Fio Tricolor: Finanças do São Paulo Preocupam! | OneFootball

(Foto: Gustavo Motta | Pera Photo Press | Gazeta Press)

O ano de 2024 foi extremamente difícil para o torcedor são-paulino, principalmente no que diz respeito às finanças do clube. Embora a equipe tenha apresentado bons momentos em campo, fora dele a realidade foi severa. O São Paulo registrou um déficit de R$ 287,6 milhões, conforme apontou o balanço financeiro divulgado no início de 2025.

Aliás, esse não foi um episódio isolado. Desde 2019, o clube acumula sucessivos prejuízos, alcançando um déficit total de R$ 704,6 milhões nos últimos seis anos. Esse dado escancara a dificuldade crônica em equilibrar receitas e despesas. Portanto, é evidente que a saúde financeira do São Paulo segue em situação delicada.

Dívida em Quase 1 Bilhão

Além disso, o passivo tricolor disparou de forma alarmante. Em 2024, a dívida total atingiu R$ 968,255 milhões — um aumento de 45% em relação ao montante de R$ 666,772 milhões do ano anterior. Para efeito de comparação, ao final de 2018, a dívida era de apenas R$ 270 milhões. Ou seja, em apenas seis anos, ela mais do que triplicou.

No detalhamento do balanço, o clube revela quem são os principais credores. A diretoria demonstrou especial preocupação com obrigações de curto prazo, como empréstimos bancários e débitos relativos a contratações de jogadores. Essas dívidas comprometem o fluxo de caixa e pressionam a gestão atual.

Por exemplo, o São Paulo fechou 2024 devendo R$ 259,6 milhões a instituições financeiras, sendo quase R$ 100 milhões apenas para o Bradesco. Simultaneamente, o clube acumulou R$ 34 milhões em obrigações trabalhistas não quitadas, como salários e encargos. A somatória desses números evidencia o impacto da má administração nos últimos anos.

Crescimento Preocupante

Além disso, os parcelamentos de tributos atrasados também cresceram consideravelmente. Em 2023, esses débitos somavam R$ 174 milhões. Contudo, no ano seguinte, saltaram para R$ 219 milhões. Essa evolução negativa demonstra que o clube teve dificuldade até mesmo para cumprir com obrigações fiscais.

No que diz respeito às contratações, o São Paulo também acumulou dívidas expressivas. Ao fim da última temporada, o clube devia R$ 91 milhões a outros clubes e jogadores. Entre os principais valores, destacam-se os R$ 20,8 milhões devidos ao Montevideo City pela contratação do zagueiro Ferraresi e R$ 14,5 milhões por Ferreirinha — sendo R$ 8 milhões para o Grêmio e R$ 6,5 milhões diretamente ao atleta.

Por outro lado, o clube ainda enfrenta compromissos vultosos com empresários. As comissões por negociações somam R$ 42,5 milhões, sendo R$ 5,3 milhões destinados à empresa do agente Giovani Bertolucci. Adicionalmente, o São Paulo precisa quitar R$ 31,5 milhões referentes a intermediações e participações de terceiros em direitos econômicos de atletas.

Ponto Positivo

Mesmo com todo esse cenário negativo, o clube conseguiu algum avanço. A dívida com ex-funcionários e processos cíveis caiu de R$ 71,5 milhões em 2023 para R$ 55,8 milhões em 2024. No entanto, ainda restam valores a pagar a nomes como Daniel Alves (R$ 6,8 milhões), Rogério Ceni (R$ 300 mil) e Dorival Jr. (R$ 2,3 milhões).

Apesar do tamanho da dívida, a diretoria atual trabalha com metas mais otimistas. De acordo com projeções internas, o São Paulo planeja reduzir sua dívida para R$ 65,5 milhões até 2029. Evidentemente, esse objetivo dependerá de um forte controle orçamentário e de uma gestão mais eficiente.

(Foto: Marcos Ribolli | Globo Esporte)

Curiosamente, mesmo com as dificuldades financeiras, o clube teve um recorde de arrecadação. A receita total em 2024 foi de R$ 731,898 milhões. Desse valor, R$ 234,974 milhões vieram do marketing, o que representa quase R$ 100 milhões a mais do que em 2023. Já o futebol gerou R$ 582,945 milhões, embora apenas R$ 93,370 milhões tenham vindo da venda de atletas.

Negociações e Previsão Falha

Entretanto, o desempenho nas negociações de jogadores foi justamente o calcanhar de aquiles da gestão. A previsão orçamentária projetava um déficit de R$ 34,9 milhões, mas a ausência de vendas relevantes elevou o prejuízo a R$ 287,6 milhões. O clube reconheceu esse erro em documento apresentado ao Conselho Deliberativo.

Diante desse cenário, a diretoria iniciou medidas emergenciais para conter a sangria. Uma das iniciativas mais relevantes foi a criação de um fundo de investimentos, com o objetivo de captar R$ 240 milhões e pagar dívidas financeiras que afetam diretamente o caixa. Ao final de 2024, o fundo já havia acumulado R$ 81,6 milhões, demonstrando algum sucesso inicial.