Coluna do Fla
·21 Februari 2025
EXCLUSIVO | Início difícil, adaptação a Filipe Luís e sonho pela Libertadores: Evertton Araújo abre o coração em entrevista ao Coluna
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Coluna do Fla
·21 Februari 2025
No início de 2022, Evertton Araújo cortava cabelos de jogadores do sub-20 do Volta Redonda para completar a renda. Dois anos depois, o volante foi escalado como o titular do time profissional do Flamengo na final da Copa do Brasil. A virada rápida do volante na vida e no Mengão são alguns dos temas da entrevista exclusiva do garoto de 21 anos (completa 22 no dia 28 de fevereiro) ao Coluna do Fla, realizada no Ninho do Urubu.
Ainda no bate-papo, Evertton Araújo contou que é torcedor do Flamengo de infância, abriu o jogo sobre a disputa de posição no elenco rubro-negro e contou que sonha em ganhar a Copa Libertadores da América. Além disso, o atleta nascido em Volta Redonda, no estado do Rio de Janeiro, revelou que foi reprovado em vários testes antes do “sim” rubro-negro e falou de como tem sido a adaptação ao estilo de jogo de Filipe Luís.
— O estilo do Filipe (Luís) é bom. Foi fácil de adaptar. Eu pedi as informações para ele, para ver o que eu poderia fazer de melhor para ajudar o Flamengo e foi o que fiz. Foi mais alinhar alguns posicionamentos que a gente fazia dentro de campo. Ele é muito tranquilo e deixa tudo muito claro para gente o que tem que fazer em campo e isso facilita muito — disse Evertton Araújo.
Ao ser questionado sobre qual jogador se inspira, Evertton Araújo destacou três, sendo um craque do futebol europeu, um cria do Flamengo que brilha na Europa e um companheiro do atual elenco rubro-negro. “Eu sempre via o (espanhol Sergio) Busquets jogar. Muito inteligente, com muita tática. Mas eu sempre me inspirei muito no João Gomes. Jogou demais aqui. E no Erick (Pulgar) também”.
Além do vídeo que ilustra a matéria acima, confira, abaixo, na íntegra, todas as respostas de Evertton Araújo na entrevista exclusiva ao Coluna do Fla. O volante contou o que a torcida pode esperar da equipe em 2025 e mandou um recado para a Nação Rubro-Negra.
“O Evertton é um cara muito simples, muito tranquilo. No dia a dia, procuro sempre dar o meu melhor nos treinamentos, escutar e ver o que eu posso estar sempre melhorando e evoluindo nos treinamentos. Seja taticamente ou fisicamente, dentro de campo, fora de campo. Eu vejo tudo que o clube pode proporcionar para eu estar evoluindo e eu procuro estar evoluindo sempre. Seja vendo vídeo, sendo na parte da nutrição, sendo na parte da academia… E fora do clube a gente está jogando GTA RP. Gosto de jogar um PC ou pegar uma praia e ficar mais tranquilo em casa mesmo. Não (sou muito de balada). Sou mais de ficar em casa mesmo”.
“Na verdade, onde eu comecei mesmo foi com 5 anos de idade, no futsal, lá no meu bairro, no ginásio lá. Jogava ‘diarinha’, essas copas assim. Até que eu fui para o campo, lá no bairro mesmo, lá na escolinha do Roberto Dinamite, que tinha lá no meu bairro Santa Cruz. Fiquei lá até o sub-13. No sub-13 fui fazer um teste no Volta Redonda. Fui aprovado. Comecei lá no Volta Redonda, um time que poderia jogar profissionalmente. Eu fiquei até o sub-15 jogando lá (no Volta Redonda). No sub-15 foi quando ele (o Gilmar, ‘descobridor’ do volante) foi lá assistir. E aí ele gostou e me levou para o Cruzeiro. Foi uma mudança pra mim. Uma mudança de chave e de vida. Eu com 15 anos de idade ainda. Fui para Belo Horizonte. Fiquei lá uns 8 ou 9 meses e depois, infelizmente, fui dispensado. De lá vim aqui para o Botafogo. Fiz teste também e fui aprovado. Fiquei também nesse período, entre 8 ou 9 meses e também fui dispensado, no sub-17. Aí fui fazer um teste lá no Coritiba. Também não fui aprovado. Fiz teste no América e também não fui aprovado.
