Coluna do Fla
·27 décembre 2024
Coluna do Fla
·27 décembre 2024
Último lance da semifinal da Adidas Cup. Ryan Roberto pega a bola no campo de defesa, passa no meio de dois adversários do São Paulo, encara o terceiro e é derrubado na área. O garoto de 16 anos pega a bola, bate o pênalti no ângulo e sai para o abraço, levando para as penalidades. O lance acontecido no último dia 15 resume o que é o ponta do Flamengo do time sub-17, tratado como joia da ‘geração 2008’ e o mais novo dos inscritos do Mengão para a Copinha 2025.
Se na jogada sobrou habilidade e personalidade para resolver a partida dentro de campo, fora dele, o garoto também é bem esclarecido nas palavras. Em entrevista exclusiva para o Coluna do Fla, Ryan Roberto falou sobre tudo: pior lesão da carreira, fanatismo por Neymar, elogios a Filipe Luís e expectativas para a Copa São Paulo, sendo quatro anos mais novo do que a idade permitida para o torneio. Com o treinador do time principal do Flamengo, inclusive, o jovem contou um diálogo curioso logo no primeiro contato com o ex-lateral.
— (Filipe) é um grande profissional, foi um cara que me ajudou bastante nos períodos em que trabalhou com a gente. Inclusive, a primeira pergunta que eu fiz pra ele quando a gente foi conversar foi sobre Neymar. Eu nunca tinha conversado com alguém que jogou com ele (Neymar), então, antes de a gente se reapresentar, eu fiquei com isso na cabeça: “Eu vou perguntar pra ele sobre o cara” -, disse Ryan.
— Porque, a gente vê que o Neymar é fora do normal, mas quem está com ele, quem dá a bola para ele fazer o que ele faz. E aí, eu gostei muito de conversar com o Filipe sobre isso. Praticamente, quase todos os dias ele ia me dar exemplos e falava sobre o Neymar, porque ele sabia que eu gosto dele. E espero, sim, ter chance no profissional, vou trabalhar bastante pra isso. E acredito que ele (Filipe Luís) também queira me levar –, acrescentou.
Em dezembro, Ryan Roberto brilhou na campanha da Adidas Cup. Apesar do vice-campeonato do Flamengo, que perdeu a decisão para o Arsenal (ING), o ponta foi eleito o craque da competição. Além disso, o garoto fechou a disputa com cinco gols. Na maioria deles, as dicas de Filipe Luís ecoavam na cabeça do jovem e acabaram executadas dentro de campo.
— Ele (Filipe) sempre falava pra mim: você é muito mais perigoso perto do gol. Então, quando você estiver longe do gol, você precisa soltar a bola e ir para perto da área. Porque é lá que você vai gerar perigo, é lá que você vai fazer gol, é lá que vai sair as suas jogadas de criatividade -, falou Ryan, ao Coluna do Fla.
— Aqui você vai driblar um, vai ter mais dois, três, então perto da área você dribla o zagueiro, no máximo você vai driblar o lateral e o zagueiro vai vir na cobertura. E é isso que eu levo para mim, ficar perto da área -, destacou o garoto de 16 anos.
Elenco do Flamengo na Adidas Cup Sub-16 2024 – Foto: Reprodução
Campeão da Copa Rio Sub-17 sob o comando de Filipe Luís no início do ano, por pouco o garoto não perdeu a Adidas Cup. Às vésperas do torneio, o ponta ficou fora dos gramados por seis semanas após um entorse no joelho. Apesar da situação complicada, o cria do Ninho só tem a agradecer pela temporada mágica.
O ano termina com a inscrição na Copa São Paulo, que de certa forma surpreende, pela diferença de idade. Com Ryan, o Flamengo jogará a primeira fase no Estádio Municipal Francisco Ribeiro Nogueira, em Mogi das Cruzes, contra Cruzeiro-PB (dia 05), Zumbi-AL (dia 08) e São Bernardo (dia 11).
