FNV Sports
·17 de dezembro de 2019
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·17 de dezembro de 2019
Jorge Jesus carrega nas costas o pioneirismo da revolução do futebol brasileiro. Com duas conquistas, uma do título Nacional e outra da Libertadores e ainda com uma lista de lições que você precisa saber antes que o ano termine.
Quando falo que Jorge Jesus e seu coadjuvante Jorge Sampaoli revolucionaram o futebol brasileira não é à toa e não é exagero.
Após a vitória sobre o Grêmio, o técnico mostrou que é possível fazer com um time brasileiro coisas que eram inviáveis para maior parte dos nossos técnicos. Seja por afirmarem que é impossível, seja por tentativas falhas.
Quebrar paradigmas nunca é fácil, a ciência enfrenta essa lamúria desde sempre e agora o futebol brasileira experimenta o rompimento de um deles.
Então, separamos 7 lições do técnico de futebol Jorge Jesus que você precisa conferir e aprender antes que o ano termine.
Jorge Fernando Pinheiro de Jesus, mais conhecido como Jorge Jesus, é um técnico e ex-futebolista português, que atuava como meio-campista.
Atualmente Jorge comanda o Flamengo e já levou o time à grandes vitórias e dois títulos.
Jesus começou a carreira no Sporting, aturando também em outros 12 clubes, em 17 anos, incluindo nove temporadas na Primeira Liga.
Estreou-se como treinador em 1990 com o Amora Futebol Clube levando o clube à Segunda Liga conseguindo a subida de divisão na temporada 1991–92 e chegou ao primeiro escalão do futebol português com o Felgueiras na temporada 1995–96.
Depois de não conseguir manter o clube de Felgueiras na primeira divisão e uma curta passagem no União da Madeira, teve duas passagens pelo Estrela da Amadora, orientando pelo meio o Vitória de Setúbal.
Jesus treinou outros clubes da Primeira Liga como o Vitória de Guimarães, o Moreirense e União Leiria.
Entre 2006 e 2008 foi técnico do Belenenses, levando o clube do Restelo à final da Taça de Portugal na sua primeira temporada.
Na temporada 2008–09 treinou o Braga, vencendo até agora o único título internacional do clube minhoto, a Taça Intertoto.
De 2009 a 2015 foi treinador do Benfica, ganhando dez títulos (recorde do clube) e alcançando duas finais da Liga Europa.
Agora está guiando o Flamengo onde já obteve dois títulos e tentará o terceiro jogando o Mundial de Clubes.
Com o futebol na veia, Jorge Jesus foi um jogador de futebol, filho de Virgolino António de Jesus, que jogou no Sporting entre 1973 e 1976, período em que realizou 12 jogos, nos quais marcou cinco gols.
Jorge Jesus representou, entre outros emblemas, o Belenenses e o Sporting.
Jogou no Juventude Évora na temporada 1978–79, na equipe treinada por Fernando Peres que acabou em segundo lugar da 2ª divisão.
Jorge Jesus retirou-se em 1989, com 35 anos, depois de passagens na segunda (no Estrela da Amadora) e na terceira divisão.
O primeiro clube que treinou foi o Amora, tendo-se sagrado campeão nacional da 3ª Divisão. Seguidamente, orientou o Felgueiras que subiu desde a 2ª Divisão B até à primeira liga do futebol português (1ª participação deste clube no principal campeonato). Os seus serviços foram recrutados sucessivamente por Estrela da Amadora, Vitória de Setúbal e Vitória de Guimarães (todos no escalão principal).
No entanto, Jorge Jesus teve também alguns momentos menos felizes, como as descidas de divisão com o Felgueiras (1995-1996), o clube que tinha subido, e com o Moreirense (2004-2005).
Orientou a equipa principal do Clube de Futebol “Os Belenenses”, tendo conseguido, na temporada de 2006–07, o 5º lugar na Liga, a presença na final da Taça de Portugal e a qualificação para a Taça UEFA.
No dia 20 de maio de 2008 foi oficialmente contratado pelo Braga como treinador para a temporada 2008/2009, levando, nesta temporada, a equipe até as oitavas-de-final da Liga Europa, ganhando inclusivamente a última edição da Taça Intertoto, algo nunca antes conseguido por um clube português. Ficou no 5º lugar da Liga.