Depois, eu cheguei a voltar ainda para o Cruzeiro, porque tinham mudado algumas coisas. Já era quase sub-20. Fui fazer teste novamente, voltei e novamente fui reprovado. Fui e voltei para o Volta Redonda. Era no sub-20. Fiquei treinando e jogando no Volta Redonda. Eu estava naquela fase de querer ter minhas coisas, de querer sair e comprar minhas coisas. No auge da idade. Infelizmente não tinha muitas condições. Lá em casa a gente nunca foi de ter muita condição assim, de poder ter as coisas. E aí foi a forma que eu achei de ganhar um dinheiro e comecei a cortar cabelo. Jogava e cortava. Eu comecei até a cortar cabelo dos moleques lá no Volta Redonda. Na Copinha mesmo eu cheguei a cortar cabelo de alguns moleques no hotel. Foi um meio que achei (de ganhar dinheiro). Teve a Copinha. Graças a Deus fui bem na Copinha pelo Volta Redonda, em 2022, e vim para cá (Flamengo). Antes da Copinha, teve amistoso preparatório para a Copinha aqui no Ninho. Fui bem. Mas disso eu nem sabia, fui saber só depois. Joguei a Copinha e depois me chamaram pra fazer um teste aqui”.
“Sempre fui um cara muito tranquilo, muito focado e muito centrado no que eu queria. Realmente isso de cortar cabelo foi só uma fase. Assim que eu fiquei sabendo que fui aprovado, eu e minha família começamos a chorar. Todo mundo feliz, pulando de felicidade. Virei a chave na minha cabeça. Falei ‘é agora. Tá na minha mão’. Foi isso”.
“Todo mundo ficou muito feliz. Muito realizado. Eu também, né? É meu time de coração. Desde sempre. Na verdade, a gente nem espera isso. Às vezes a gente vê muita reprovação. Sempre fui um cara que acreditou muito em Deus, então sempre tive fé que daria certo. Você vê como Deus faz as coisas em um nível que a gente nem imagina. A gente recebe alguns ‘nãos’ lá atrás, mas cá na frente dá tudo certo, de te botar num lugar melhor ainda. Todos meus amigos e minha família ficaram muito felizes e realizados. Eu botei na cabeça que tinha que ser agora”.
“Fiquei muito feliz com tudo. São ídolos que eu assistia desde novinho, desde molequinho. É um sonho realizado estar aqui. Ano passado quando subi e tive oportunidade de começar a jogar com eles e ir em alguns treinos, é um sonho. De resto, é só escutar o máximo que posso deles pra eu ter uma carreira brilhante assim”.
“Acho que no futebol, mesmo esses caras que já são mais experientes, cada dia você aprende uma coisa. A gente que está começando agora… Estamos ali pra aprender. O estilo do Filipe é bom. Foi fácil de adaptar. Eu pedi as informações pra ele, para ver o que eu poderia fazer de melhor pra ajudar o Flamengo e foi o que fiz. Foi mais alinhar alguns posicionamentos que a gente fazia dentro de campo. Ele é muito tranquilo e deixa tudo muito claro pra gente o que tem que fazer em campo e isso facilita muito”.
“A gente tem que estar o máximo tranquilo possível, não ficar com com essa pressão. Claro que o time depende da gente para jogar, mas aí a gente tenta estar tranquilo e dar o nosso melhor sempre para ajudar o time e ajudar o Flamengo, que é o mais importante”.
“(A disputa por posições) ajuda muito todos nós a evoluir. Tem a disputa, claro, todo mundo quer jogar. Mas não é nenhum querendo queimar o outro. É o contrário, um ajudando o outro, dando dicas… Eu pergunto e eles respondem, falam o que tem que fazer, o que eu poderia ter feito e todo mundo centrado para elevar o nível do Flamengo”.
SONHO “Profissional na carreira? Tenho sonho de ganhar a Libertadores. A Seleção Brasileira também, mas primeiro é ser campeão da Libertadores”.
MAIS CONSELHO QUE RECEBEU “Eu sempre levo uma coisa comigo, desde quando comecei no futebol, que é ‘Deus ajuda quem trabalha’. É o que levo pra mim sempre. Sempre carrego essa frase comigo. Se eu continuar dando meu máximo, de fazer nosso parte, trabalhar firme, Deus ajuda. E outra coisa que eu aprendi agora, foi até com o Filipe, que é ‘se você der tudo pro futebol, o futebol de devolve’. Quase que as duas frases se encaixam”.
O QUE A TORCIDA PODE ESPERAR “Pode esperar muita vontade, muita garra, determinação e raça. Eu sou mais um torcedor dentro de campo. Vou estar sempre correndo e ajudando o Flamengo. Claro que, infelizmente, a gente peca ali. Não queremos errar. Pode ter certeza que vontade não vai faltar”.
INSPIRAÇÃO “Eu sempre via o Busquets jogar. Muito inteligente, com muita tática. Mas eu sempre me inspirei muito no João Gomes. Jogou demais aqui. E no Erick (Pulgar) também”.
RECADO PARA A TORCIDA “Eles podem esperar o nosso melhor. Claro que a gente está em busca de mais. Com certeza vamos buscar mais títulos se Deus quiser”.