MundoBola Flamengo
·28 février 2025
Bujica revela saga da carona após ofuscar estreia de Bebeto no Vasco
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·28 février 2025
Hoje chefe da divisão de Esporte Comunitário e Ação Social, vinculado à Secretaria Extraordinária de Esporte e Lazer do Acre, Marcelo Ribeiro - mais conhecido como Bujica - já decidiu um memorável Flamengo x Vasco.
Não um qualquer. Aquele Clássico dos Milhões marcava a estreia de Bebeto no alvinegro logo após deixar o Maior do Rio, em 1989. Válido pelo Brasileirão daquele ano - vencido pelo rival, inclusive -, o embate tinha um contexto desfavorável a qualquer jovem jogador.
Não para Bujica. Apesar das tensões no ar, o jovem atacante de 20 anos brilhou com os dois únicos gols da partida. Jogando ao lado de Zico, Júnior e cia, ídolos dele e da Nação, o trabalho ficava mais fácil, mesmo com a equipe em má fase.
"Os nervos estavam aflorados, o Flamengo não vinha bem. Fui escolhido para a missão, mas graças a Deus tive a felicidade de estar ao lado de Zico, Júnior e outras feras que estavam naquele jogo", lembra Bujica.
Jogar com tantas lendas, no entanto, não eram só flores, como lembra o ex-jogador: "Era fácil e por isso aumentava a responsabilidade. Eu nunca me imaginei jogando ao lado do maior ídolo da Nação".
Assim como ele, Bebeto também mantinha a calma, revela Bujica. "Ele estava jogando até bem, mas não foi suficiente", conta. O então atacante do Vasco, contudo, acabou expulso após bate boca com Zé Carlos, goleiro do Mengão.
O 9 do Flamengo na ocasião diz que talvez o segundo gol tenha mexido mais com o ânimo de Bebeto do que propriamente o ambiente fora das quatro linhas.
Humilde e bom de papo, Bujica lembra que, apesar dos dois gols, teve uma atuação apagada. "Acho que não peguei na bola nem 20 vezes", ri.
Ainda assim, se mantinha atento às jogadas. Com tantos craques, ele diz que sabia que uma hora a bola poderia sobrar para ele.
E foi assim, sem grandes dificuldades e livre, que ele balançou as redes do Maracanã em duas oportunidades. "Sensação indescritível", afirma.
Terminou o jogo, o craque da partida certamente teria regalias e iria embora cheio de pompa, certo? Não naquele tempo. Bujica pegou sua bolsa na concentração e partiu para o ponto de ônibus.
"Morava na Praça Seca, em Jacarepaguá, que hoje está tensa. Lado oposto (dos companheiros)", lembra ele explicando o motivo de não ter carona de algum colega de Flamengo.
Não contata, porém, que a imprensa o salvaria. A memória não dá certeza, mas ele crê que um carro do Jornal do Brasil que passou e pediu para tirar umas fotos.
"Fiz a troca das fotos pela carona", conta Bujica, que chegou ao seu destino graças à imprensa.
Bujica é formado em Educação Física e, pela boa conversa, demonstrou conhecer muito de futebol. O ex-atacante diz que, fisicamente bem, Pedro é o melhor da posição no Brasil e dentre os brasileiros.
Além disso, avalia que a "europização" do futebol que, no entendimento dele, prioriza a posse de bola ao gol, gerou a escassez de bons centroavantes. Além disso, fez com que treinadores locais esquecessem da essência brasileira. Como consequência, gerou um futebol mediano no país.
Apesar da formação e do bom entendimento do jogo, Bujica - no auge dos seus 55 anos - diz nunca ter pensado em virar treinador. "Gosto de ver jogos e conversar sobre", afirma.
Engajado em políticas públicas no esporte, ele entende que há pouca capacitação para os "fazedores de esporte do país". Bujica pede mais leis de incentivo para que o país lapide melhor futuros campeões.
"Existem políticas públicas voltadas ao esporte e leis de incentivo. Vivemos em um país onde há talentos em todas as modalidade esportivas e que estão se perdendo. Precisamos melhorar", argumenta.
Bujica fez apenas 47 jogos com o Manto Sagrado entre 1989 e 1990. Ao todo foram 11 gols pelo Flamengo, 27 vitórias e dez empates e derrotas pelos profissionais.
Na base, foi artilheiro em todas as categorias, jogando com uma geração que tinha, entre outros, Djalminha, Nélio e Júnior Baiano. Parte desse grupo levantou a primeira Copinha do Flamengo, em 1990. Ele, inclusive, cita nomes que jogaram muito, mas que não tiveram muita mídia, como Marquinhos, Fabinho e Luís Antonio.
Desses ele foi o que menos atuou:
Os poucos jogos de Bijuca se devem a uma saída forçada do Flamengo. Em 90, mesmo contra sua vontade, foi jogar no Botafogo. A proposta era boa e o Rubro-Negro, precisando de dinheiro, somente o comunicou. Ele, portanto, guarda mágoa dos dirigentes envolvidos na negociação.
Se não tivesse sido obrigado a deixar o Clube, ele garante que teria defendido o Manto Sagrado durante toda sua carreira. Após o Botafogo, ele jogou por 11 times até se aposentar no Estrela do Norte-ES, onde também começou a carreira.
Herói num Flamengo x Vasco e rubro-negro fanático, Bujica estará de olho nos duelos da semifinal. A ida acontece neste sábado (1º), às 17h45, .