Corinthians toma ciência e não divulga resultados das investigações sobre gestões de Duilio e Andrés | OneFootball

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Gazeta Esportiva.com

·18 marzo 2025

Corinthians toma ciência e não divulga resultados das investigações sobre gestões de Duilio e Andrés

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O Corinthians já poderia ter tornado público os resultados das investigações feitas pela Ernst & Young, umas das maiores empresas do mundo no ramo de consultoria e auditoria, contratada pelo clube no início da gestão de Augusto Melo com a intenção, segundo o presidente, de “passar o Corinthians a limpo”.

A E&Y concluiu diligências de oito contratos confeccionados e assinados durante os mandatos de Andrés Sanchez e Duilio Monteiro Alves. A escolha de quais contratos seriam investigados foi da atual diretoria.


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Os resultados deste trabalho foram apresentados ao clube em reunião no dia 6 de maio de 2024, com a presença de Rozallah Santoro, Yun Ki Lee e Fernando Perino, à época diretores financeiro, jurídico e adjunto do jurídico, respectivamente.

A Gazeta Esportiva teve acesso e cópia de contratos, documentos diversos e comprovações das ações executadas e do relacionamento entre representantes do clube e da empresa.

Os sete contratos investigados inicialmente, contemplados no vínculo assinado pelo Corinthians com a E&Y, são os seguintes:

  • Indigo Estacionamentos (administradora do estacionamento da Neo Química Arena);
  • Bilheteria (OneFan); 
  • Fiel Torcedor (OneFan); 
  • A&B Arena (administradora de alimentos e bebidas na Neo Química Arena); 
  • SPR (responsável pela confecção de itens licenciados do clube); 
  • EA9 (responsável pelas franquias das lojas); 
  • Lounge Brahma (responsável por camarote na Neo Química Arena).

Posteriormente, a diretoria corintiana solicitou a investigação de um oitavo contrato, o da Brax, empresa responsável pela comercialização de placas publicitárias. Esta averiguação é mais uma que foi concluída e apresentada a dirigentes do clube.

Na análise dos oito contratos, a E&Y realizou também o “Background Check & Screening”, uma atividade que observa e aprofunda a investigação no mapeamento dos dirigentes responsáveis, de seus familiares e de empresas relacionadas, com o cruzamento de informações e relacionamentos.

RESULTADOS DAS INVESTIGAÇÕES O Corinthians, por meio de seus dirigentes responsáveis, recebeu o resultado da investigação feita em cima do contrato assinado pelo clube com a Brax. Os demais contratos averiguados, relacionados a seis fornecedores e sete vínculos firmados pelas gestões passadas, tiveram os resultados compartilhados e apresentados a dirigentes corintianos em reunião.

Após tomar ciência de todos estes resultados, o Corinthians decidiu não pagar pelo serviço da E&Y e, consequentemente, por força contratual, não recebeu as cópias dos relatórios de cada contrato averiguado, o que incluiria o parecer da E&Y.

A opção da diretoria alvinegra em não obter cópias dos relatórios finais pode ter sido motivada pelos resultados apresentados, pois a E&Y não encontrou problemas relevantes, irregularidades ou ligações pessoais de ex-dirigentes e seus familiares em nenhum dos oito contratos investigados. Não houve apresentação de nenhum motivo legal para cobrança ou questionamento em cima dos antecessores de Augusto Melo.

O atual presidente, aliás, foi questionado, durante entrevista ao Meu Timão, dia 29 de janeiro deste ano, sobre o motivo da não divulgação dos resultados apresentados pela E&Y. O mandatário, entretanto, preferiu negar que tenha tido acesso ou conhecimento dos relatórios finais.

“Assim que tiver o relatório, a gente quer (divulgar), e o que tiver que divulgar, você pode ter certeza que a gente vai divulgar”, afirmou o presidente, antes de completar.

“Nas minhas mãos não está. Nunca recebi esse relatório. Vou, saindo daqui, conversar com meu jurídico (…) Nunca me deram relatório”.

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CONSELHEIROS DE FORA Em princípio, as análises dos contratos atingiriam membros do Conselho Deliberativo do Corinthians. No entanto, o trabalho concluído averiguou possibilidades de conflito de interesses com diretores e ex-diretores do clube, sem o envolvimento de conselheiros na investigação, após um alinhamento feito pela empresa com Rozallah Santoro e Yun Ki Lee.

FAMILIARES DE DIRIGENTES O contrato entre Corinthians e Ernst & Young foi assinado dia 22 de abril de 2024. No documento, há a especificação do “Background Check & Screening” como uma das atribuições contratadas pelo clube. Neste tópico é descrita a previsão, logo no item “a”, do “mapeamento dos dirigentes da antiga gestão do Corinthians – incluindo abertura familiar”.

Por causa disso, Andrés Sanchez questionou Augusto Melo durante reunião extraordinária no Conselho Deliberativo, dia 7 de outubro, quase seis meses depois da assinatura do vínculo corintiano com a E&Y.

“Assinaram um contrato para investigar os diretores e seus familiares?”, perguntou Andrés, diretamente ao atual mandatário.

Augusto, negou. “Não assinei, Andrés (…) Jamais faria isso”.

O diálogo está registrado em ata e foi também tema de uma manifestação recente de Augusto Melo.

“Falam que assinei documentos para investigar família, isso é mentira. Eu assinei documentos, autorizado pelo meu jurídico e pelo meu compliance, para que se investigassem as empresas, os contratos. Agora, se tem algum ex-dirigente ou se tem algum conselheiro que participa deste contrato, o que estatutariamente é proibido, eles, automaticamente, vão estar olhando. Eu assinei um documento, autorizado pelo jurídico, para se investigar os contratos”, comentou ele na mesma entrevista ao Meu Timão, há menos de dois meses.

