “é campeão”.
Logo aos cinco minutos do primeiro tempo, Ricardinho decidiu deixar o seu gol no último jogo do Brasileiro de 2004, após uma cobrança de falta. Aos 30, Elano ampliou a vantagem ao cabecear para área e marcar o segundo da partida. No início do segundo tempo, Robinho fez sua tentativa ao penetrar livre, driblar o goleiro e maximizar a vantagem para 3 a 0, mas o árbitro Leonardo Gaciba anulou o gol do atacante santista. Essa situação não era tão incomum considerando que a arbitragem da época invalidou nove gols legítimos do Santos e deixou de marcar meia dúzia de pênaltis para o mesmo ao longo do campeonato, situações que poderiam ter adiantado o campeão do torneio nacional.
Aos 16 minutos, Marco Brito diminuiu a vantagem para o Vasco, mas o time carioca não conseguiu marcar mais gols e o time santista pôde finalmente respirar aliviado. O Santos conquistava então seu oitavo título brasileiro e o único conquistado na era dos pontos corridos.
Sobre a recepção da torcida após o título Mauro declarou que foram momentos muito felizes: “Eu lembro que viemos para o Guarujá num avião fretado. Chegamos lá o Corpo de Bombeiros já estava esperando, e a gente veio aqui primeiramente no estádio da Vila e depois na Praça da Independência e fizemos a festa. Ali foi um momento muito alegre, não só para os torcedores, mas também para nós jogadores que comemoramos muito este Bicampeonato do Santos”.