No início de junho de 2019, o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim confirmou a contratação de Jesus, com duração de um ano.
Nas semifinais da Libertadores em outubro de 2019, contra o Grêmio, Jorge Jesus deu um nó tático no técnico gremista, Renato Gaúcho, nas duas partidas, onde o placar agregado ficou 6 a 1 para o Flamengo.
Assim, levou o clube da Gávea ao título da competição depois de 38 anos.
Jesus tem uma série de estratégias inovadoras que surpreendem os técnicos brasileiros.
Ele afirma que é sempre uma questão de aprendizado e diz:
“Quando estiveram lá, tentamos aprender. Não havia essa agressividade verbal que há comigo. Não entendo essas mentes fechadas. Não me incomoda. Quero que meus colegas cresçam. Não sabem o que é globalização. Que de uma vez por todas tirem os fantasmas da cabeça, porque o Brasil tem grandes treinadores.”
Descrevem o estilo de Jesus como agressivo e que costuma armar blefes em campo, como em um jogo de cartas, mas Jesus possui mais peculiaridades que apenas um modo mais agressivo de colocar seus jogadores em campo.
Por essa razão tentaremos descrever uma lista de ensinamento que Jesus trouxe para o Brasil.
Ao assumir um time, o técnico precisa organizar seu lar, na típica linguagem do futebol: arrumar a casinha.
Essa frase significa organizar a defesa para então se dedicar aos demais pontos mais a frente.
Mas o que Jesus fez foi armar um esquema vertiginoso de pressão ofensiva e linha alta imediatamente no primeiro jogo do Flamengo, diante do Athletico-PR, em um dos campos mais difíceis de jogar do país.
As coisas não foram fáceis, houve desacertos, muito sofrimento, mas foi um começo.
Porém, no jogo do Maracanã conseguiu sua maior goleada diante do Goiás (6 x 1 para o Flamengo) com pressão ofensiva do início ao fim.
Jesus colocou seus zagueiros para jogar em linha avançada e essa decisão levaram a uma saraivada de críticas, como:
“Dá espaço nas costas do zagueiro”, “O time está muito exposto”, “Zagueiros não têm velocidade para correr atrás de atacantes”.
No começo, claro, existiu uma dificuldade por parte da defesa para se adaptar ao novo esquema de campo. Foi um processo muito similar ao que aconteceu no Santos de Jorge Sampaoli no Paulista.
Porém, ao contrário das críticas, o Flamengo atuando com um jogo mais ofensivo obteve uma média de 0,84 gol por partida sofrido com Jesus no Brasileiro, contra 1 gol dos dois técnicos anteriores.
A defesa do Flamengo foi considerada a quinta melhor, suficiente para ganhar jogos apertados como o que ocorreu contra o Grêmio e que, mostrando os resultados e apostas, foi vencido.
Parecer ser um tópico óbvio, pois não se deve haver comodismo quando o assunto é jogo e campeonatos. É indispensável que um time jogue fora de casa no mesmo nível que joga em casa e não deve haver distinção de partida.
Claro que se espera algo assim de um time e que se deve ter iniciativa independe do campo onde atua.
Não chega a ser algo novo no Brasil, mas foi um tópico frisado por Jesus.
Pois precisa ser reaprendido depois das perdas nos últimos três anos de campeões que jogavam esperando os adversários para dar o bote.
São casos como o do Palmeiras em 2016-2018 e do Corinthians, em 2017.
Eram times que procuravam dominar o adversário mais pelo espaço que lhes negavam do que pelo espaço que ocupavam na frente.
Contrariando esse quadro, Jesus e Sampaoli fizeram suas equipes terem iniciativas de jogo em praticamente todos os jogos, com situações raras de reativos.
É outro tópico óbvio, pois os técnicos brasileiros, com certeza, possuem variações de esquema de jogo em partidas e campeonatos.
Porém, não em uma quantidade tal qual praticada por Jesus e por Sampaoli, em menor escala.
O Flamengo jogou no 4-1-3-2 (que seria o suposto preferido de Jesus), no 4-4-2, no 4-2-3-1, dentre outras sub variações.
Esse quadro é possível pelo simples fato de existir um modelo de jogo bem definido e treinado, em que jogadores simplesmente adaptam suas posições em campo para executar o modelo pré-estabelecido.
