Esporte News Mundo
·03 de junho de 2021
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·03 de junho de 2021
Desde a última publicação da matéria referente ao fim da parceria do Coritiba/Toledo do futebol feminino, inúmeras situações ocorreram relacionadas ao caso; com toda a repercussão acabou com que pessoas ligadas ao ex-time do Coritiba/Toledo entraram em contato conosco para deixar esclarecida algumas situações e também pontuando outras declarações que não foram citadas na última matéria.
O Coritiba, desde a última vez que tivemos contato com o clube – foi conversado com Paulo Monsimann no início do mês de maio -, referente aos pagamentos, não nos deu retorno e a equipe do Esporte News Mundo ainda aguarda o posicionamento das informações que o mesmo ficou de apurar. No dia 07 de maio de 2021, o então diretor executivo, Jose Carlos Brunoro, por meio de um vídeo no canal oficial do Coritiba, se disse “surpreso” pelo fim da parceria com o Toledo no futebol feminino e que estaria verificando algo mais próximo à cidade de Curitiba.
No caso de Carlos Alberto Dulaba, presidente do Toledo, no primeiro – e único contato – que tivemos com o presidente, não ‘confirmou’ e disse que não poderia ‘desconfirmar’ a situação; durante esta semana, não conseguimos retorno das mensagens e das ligações ao presidente. No caso de Jaime Lira, ex-treinador do Coritiba/Toledo, o mesmo novamente se colocou a disposição de responder e o relato do ex-treinador será colocado logo a abaixo na matéria.
Inúmeras situações nos foram apresentadas, como: o fato de nem todas as atletas contarem com carteira de trabalho assinada; o fato do Coritiba enviar devidamente o dinheiro para a parceria, mas os meios não repassarem adequadamente; as situações não muito dignas de treino e o não repasse da verba emergencial que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) designou aos clubes do Brasileirão A2 Feminino no ano de 2020.
O técnico Jaime Lira deixou claro na última entrevista ao ENM que teria em média 40 meninas ao seu comando entre o Coritiba/Toledo adulto (Série A2) e o Sub-18; com isso, ao ENM foi divulgado pelas fontes que: apenas um número pequeno de atletas tinha seus registros nas carteiras de trabalho e que o dinheiro do registro (R$1.045,00 do salário mínimo na época) era dividido entre as outras atletas que não tinha seu registro efetuado – para que assim todas pudessem receber uma ‘ajuda de custo‘; como apresentada pelo próprio Jaime em primeira entrevista.
Mas o valor que o Coritiba enviou durante todo o tempo não era suficiente para manter todas as atletas? As fontes diziam que sim. Porém, com a suposta utilização do repasse para outros fins, o dinheiro chegava às migalhas para manter as 40 atletas do clube. Tivemos declarações de pessoas que pediram para não serem identificadas, de situações como: ” — Todos estavam errados. Teve coisa errada e todo mundo sabia e ninguém fazia nada.”
Outra situação que apresenta ainda mais o amadorismo no comando do Coritiba/Toledo foi de que as atletas nunca chegaram perto do dinheiro repassado pela CBF. Era como um “auxílio” durante o ano de 2020, no auge da pandemia, para ajudar a custear os clubes enquanto não houvessem partidas. Claro que as pessoas que eram ligadas ao clube não desejaram se identificar, temendo represálias, mas declaram que o dinheiro foi utilizado para outras situações, mas não para o repasse para as atletas.
A CBF divulgou em seu site que o auxílio para o futebol feminino da Série A2 foi de R$50.000 para todos os clubes. A falta de fiscalização da designação da verba por parte da CBF também colaborou com a possível fraude no repasse para as atletas. Quando questionado sobre o repasse da CBF, Jaime não comentou sobre o assunto.
Outro ponto apresentado, foi a questão de transferência das jogadoras. Ao que foi repassado, Jaime Lira supostamente dificultava as relações das jogadoras que recebiam proposta de outros clubes de realizarem transferências; avisando-as que receberam sondagem ou propostas de outros clubes, apenas depois de recusá-las. Ao que foi repassado, houve propostas do Palmeiras, Napoli-SC e Internacional-RS para as atletas durante os períodos de competições, mas que todas foram recusadas.
Houve declarações de que atletas conseguiram liberação do clube para transferência apenas após conversas diretas com o presidente do Toledo, uma vez que tinham contrato com o Toledo Futebol Clube e não com o Ouro Verde FC (clube ao qual Jaime tem maior poder de decisão); mesmo com treinador representando a mediação entre os clubes e muitas vezes designando, supostamente, quem poderia ou não sair do clube. Tal situação Jaime explicou ao ENM logo abaixo.
Ainda nas declarações, o Coritiba disputou o Brasileirão Feminino Sub-18 neste ano de 2021, competição que o Coxa se classificou pelo ranking de clubes da CBF. Em declarações, algumas atletas ainda estão supostamente sem receber o salário desde o início do ano e disputaram a competição ‘de graça’ para o Coritiba/Toledo.
” — Entrou o dinheiro, ou está com o Jaime ou com o Dulaba, eles nunca deram satisfações para ninguém.”, uma das fontes alegou em declaração.