AVERIGUAÇÃO INTERROMPIDA Durante o diálogo com Andrés Sanchez, na reunião de 7 de outubro no CD, Augusto Melo fez a seguinte afirmação: “O único contrato que eu assinei para investigar foi a mim e os meus diretores, no caso VaideBet”.

De fato, o Corinthians autorizou a Ernst & Young a iniciar uma investigação sobre o processo interno que culminou na assinatura com a empresa do ramo de apostas. Este trabalho poderia apresentar provas e explicações, por exemplo, sobre o processo que determinou a inclusão de Alex Fernando André, conhecido como Alex Cassundé, como intermediário do acordo, tema de atual investigação policial e também de processo de impeachment movido contra o presidente. À época, a E&Y faria a análise em duas fases:

Fase 1 – Diagnóstico para a Investigação, para entendimento do ambiente tecnológico e documentação existente; avaliação da documentação; e havendo viabilidade para investigação, elaboração do plano de investigação;

Fase 2 – Execução da Investigação, com a coleta de dados eletrônicos; revisão da documentação coletada; Background Check de potenciais envolvidos; análise de documentos, incluindo contratos; análise financeira; e entrevista com profissionais-chave ao caso.

Mas, no dia 18 de junho, quase quatro meses antes da afirmação de Augusto no CD, Luiz Ricardo Alves, conhecido como Seedorf, diretor adjunto financeiro, já havia documentado, em e-mail, o pedido do presidente Augusto Melo para a E&Y suspender a investigação de possíveis irregularidades no contrato com a VaideBet.

O trabalho foi paralisado imediatamente e nunca mais prosseguido. Ainda assim, gerou uma cobrança de R$ 122 mil.

AUGUSTO LIVRA ANDRÉS No dia 14 de maio de 2024, durante reunião com a presença de Augusto Melo, ficou decidido que detalhes sobre a decomposição da dívida do clube entre 2017 e 2020, período que contempla o último ano do mandato de Roberto de Andrade e o mandato inteiro de Andrés Sanchez, não seriam mais feitos pela Ernst & Young nem pela atual diretoria do clube.

Esta decisão foi registrada em ata e aconteceu após uma discussão, dentro da reunião, entre membros da atual gestão sobre o aumento expressivo da dívida do clube no período citado acima. Desta maneira, as análises foram suspensas.

ROMEU COBRA E É IGNORADO Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, após tomar conhecimento da conclusão do trabalho de investigação feito pela E&Y sobre os contratos das gestões anteriores, passou a cobrar acesso ao resultado para que o órgão fiscalizador pudesse avaliar a situação e eventuais providências pertinentes às ações de Andrés Sanchez e Duilio Monteiro Alves quando estiveram à frente do clube.

No dia 28 de junho de 2024, Romeu entrou em contato com representantes da E&Y. A empresa explicou que só poderia fornecer tais informações à diretoria liderada por Augusto Melo.

Mais à frente, em agosto, Romeu enviou ofício a Leonardo Pantaleão, então diretor jurídico, solicitando acesso aos relatórios e conclusões da E&Y. Sem sucesso.

Em outubro, Romeu fez nova tentativa em e-mail enviado ao diretor da E&Y, com cópia para Augusto Melo e Pedro Silveira. Neste caso, Silveira, diretor financeiro, respondeu que estava “de acordo” para que Romeu tivesse acesso, mas a solicitação nunca foi atendida na prática.

Desta maneira, o Conselho Deliberativo do Corinthians está de “mãos atadas” até hoje, sem condição de fazer qualquer cobrança sobre os antigos gestores. Esse cenário só vai mudar quando a diretoria do clube divulgar ou enviar ao órgão os resultados que foram compartilhados pela E&Y.

CD TAMBÉM INVESTIGA Independentemente do trabalho contratado pelo Corinthians, o Conselho Deliberativo, por meio de suas comissões internas, apreciou contratos feitos com: Ezze Seguros; Carlos Leite (empresário de jogadores); Brax, AR Foods, Youtube; além de notas fiscais divulgadas nas redes sociais sob suspeitas de serem ‘frias’.

As comissões não encontraram qualquer irregularidade nos contratos das gestões passadas e os pareceres foram entregues aos conselheiros e diretores corintianos sem que houvesse sequer algum apontamento de conselheiros ligados a Augusto Melo.

Por outro lado, o CD também enviou ofícios em busca de esclarecimentos sobre contratos e ações assumidas pela atual administração. O órgão quer saber sobre: empresas de segurança; Fiel Torcedor/Ingressos; Ernst & Young; Álvarez & Marsal; contratos de jogadores da base; contrato de Fagner; contrato de Memphis Depay.

Todos estes ofícios seguem sem resposta da gestão Augusto Melo.

DÍVIDA COM A E&Y No dia 13 de setembro de 2024, durante coletiva de imprensa no CT Joaquim Grava, o diretor financeiro Pedro Silveira anunciou o fim da parceria entre Corinthians e Ernst & Young.

A reportagem, porém, apurou que a ruptura contratual ainda não foi formalizada e assinada pela empresa. A E&Y, inclusive, cobra valores que superam R$ 1 milhão referente a serviços prestados pela empresa.

O QUE DIZ O CLUBE E A E&Y A Gazeta Esportiva enviou 12 perguntas à assessoria de imprensa do clube e abriu espaço para explicações sobre todos os temas abordados na matéria, mas o Corinthians, depois de quatro dias de avaliação, preferiu não enviar respostas e, de maneira geral, não se manifestar. Já a Ernst & Young adota a postura de não comentar assuntos internos que remetem ao trabalho junto aos clientes da empresa.

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