O importante é a movimentação gerar as linhas de passe e associações entre atletas que caracterizam o jogo rubro-negro atual, e as posições defensivas serem respeitadas.
As variações constantes de posições dos jogadores é uma consequência desse cenário: não por acaso o Bruno Henrique é ponta-esquerda, centroavante, ponta-direita, segundo atacante e, às vezes, todas essas funções em um só jogo.
É mobilidade de jogo, um esquema que Jesus explora bem e com maestria.
Considerada a lição mais surpreendente do técnico Jorge Jesus para os treinadores do Brasil, que estão acostumados a lidar com o difícil calendário.
Voltando ao jogo com Grêmio. Foi o último antes da Libertadores, o único em que Jesus mandou a campo uma maioria de reservas, e mesmo assim, incluiu dois de seus principais atletas, Arrascaeta e Gabigol.
Mas isso não quer dizer que ele não descanse seus jogadores. Claro que o técnico possui esse cuidado.
Exceto pelas contusões, houve uma considerável redução de minutos em campo de alguns atletas rubro-negros. Sendo comum que os titulares só entrem em campo no segundo tempo, faltando 30 minutos, para ser mais exato.
Todavia, Jesus não costuma tirar uma base inteira de um jogo.
Existe uma espécie de mito que enobrece a competição de segundo escalão para determinados times.
O Grêmio não tem titulares no Nacional em boa parte dos jogos há alguns anos, quando está bem na Copa do Brasil ou Libertadores deixa a competição em segundo plano.
Times como o Palmeiras veem, às vezes, o campeonato quase como consolação após cair na Libertadores.
Não poderia haver nada mais absurdo e indecoroso.
Em nível de dificuldade, o Brasileiro é tão ou mais complicado do que a Libertadores. São muitos times difíceis envolvidos, uma tabela extensa e extenuante pelas sequências de jogos.
Jesus até elogiou algumas vezes a competição que, claramente, só não sobe mais de nível por ser maltratada pela CBF.
Quando o Flamengo de Jesus entra em campo, seus jogadores ofensivos se posicionam na linha do meio-campo para dar a primeira arrancada já rumo ao gol. Foi efetivo diante do Emelec e Vasco.
O jogo começa com 0 minutos e assim desse ser encaro.
Dentro dos limites físicos, o time segue nessa toada a maior parte do jogo e não desiste de partidas.
Virou diante do Fortaleza no final, desempatou contra o Botafogo também nos últimos minutos. Não é raro ver volantes rubro-negros marcando no campo de ataque com time ganhando a pouco tempo do encerramento da partida.
Claro que a equipe perde intensidade em determinadas partidas, é normal e esperado, mas o que pareceu mais fruto de desconcentração ou cansaço e saía do estilo imposto pelo português.
Em suma são essas as principais lições que recrutamos para demonstrar o bom desempenho de liderança de Jorge Jesus e em como ele tem modificado o jeito de guiar um time aqui no Brasil.
O Flamengo possui um excelente técnico e só tem a ganhar com seu trabalho para o time.
Jorge já demonstrou que seus métodos trazem frutos e que são promissores para mudar o jeito de aplicar futebol e de executá-lo em campo, em inúmeras maneiras.
Críticas sempre existirão e adversidades também. Ninguém mostra uma nova visão em meio a um terreno já bem batido e amaciado, sem sofrer consequências e desconfortos por parte dos veteranos da casa.
A psicologia nos garante que a saída da zona de conforto é a pior e mais difícil batalha. Tanto para enfrentar os medos, quanto para abraçar as novas possibilidades.
Tal qual nosso querido Jorge Jesus falou: estamos em uma era globalizada, moderna e as cabeças fechadas podem não sobreviver ao futuro.
O organismo humano, e dos demais seres vivos, está programado para se adaptar às pressões impostas pelo meio, o futebol também consegue sobreviver a essas mudanças.
Seguiremos observando de perto essa revolução de Jorge Jesus e torceremos ao lado do Flamengo pelas vitórias que podem ser acumuladas.
Espero que tenham usufruído bastante.
Agora, gostaria de saber sua opinião, o técnico Jorge Jesus conduz bem o Flamengo?
Por A Folha Hoje