MundoBola Flamengo
·8 mars 2025
O Flamengo quer desconstruir o conceito de clássico

MundoBola Flamengo
·8 mars 2025
Primeiro é preciso deixar claro que futebol é feito de fases, épocas, momentos. Clubes que hoje perambulam pelo Serasa da indigência esportiva já ostentaram esquadrões históricos, equipes que hoje surfam na crista da onda já causaram ao seu torcedor pesadelos que, se contados na terapia, fariam o terapeuta precisar marcar mais sessões com o terapeuta dele. Muito da graça e da magia do futebol vem disso, da alternância de momentos, da possibilidade de uma luz no fim do túnel e de um túnel extremamente longo vindo imediatamente depois da luz.
E clássicos como Flamengo e Vasco se alimentam exatamente disso. Do fato de que em dados momentos a equipe rubro-negra está por cima, em outros o clube da cruz de malta tinha um time mais forte, em algumas épocas um Flamengo que não era favorito brilhou e em outras um Vasco desacreditado conseguiu buscar o resultado. É uma rivalidade histórica, são dois grandes clubes e duas grandes torcidas do nosso futebol.
Esclarecido isso, é preciso dizer: poucas vezes antes existiu um abismo tão grande, um vão tão imenso, um Grand Canyon tão obsceno entre Flamengo e Vasco como esse que vivemos atualmente, e a vitória deste sábado, pelo segundo jogo das semifinais do Campeonato Carioca, é a prova disso.
Porque a equipe de Filipe Luís não fez um bom jogo. Na verdade é possível que tenha feito uma de suas partidas mais fracas no ano. Várias falhas ofensivas, diversos erros na construção de jogadas, séries de decisões equivocadas e ao menos um erro de marcação crasso, nível “defesa treinada por Vitor Pereira”, que resultou no primeiro gol da partida.
Já o Vasco, ao menos segundo boa parte da crônica esportiva, realizou um bom primeiro tempo, se mostrou combativo, apresentou evolução em relação a várias das últimas partidas.
E ainda assim, diante disso tudo, diante de talvez uma das piores noites da equipe rubro-negra e uma das melhores noites do escrete vascaíno, ainda existia a sensação de que tínhamos um time de adultos enfrentando um time de crianças. Um time de adultos levemente alcoolizados, talvez voltando de um churrasco mais longo, diante de um time de crianças muito dispostas, muito animadas, parabéns criançada? Sim, mas ainda assim, a distância entre as duas equipes não era daquelas que se mede com trena, era das que se analisa com telescópio da NASA.
Por isso não é falta de humildade ou presunção falar que mais do que comemorar a vitória no clássico, cabe ao Flamengo se perguntar por que ganhamos de tão pouco um jogo que poderia ter sido vencido tão mais facilmente. Certos moles na defesa não podem ser dados, certas falhas ofensivas não podem ser aceitas, é preciso estar atento ao volume elevado de lesões desse elenco nas últimas partidas.
Mas claro, ainda assim vale a comemoração. Apesar do desnível do momento, sempre existe a história, apesar das situações opostas existe a rivalidade, e apesar do estadual ser uma pré-temporada de luxo sem a parte do luxo, não deixa de ser a classificação pra mais uma final. Uma final que, ao que tudo indica, será contra outra equipe de história e tradição, que é uma grande rival no papel, mas que na prática, com o time que temos, a obrigação é vencer. E que a gente consiga, como fizemos contra o Vasco, deixar claro que a única história que importa é a que esse Flamengo está escrevendo.
Direct