Andrea Pazzagli foi ídolo do Ascoli e levantou troféus pelo Milan no fim da carreira | OneFootball

Andrea Pazzagli foi ídolo do Ascoli e levantou troféus pelo Milan no fim da carreira | OneFootball

Icon: Calciopédia

Calciopédia

·01 de agosto de 2021

Andrea Pazzagli foi ídolo do Ascoli e levantou troféus pelo Milan no fim da carreira

Imagem do artigo:Andrea Pazzagli foi ídolo do Ascoli e levantou troféus pelo Milan no fim da carreira

A posição de goleiro é uma das mais desafiadoras do futebol. Para um jogador se firmar na função, é necessário ter qualidade, constância e muita sorte, já que a competição por uma vaga é forte. Andrea Pazzagli não fugiu do padrão e viveu o auge da carreira no final dos anos 1980, quando se transferiu para o Milan de Arrigo Sacchi e venceu a Copa dos Campeões e a Copa Intercontinental.

Pazzagli nasceu em Florença, em 1960 e deu seus primeiros passos no futebol nas categorias de base da Fiorentina, em 1976. Ainda enquanto juvenil, Andrea passou pela pequena Sestese, por empréstimo, e viu os seus atributos físicos chamarem a atenção de clubes de maior porte. Com isso, o Bologna se preparou para adquiri-lo.


Vídeos OneFootball


O goleiro ficou vinculado ao Bologna até 1983, mas disputou apenas partidas das categorias de base e não obteve espaço no time profissional – ficou apenas no banco de reservas em cinco oportunidades. Entre idas e vindas, foi emprestado para Imolese (Serie D), Udinese (A) e Catania (B). Pazzagli estreou na elite pelos friulanos, em 1980-81, mas teve uma estreia traumática: 4 a 0 para a Inter do treinador Eugenio Bersellini. Nos quatro jogos que fez pela equipe de Údine, inclusive, o reserva de 20 anos não saiu vitorioso de campo.

Depois de rodar bastante por empréstimo, Pazzagli conseguiu se firmar pela Rondinella, equipe de sua cidade natal. Andrea disputou 26 partidas pelos biancorossi de Florença e contribuiu para a melhor campanha da história do clube: um sétimo lugar na Serie C1. Com isso, foi adquirido pelo Perugia, da segunda divisão.

Ao longo de duas temporadas, o toscano se tornou uma peça importante para os grifoni, com 85 partidas realizadas. Andrea disputou a segundona como titular absoluto e contribuiu para que a equipe buscasse o acesso à primeira divisão em 1985: o Perugia foi quarto colocado e não conseguiu a promoção direta por apenas dois pontos. Na campanha seguinte, os biancorossi caíram de produção e foram rebaixados em campo. Para piorar, o envolvimento no escândalo Totonero bis ainda fez com que a agremiação fosse punida com a queda para a Serie C2, uma categoria mais abaixo.

Com o destino do Perugia, Pazzagli trocou novamente de clube, já que acertou com o Ascoli, campeão da Serie B de 1986. Pelo time das Marcas, Andrea ergueu o seu primeiro troféu: a Copa Mitropa Cup 1986-87. Os bianconeri enfrentaram o Spartak Subotica na semifinal e, após o 2 a 1, bateram o Bohemians Praga pelo placar mínimo. O goleiro foi importante para a conquista do título, já que despontou como salvador em diversas oportunidades e fechou o gol na decisão.

Imagem do artigo:Andrea Pazzagli foi ídolo do Ascoli e levantou troféus pelo Milan no fim da carreira

A trajetória ascendente de Pazzagli começou com um biênio de destaque pelo Perugia, na Serie B (Arquivo pessoal)

Por sua vez, aos 26 anos, Andrea finalmente teve a chance de ser titular na primeira divisão e a agarrou com maestria. Pazzagli foi absoluto em seu triênio no Ascoli e, em todas as temporadas, foi o atleta que mais entrou em campo pelo clube marquesão. Nelas, ocupou papel de destaque, ao lado do lateral-direito Flavio Destro e do centroavante brasileiro Walter Casagrande, e contribuiu para três incríveis fugas do rebaixamento. Não à toa, é considerado como o arqueiro mais importante da história ascolana.

Com tanto destaque, o jogador chamou a atenção de um dos gigantes da época: o Milan de Sacchi. Então, em 1989, Pazzagli se transferiu para a cidade de Milão para viver o auge de sua carreira vestindo rossonero. O arqueiro de 29 anos, que fizera 113 partidas pelo Ascoli, chegava à Lombardia para ocupar o posto de reserva, mas conseguiu subverter a hierarquia preestabelecida pelo treinador e teve relevância em sua passagem pelo clube.

Pazzagli começou a temporada 1989-90 no banco de reserva, mas assumiu o posto de titular após um início ruim de Giovanni Galli. Amigos, os dois jogadores nascidos na Toscana tiveram uma disputa saudável e bem dosada por Sacchi. Galli começou com a camisa 1 na Serie A, mas na 11ª rodada deu lugar a Andrea, que manteria a posição no torneio nacional até o fim da época. O seu colega seguiu no onze inicial milanista na Coppa Italia e na Copa dos Campeões.

Em seu primeiro ano na Lombardia, Pazzagli acumulou 23 aparições pela Serie A, além de uma na Coppa Italia e outra na Copa dos Campeões. Foi uma temporada de festejos, uma vez que o Milan faturou a Supercopa Uefa em cima do Barcelona, a Copa Intercontinental sobre o Atlético Nacional e o principal torneio europeu contra o Benfica. Andrea não entrou em campo nessas decisões, mas fez questão de brincar com Galli. “O futebol já era mesmo… Até eu me tornei campeão mundial”, disse.

Em 1990, Galli deixou o Milan e embarcou rumo ao Napoli. Isso apenas confirmou a titularidade de Pazzagli, mesmo com a chegada de Sebastiano Rossi. Andrea começou a temporada sem contestação na baliza rossonera e ajudou o Diavolo a faturar mais uma Supercopa Uefa, ante a Sampdoria, e um Mundial Interclubes, num 3 a 0 sobre o Olimpia. No entanto, após uma sequência de resultados ruins em março, o arqueiro acabou sendo vítima de uma reformulação promovida por Sacchi no onze inicial.

Depois que o Milan emendou empate com o Marseille nas quartas da Copa dos Campeões e derrotas para a Samp e a Atalanta, pelo campeonato, o comandante rossonero deu espaço para Rossi. Seba nada pode fazer para evitar o 3 a 0 aplicado pelo Olympique no torneio europeu, mas o seu desempenho num triunfo por 1 a 0 sobre a Inter agradou a Sacchi. Assim, Arrigo optou por bancá-lo na reta final da temporada e deixou Pazzagli no banco de reservas.

Imagem do artigo:Andrea Pazzagli foi ídolo do Ascoli e levantou troféus pelo Milan no fim da carreira

Pazzagli chegou ao Milan para ser opção de banco, mas conseguiu ter papel relevante no elenco rossonero (imago/Buzzi)

Em 1991, com o fim da Era Sacchi, também terminou a passagem de Pazzagli pelo Milan – concluída com 56 partidas. Como Fabio Capello manteria Rossi entre os titulares, Andrea preferiu buscar espaço em outro clube e acabou retornando ao Bologna, que disputava a Serie B. Na sua quarta passagem pelo time emiliano, finalmente jogaria, mas sem obter alegrias. Os felsinei eram favoritos ao acesso, uma vez que vinham da elite e tinham um bom elenco. Porém, não só não obtiveram o feito como ainda amargaram o rebaixamento à terceirona e uma traumática falência.

Já veterano e sem contrato, Pazzagli acertou com a Roma para ser o terceiro goleiro giallorosso, atrás de Giovanni Cervone e Fabrizio Lorieri. Como ele mesmo esperava, não recebeu chances em campo e retornou à Toscana para encerrar a sua carreira pelo Prato, na Serie C1. Andrea ajudou os fiordalisi a fazerem duas boas campanhas na terceirona, mas sofreu com problemas renais a partir de 1995 e, em sua segunda temporada no clube, perdeu a posição para um emergente Carlo Cudicini. Aos 36 anos, então, finalizou sua carreira de altos e baixos, glórias e descensos.

Quando um jogador termina seu ciclo de atleta, muitas expectativas surgem sobre o seu próximo passo. Para Andrea, o desejo era óbvio: pegar seu violão e cantar. Compositor de mão cheia, Pazzagli gravou dois álbuns, sendo o último deles “Spero che esistano gli angeli”, que significa “espero que os anjos existam”, lançado em 2009. A faixa título, aliás, era uma homenagem a Nicolò Galli, filho de seu amigo e colega de clube Giovanni, que morreu em um acidente de carro em 2001. Em entrevista à Gazzetta dello Sport, ele relatou que a música surgiu da dor profunda da perda, mas também de ver a força com a qual o ex-goleiro e a esposa, Anna, lidavam com a situação.

Pazzagli também produziu várias canções com temática esportiva, como “Glorie Viola”, em homenagem à Fiorentina, “Rettangolo verde” e “Nostalgia di te” – bem aceitas pelo público. O futebol, inclusive, não ficou de lado em outros campos. Andrea trabalhou como preparador de goleiros da Viola e do Milan, além de ter atuado no mesmo cargo nas seleções de base italianas.

Infelizmente, Andrea partiu muito cedo. Na manhã de 31 de julho de 2011, um domingo, quando passava férias com a família em Punta Ala (fração da comuna de Castiglione della Pescaia, na Toscana), o ex-goleiro faleceu em decorrência de um ataque cardíaco, com apenas 51 anos. De forma repentina, o mundo do futebol italiano perdeu um dos seus mais dedicados profissionais, que seguia cumprindo suas funções. Pazzagli era muito apreciado por seu lado humano e o funeral, ocorrido em 2 de agosto, teve maciça presença de figuras do esporte – como Sacchi, Galli, Franco Baresi, Paolo Rossi e Gianluigi Buffon.

Pazzagli deixou a esposa Isabella e três filhos. O mais velho, Edoardo, tentou seguir os passos do pai e teve passagens pelas categorias de base de Fiorentina e Milan. No entanto, passou a maior parte da carreira na terceira divisão da Itália e representou clubes como Monza, Ascoli e Perugia, antes de se aposentar em 2016, com apenas 27 anos.

Andrea Pazzagli Nascimento: 18 de janeiro de 1960, em Florença, Itália Morte: 31 de julho de 2011, em Castiglione della Pescaia, Itália Posição: goleiro Clubes: Bologna (1977-78, 1979-80, 1982-83 e 1991-93), Imolese (1978-79), Udinese (1980-81), Catania (1981-82), Rondinella (1983-84), Perugia (1984-86), Ascoli (1986-89), Milan (1989-91), Roma (1993-94) e Prato (1994-96) Títulos: Copa Mitropa (1987), Supercopa Uefa (1989 e 1990), Mundial Interclubes (1989 e 1990) e Copa dos Campeões (1990)

Saiba mais sobre o veículo