Trivela
·24 de dezembro de 2021
Trivela
·24 de dezembro de 2021
O Bodo/Glimt se firmou como uma sensação do futebol europeu nos últimos dois anos, mesmo que numa liga de menor projeção. Os aurinegros conquistaram o bicampeonato norueguês com grandes desempenhos e também passaram a fazer sucesso nas competições continentais, sobretudo após a traulitada diante da Roma. No entanto, a sequência do Raio na Conference League será sem alguns de seus principais jogadores. Nesta semana, a torcida se despediu de Patrick Berg e Erik Botheim, duas das principais revelações do Glimt. Berg assinou com o Lens e disputará a Ligue 1, enquanto Botheim se mudará para a Rússia e defenderá o Krasnodar.
Perder seus destaques não é algo exatamente novo ao Bodo/Glimt. O clube lidou com o mesmo problema em 2021, enquanto quebrava recordes de pontos para conquistar pela primeira vez o Campeonato Norueguês. Ainda no meio da campanha, depois de aparecer bem na Liga Europa, Jens Petter Hauge se mudou ao Milan. E o ataque seria completamente desmontado ao final do campeonato, quando Kasper Junker assinou com o Urawa Reds e Philip Zinckernagel partiu para o Watford.
Na atual temporada, o Bodo/Glimt não sobrou tanto no Campeonato Norueguês, mas renovou suas forças com novas alternativas no ataque. Erik Botheim era exatamente a nova referência na linha de frente. O centroavante tinha boa rodagem nas seleções de base e defendeu outros clubes tradicionais da Eliteserien, como o Stabaek e o Rosenborg. Seus números, porém, eram tímidos. Sem contrato, o jogador de 21 anos assinou com o Glimt no início de 2021 e viveu sua eclosão. Seria um dos melhores na conquista do bicampeonato.
Botheim marcou 15 gols no Campeonato Norueguês, num total de 30 rodadas. O centroavante teve boas sequências na equipe e seria uma figura central na reformulação do ataque. Além disso, ele contribuiu com quatro gols e quatro assistências na fase de grupos da Conference. Foi o principal pesadelo nos 6 a 1 sobre a Roma, com dois tentos e três passes para os companheiros marcarem. Não à toa, ganhou a primeira convocação para a seleção principal. O Krasnodar pagou €5 milhões por sua contratação. O clube está a um ponto da zona de classificação às copas europeias no Campeonato Russo.
Patrick Berg, por sua vez, foi o cérebro do sucesso do Bodo/Glimt nesses últimos anos. O meio-campista surgiu na base dos aurinegros, como parte de uma linhagem de ídolos do clube. A história começa com seu avô, Harald Berg, que defendeu o Glimt e a seleção norueguesa a partir dos anos 1960. Ficou ainda quatro anos no ADO Den Haag, chegando a decidir Copa da Holanda contra o Ajax de Cruyff. Seu irmão Knut também era destaque do Raio. Filho de Harald e pai de Patrick, Örjan Berg seguiu os mesmos passos. Defendeu o clube, fez parte da seleção e ainda rodou por outros time tradicionais. Passou por Basel e Munique 1860, mas faria história mesmo como multicampeão pelo Rosenborg na virada do século. Como se não bastasse, seus irmãos Arild e Runar, tios de Patrick, também se projetaram pelos aurinegros. Runar, com mais de 500 jogos pelo Raio, ainda atuou na Serie A pelo Venezia e chegou à seleção.
Por toda essa história, era natural esperar que Patrick Berg vingasse com a camisa do Bodo/Glimt. Foi o que aconteceu. O meio-campista ganhou suas primeiras chances em 2014, aos 16 anos, e virou titular a partir de 2016. O garoto caiu para a segunda divisão, auxiliou no acesso e desde então protagoniza a reconstrução que culminou no bicampeonato nacional. Atualmente com 24 anos, é um jogador muito regular e serve de termômetro ao time, enquanto ainda marca seus golzinhos.
Usando a braçadeira de capitão, Berg contribuiu com três tentos e cinco assistências na última campanha do Norueguês, além de ter carimbado as redes da Roma na Conference. Também foi eleito o melhor jogador da Eliteserien em 2021. E a ascensão o tornou um jogador frequente na seleção da Noruega desde 2020. O meio-campista assumiu a posição de titular nas Eliminatórias, com oito partidas disputadas na campanha dos escandinavos que não rendeu a vaga no Mundial. O Lens desembolsou €4,5 milhões em sua contratação, no que parece um bom acréscimo ao time que, nesta temporada, briga por classificação às copas europeias na Ligue 1.
Há algumas semanas, o Bodo/Glimt já tinha perdido também o lateral Fredrik André Björkan. O jogador de 23 anos, um dos destaques no apoio, estava em fim de contrato com os aurinegros e assinou sem custos com o Hertha Berlim. É mais um que começa a despontar na seleção principal da Noruega. A boa notícia recente ficou pela renovação do técnico Kjetil Knutsen até 2024. O comandante foi o responsável pelo time desde a reestreia na primeira divisão em 2018 e era bastante especulado por outras equipes. Ao que tudo indica, terá uma missão ainda mais dura para a reconstrução em busca do tricampeonato norueguês em 2022. E sem muito tempo para manobra, já que em fevereiro o Glimt volta a campo para encarar o Celtic nos mata-matas da Conference.