
Central do Timão
·16 maggio 2025
Empresário contesta plano de dívidas do Corinthians e aciona Justiça por exclusão no RCE

Central do Timão
·16 maggio 2025
O empresário Marcelo Robalinho, dono da ThinkBall, empresa de agenciamento de atletas, ingressou na Justiça por meio do escritório Robalinho Alves Advogados com um pedido para que o tribunal rejeite o prosseguimento do Regime de Centralização de Execuções (RCE) do Corinthians. A informação foi publicada inicialmente pela ESPN.
A empresa questiona a “situação desesperadora” do Corinthians ao aderir ao plano de pagamento de dívidas, alegando que o clube não incluiu no RCE valores em aberto com instituições financeiras, além da dívida referente ao estádio, atualmente próxima dos R$ 700 milhões. O passivo total do clube supera os R$ 2,4 bilhões.
Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians
Na planilha apresentada pelo clube no RCE, a dívida com o escritório Robalinho Alves Advogados é de R$ 345 mil. No entanto, segundo a ESPN, o valor total supera R$ 1 milhão, referente a sucumbências — ou seja, a cobertura de gastos da outra parte em processos judiciais perdidos. O entendimento do escritório é de que pagamentos dessa natureza, como honorários advocatícios, poderiam ter prioridade ou até serem excluídos do RCE, permitindo o pagamento antecipado.
Entre os clientes de Robalinho está o ex-meia Jadson, que tem diversos valores a receber do clube. Apenas no CNRD (Câmara Nacional de Resolução de Disputas), órgão da CBF responsável por resolver conflitos entre clubes, federações, atletas e empresários, a dívida com o ex-jogador gira em torno de R$ 13 milhões.
No processo, o escritório menciona os gastos do Corinthians com reforços, citando, por exemplo, a contratação de Memphis Depay. Segundo os advogados, o clube desembolsou mais de R$ 170 milhões em contratações apenas no ano passado, “fora salários e frivolidades”. “É um escárnio com seus credores”, diz um trecho da petição.
“É mais vantajoso ao clube inadimplir e manter o dinheiro em investimentos de liquidez diária, como o CDI, do que pagar dívidas que ele pode rolar por anos, para depois pedir um plano de pagamento no qual o índice de atualização se limita ao IPCA. Trata-se de um verdadeiro negócio da China”, afirmou Robalinho em documento enviado ao Judiciário.
O advogado Arnaldo Ramos, do escritório RA Law, que representa o Robalinho Alves, declarou em enrevista que o pedido é para que o “Judiciário aplique a Lei”, exigindo que o Corinthians destine 20% de suas receitas ao pagamento dos credores e inclua a totalidade da dívida, sem beneficiar apenas alguns.
“O Corinthians precisa economizar nos gastos estratosféricos, em vez de buscar obter descontos e prazos nas dívidas já contraídas, em contrariedade à Lei da SAF. O Flamengo e o Palmeiras cortaram na carne, pagaram suas dívidas e hoje são potências. O Judiciário não pode coadunar com gestão temerária”, afirmou Ramos.
Segundo ele, as dívidas incluídas no RCE representariam, com base nas alegações do clube, apenas 15% do passivo atual. Ainda assim, apenas com contratações realizadas em 2024 — ano em que o Corinthians bateu recordes — mais de R$ 170 milhões foram comprometidos, fora os salários. “E o clube está nessa situação mesmo com receitas recordes”, completou.
O advogado acredita que o RCE não resolverá “a forma temerária como o Corinthians é administrado”, e que determinados credores “não podem pagar essa conta, muito menos em contrariedade à Lei e sem garantias”.
Caso a Justiça não aceite o pedido para rejeitar o RCE, Robalinho solicita que o clube ao menos destine 20% de suas receitas recorrentes ao pagamento da dívida, no prazo máximo de 10 anos, com atualização pela Selic a partir da data do pedido do RCE — excluindo créditos de natureza trabalhista ou alimentar, como os honorários advocatícios, ou que tenham tratamento diferenciado.
O Corinthians foi intimado pela Justiça a se manifestar sobre este e outros pedidos de impugnação ao RCE. O empresário André Cury, a Pixbet e outros credores também tentam barrar o procedimento.
Veja mais: