Zerozero
·04 de agosto de 2023
Zerozero
·04 de agosto de 2023
Em 2019, a estreia não correu da melhor forma. Nenhum ponto num grupo onde os adversários acabaram todos por amealhar seis. Itália, Austrália e Brasil levaram todas a melhor sobre a Jamaica que, volvidos quatro anos, fez história na Nova Zelândia... mas quase não chegava lá.
A caminhada para a seleção jamaicana chegar ao Campeonato do Mundo foi dura. Depois de derrotas consecutivas na FFA Cup of Nations, nos últimos jogos oficiais antes da prova, os ânimos não se mostravam os melhores.
Mesmo assim, pegaram nas malas e partiram. Porém, nem tudo é um mar de rosas.
As jogadoras jamaicanas não estavam felizes com a Federação. A falta de pagamento de prémios e de participações noutras competições fez azedar um clima que, por si só, já não era bom. O problema persistiu e elas próprias recorreram às redes sociais.
«Sentámo-nos, em várias ocasiões, com a Federação para, de forma politicamente correta, falar sobre preocupações relacionadas com o planeamento, transporte, alojamento, condições de treino, compensações, comunicação, nutrição e acesso aos recursos devidos. Comparecemos repetidamente sem receber nada daquilo que foi contratualmente acordado.»
Sem resposta. alguém acabou por se chegar à frente. A 9 de abril - pouco mais de três meses antes do início do Mundial - a mãe de Havana Solaun teve a iniciativa de criar uma angariação de fundos que, depois de perto de quatro meses de atividade, conta com mais de 60 mil euros angariados.
«A caminhada para a Austrália em julho de 2023 é muito dispendiosa e a minha intenção é angariar dinheiro para permitir que a equipa técnica e as jogadores apenas se foquem na competição e não nas necessidades em volta disso. Todo e qualquer cêntimo vai para as Reggae Girlz e para o staff poderem embarcar nesta aventura do Campeonato do Mundo», escreveu Sandra Brower Solaun.
No entanto, não foi apenas a mãe da médio jamaicana a ter esta iniciativa. A própria Reggae Girlz Foundation - organização sem fins lucrativos ligada ao futebol feminino na Jamaica - também o fez e já angariou mais de 43 mil euros.
A história parece desenrolar-se de forma feliz pois, agora, fizeram história. Da fase de grupos, saíram invencíveis. Os empates a zero surpreendentes frente a Brasil e França juntaram-se a uma vitória frente ao Panamá e culminaram numa inédita passagem aos oitavos-de-final.
Poucos momentos após a novidade da qualificação, Lorne Donaldson não conteve a felicidade. «Este é um dos melhores sentimentos que já tive na minha vida, o poder ver estas miúdas da Jamaica a fazer isto. Agradeço-lhes por tudo o que têm feito por este país. Têm de estar orgulhosas.»
Arrumaram a crónica favorita seleção brasileira e, pela frente, têm a Colômbia - que tem, ao seu serviço, uma das maiores sensações deste Campeonato do Mundo. A Jamaica sempre lutou contra as probabilidades. Irá continuar assim?