— Eu estou preparado, sim. Acredito que ao longo da temporada eu vim treinando por este momento. A gente sempre treina e se prepara para grandes momentos, grandes jogos. Então eu estou sim preparado. Vai ser uma experiência fora do normal pra mim. Sou o jogador mais novo do elenco a participar da Copinha. E espero que a gente seja campeão -, revelou Ryan. Confira tudo o que rolou na entrevista do Coluna do Fla com a joia rubro-negra.
Eu comecei jogando em um projeto da comunidade onde eu morava, no Paulistinha, na zona Leste de São Paulo. Antes do Flamengo, tive uma passagem pelo Athletico-PR, onde joguei quatro anos, dos meus 11 anos até os 14. Saí de lá e vim para o Flamengo, quem me trouxe foi o Thiago Rocha (chefe da captação, à época). O Thiago me trouxe para o Flamengo, e vai fazer dois anos que eu estou aqui já”. Ryan Roberto em Paulistinha, zona Leste de São Paulo – 2018 – Foto: Reprodução Ryan Roberto na base do Athletico-PR, em 2020 – Foto: Reprodução CARACTERÍSTICAS EM CAMPO
Eu gosto de jogar bem aberto, explorando a ponta esquerda, gosto muito de estar com a bola no pé, no um contra um. Acho que as minhas principais característica são o drible, a velocidade, a finalização também. Eu gosto de sempre estar tendo contato com o marcador. Acho que isso me define muito como jogador”.
Ryan Roberto ao lado de Thiago Rocha, assina primeiro contrato com o Flamengo/Março de 2023 – Foto: Reprodução
Desde sempre o Neymar, né? Eu me identifico com ele, é um cara ousado que gosta de driblar também, gosta estar com a bola no pé o tempo inteiro. Sempre foi e sempre vai ser o Neymar, meu grande ídolo”.
Bruno Henrique. Bruno Henrique é um craque, gosto muito de vê-lo jogar. Pelas características, dribla, é decisivo também. Eu gosto bastante do Bruno Henrique”.
Fiquei muito feliz com o meu desempenho da Adidas Cup. Conversei até com os fisioterapeutas, eu surpreendi muitas expectativas, porque eu tinha acabado de voltar de lesão, eu voltei de lesão, treinei duas semanas e teve a Adidas Cup, e eu fui o melhor jogador da Adidas, fiz cinco gols, e eu fiquei muito feliz com o meu desempenho”.
Foi muito difícil, nunca tinha me machucado, nunca tinha ficado tanto tempo afastado assim. Meu pai e minha mãe sempre estiveram comigo, me apoiando. Foi um período difícil, um período ruim, porque eu estar fora dos gramados, mas foi um período que me aproximou bastante da minha família. Eu tive mais tempo de estar com eles ali no dia a dia, tive mais tempo de ir no shopping, tomar um sorvete com a minha mãe e com o meu pai, sair para jantar com eles. Então, teve o lado ruim, óbvio, fiquei sem jogar, foi horrível. Mas eu me aproximei bastante deles, pude receber conselhos e conversar sobre muitas coisas sem ser o futebol, sabe?”. No Flamengo, Dr. Leandro Bruno, todos os dias estava comigo no clube, em casa, às vezes a gente tratava no clube de manhã, em casa à tarde e à noite de novo em casa, então era pra eu ter voltado em seis semanas, acabei voltando em quatro, acelerou esse processo”.
Eu estou preparado, sim. Acredito que ao longo da temporada eu vim treinando por este momento. A gente sempre treina e se prepara para grandes momentos, grandes jogos. Então eu estou sim preparado. Vai ser uma experiência fora do normal pra mim. Sou o jogador mais novo do elenco a participar da Copinha. E espero que a gente seja campeão”.