Com toda a situação da falta de repasse das verbas, o Coritiba/Toledo alegou “problemas internos” e não disputou o Campeonato Paranaense Feminino 2020 – campeonato que foi disputada em maio desse ano; vencer o Paranaense daria acesso direto ao Brasileirão Feminino A2 de 2021, competição que o Coxa poderia disputar ainda em 2021.
As fontes alegam que Jaime falou para as atletas antes da resolução de não disputar o Paranaense 2020 e sobre as reclamações das atletas por não estarem recebendo, em declaração o técnico e disse: “ — Vou conversar com o Dulaba (…) agora que fiquei sabendo disso, não quero que vocês [atletas do Coritiba/Toledo] joguem de graça“, mas uma das atletas respondeu: “ — Não tem problema, a gente joga de graça. A gente só quer jogar o Brasileiro, deixa a gente jogar.”
Tal situação, confirma o fato de estarem confiantes que iriam vencer a competição e encaminhar a vaga para o A2, como também apresentado por Jaime em primeira entrevista.
Em certo momento, Dulaba ao que foi declarado, entrou em contato com as atletas para que pudessem disputar pelo Toledo sem a mediação do Ouro Verde FC e do técnico Jaime, a competição do Paranaense 2020. Dulaba fez a mediação sem contato com Jaime, que ao ficar sabendo da situação, declarou que por conta da falta dos repasses do Toledo, não iria fazer com que as atletas entrassem em campo.
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Em muitas declarações, a ‘esperança’ das atletas era de que o Coritiba começasse o projeto de futebol feminino próprio e levassem as atletas para o clube para disputar as competições; situação que não ocorreu e ao que tudo indica, não irá ocorrer.
Mais uma vez, ao ENM tomar ciência da situação, fomos escutar o lado do técnico Jaime Lira; questionamos sobre o repasse da verba emergencial da CBF, sobre o Coritiba repassar – como apresentado pelas fontes -, mas o Toledo não designar a verba e o quanto isso teve de peso para o fim da parceria. O técnico declarou que o repasse da verba teve peso, mas que o que mais teria motivado o término, foi a questão das tratativas para negociação das atletas – conforme apresentado aqui ao ENM, o técnico tinha ligação com as negociações do clube – e o técnico declarou desta forma:
— É tem isso também [falta de repasse como fator importante para o término da parceria], mas o que mais nos motivou a fazer essa separação com o Toledo, foi justamente a tentativa de negociar atletas, né. A gente quer fazer uma base forte para poder fazer o nome do futebol feminino, no caso ali do Coritiba, né, a gente queria fazer uma potência no futebol feminino e no caso do Toledo, por exemplo, a presidência do Toledo [Carlos Alberto Dulaba] já achava que quando a jogadora tivesse uma “condiçãozinha” técnica “melhorzinha“, ele já ia negociando com outros clubes, como aconteceu com a melhor jogadora nossa do A2, ele já negociou com o Internacional-RS. Então, essa é uma politica que eu não concordo, porque eu acho que o futebol feminino tem que crescer forte, as agremiações tem que fazer nome, o Coritiba, principalmente, precisa fazer o nome dele como um nome forte no futebol feminino. Agora quando aparece uma jogadora ‘mais ou menos’, ele [Carlos Alberto Dulaba] quer negociar? Declarou o técnico explicando os motivos pelo fim da parceria; em contra partida não tocou no nome da CBF e não explicou sobre o auxilio que supostamente, não foi repassado.
Jaime ainda comentou sobre a atacante Jhonson que foi recentemente convocada para a Seleção Brasileira Sub-17, o técnico explicou os motivos pelo qual conseguiu manter a atleta no clube.
— (…) Hoje nós temos a Jhonson na Seleção Brasileira, melhor jogadora na atualidade do Brasil nessa categoria, ela tem 15 anos. Ela está na Seleção Brasileira Sub-17, considerada uma das melhores do Brasil e ele [Carlos Alberto Dulaba] já estava negociando também se não é a gente “amarrar” com contrato, então, como é que você vai ficar em uma parceria com medo de que você revela jogadoras e quando você começa a revelar, elas são negociadas com outros clubes? Inclusive saindo do estado do Paraná. Indo para outros estados, então nunca vamos ter uma base forte.Explicou Jaime sobre uma possível negociação da atacante Jhonson, os impasse que o mesmo colocava nas transferências das jogadoras e os porquês do técnico.
O técnico ainda declarou em primeira mão ao ENM que existe agora uma nova negociação com o Coritiba sobre o início de uma parceria e confirmou em mais uma vez, a falta do repasse das verbas.
— Então, a polêmica maior foi essa, né. Agora claro que o problema de repasses, que o Coritiba fazia os repasses e os valores não vinham da forma que deveriam vir, essas coisas aconteceram realmente, mas tudo bem, nós estamos tentando refazer a negociação com o Coritiba. Então, estamos ai, quem sabe com a possibilidade de negociação de renovação do contrato direto, ou seja, Coritiba/Ouro Verde, né. Então vamos ver como é que vai funcionar isso, ai se der certo, tudo bem, mas é isso ai, não tem muitas coisas para dizer não. Declarou o ex-técnico ao ENM, confirmando a falta dos repasses apresentados pelas fontes e que iniciou tratativas de negociações com o Coritiba para o futebol feminino.
Matéria por Luiz Eduardo Alcântara.
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