Eu não encaro muito como uma pressão, porque eu sei que falam muito sobre mim, em comentários, em algumas páginas, só que eu não vejo muito isso, porque da mesma forma que têm muitas pessoas que gostam, que elogiam, também tem muita pessoa que não gosta, e também eu não vou agradar a todos, acho que está longe do meu alcance isso. Mas, eu fico feliz de saber do carinho que a torcida tem comigo, de saber também que a torcida me pediu na Copinha, e eu espero responder isso da melhor forma que é dentro de campo, fazendo gols, dando assistências e dando alegria para a torcida”.
A final da Copa Rio, a gente foi campeão e vai ficar sempre guardado. E também, por mais que a gente não tenha sido campeão, a Adidas Cup vai ficar também pelo que foi vivido internamente, pelo que foi construído entre a comissão e entre o grupo, foi uma competição marcante”.
Não foi um golaço. Foram os dois de pênalti. O que eu cavei. Eu sofri o pênalti, olhei para o Jhefinho, a gente precisava de saldo pra poder classificar. A gente precisava de dois gols. Eu olhei pro Jhefinho e falei: “eu vou cavar”. E ele falou: “pô, não faz isso. A gente precisa do resultado, você vai cavar?” Aí eu falei: “mano, eu vou cavar”. Eu tinha na minha cabeça já, o primeiro pênalti da competição eu ia cavar. Já estava mentalizado. E eu sentia, se eu não cavasse ia dar ruim. Eu fiquei nessa dúvida, e na corrida para bola eu fui lá e cavei. E contra o São Paulo, que a gente estava sendo eliminado. E eu faço uma jogada, no último lance do jogo, passo no meio de dois (marcadores), sofro o pênalti e faço o gol”.
É um grande profissional, foi um cara que me ajudou bastante no períodos que trabalhou com a gente. Inclusive, a primeira pergunta que eu fiz pra ele quando a gente foi conversar foi sobre Neymar. Eu nunca tinha conversado com alguém que jogou com ele (Neymar), então, antes da gente se reapresentar, eu fiquei com isso na cabeça: “Eu vou perguntar pra ele sobre o cara”. Porque, a gente vê que ele é fora do normal, mas quem tá com ele, quem dá a bola pra ele fazer o que ele faz. E aí, eu gostei muito de conversar com o Filipe sobre isso. Praticamente, quase todos os dias, ele ia me dar exemplos e falava sobre o Neymar, porque ele sabia que eu gosto dele. E espero, sim, ter chance no profissional, vou trabalhar bastante pra isso. E acredito que ele (Filipe Luís) também queira me levar”.
Às vezes ele desce, ele vai lá porque lá é separado, às vezes ele desce lá na base pra dar uma olhada nos treinos”.
“Não tinha uma coisa muito específica que ele sempre falava… Ele sempre falava pra mim, você é muito mais perigoso perto do gol. Então, quando você estiver longe do gol, você precisa soltar a bola e ir para perto da área. Porque é lá que você vai gerar perigo, é lá que você vai fazer gol, é lá que vai sair as suas jogadas de criatividade. Aqui você vai driblar um, vai ter mais dois, três, então perto da área você dribla o zagueiro, no máximo você vai driblar o lateral e o zagueiro vai vir na cobertura. E é isso que eu levo para mim, ficar perto da área”.
“Com certeza meu sonho é um dia sair do Brasil e jogar na Europa. Trabalho muito, treino bastante pra esse tipo de coisa na minha vida. E acredito que não esteja tão longe de acontecer alguma coisa tão grande assim. Mas o meu foco principal está aqui no Flamengo, eu pretendo fazer uma boa Copinha. Meu foco principal agora é a Copinha. Ir bem na Copinha para, se Deus quiser, ter chance de profissional, e aí sim começar a pensar em outras coisas”.
À propos de PublisherNação, pode ter certeza não vou faltar garra, vontade, e com certeza a gente vai colocar o Flamengo no topo, porque é onde o Flamengo merece estar”.