Calciopédia
·06 de julho de 2022
Calciopédia
·06 de julho de 2022
Com o crescimento dos investimentos, mudanças visando o profissionalismo, a criação de seções mistas ou exclusivas para as meninas na base, a venda de direitos de TV e outras coisas importantes, o futebol feminino teve um salto muito grande dentro da Itália nos últimos anos. A Serie A Femminile já conta com equipes fortes, a contratação de jogadores internacionais de primeiro nível e terá sua primeira edição profissional em 2022-23. Esse cenário, somado ao trabalho sólido realizado por Milena Bertolini, treinadora da seleção, devolveu as azzurre à Copa do Mundo após 20 anos de ausência e, agora, faz da Nazionale uma das candidatas a surpresa na Eurocopa de 2022, disputada na Inglaterra.
Na Copa do Mundo da França, em 2019, a Itália fez uma boa campanha, vencendo dois jogos da fase de grupos e avançando até as quartas de final, quando acabou derrotada pela Holanda, que terminou sendo a vice-campeã. Desde então, foram 28 partidas realizadas pela Nazionale, com 22 vitórias, quatro empates e apenas duas derrotas. Um desempenho muito bom, de 83%. Vale destacar que os dois tropeços aconteceram contra Dinamarca e Suíça, seleções com ótimos talentos e bom nível coletivo.
Em 2022, foram seis partidas disputadas, com quatro vitórias e dois empates, 13 gols marcados e três sofridos. Os números são ótimos, mas o que mais anima a Nazionale é o desempenho da equipe, que só cresce a cada partida. Essa ascensão resulta em muita confiança para as atletas na busca por uma vaga no Grupo D da Euro Feminina, que terá jogos em Manchester e Roterham. As adversárias das azzurre são França (terceira do ranking da Fifa), Islândia (17ª) e Bélgica (19ª). A Itália ocupa a 14ª posição.
Desde 2017 no comando da Itália, Bertolini elevou o nível da seleção (Getty)
Bertolini é uma treinadora com muita sensibilidade e que busca sempre pequenos ajustes de um jogo para o outro, seja no esquema tático ou nos meios para atacar e defender. O sistema base que vem sendo utilizado é o 4-3-3, com pequenas variações que podem transformá-lo em um 4-5-1 ou até mesmo num esquema com linha de cinco defensoras, seja no 5-4-1 ou no 5-3-2.
O time italiano tem muito gosto pelas saídas curtas, realizando o que chamamos de saída sustentada. Bertolini executa essa ideia segurando as duas laterais e tendo uma das volantes perto da dupla de zaga, gerando assim muitas opções de passe e possibilidades para a equipe progredir em campo.
Superada essa primeira linha de pressão das equipes adversárias, a Itália efetua um jogo muito vertical, com triangulações curtas, num trabalho que parte do centro do campo até os flancos, gerando espaço para cruzamentos e a utilização do pivô com sua atacante. Dessa maneira, a Nazionale desloca as defensoras para percorrerem uma zona maior do gramado, o que favorece as infiltrações. Essa movimentação costuma tirar a atenção das adversárias, que marcam as jogadoras que estão posicionadas em locais mais perigosos na área, e serve para criar chances de gol.
Girelli é uma das esperanças de gol da seleção feminina da Itália (Getty)
Outro ponto muito importante na ideia de jogo da Nazionale é a pressão alta. Com uma preparação física excelente e bons desenhos de zonas de pressão, a Itália costuma estar bem preparada para observar e entender gatilhos das equipes adversárias, saltando suas pontas e meio-campistas para encaixar a pressão, na maior parte das vezes induzindo as jogadoras adversárias a irem para as laterais. Ali, as azzurre fecham as linhas de passe e recuperam a bola. Retomar a posse na zona central ou no campo ofensivo é fundamental para a filosofia da seleção.
No momento defensivo, a Itália costuma ter boa coordenação para recompor suas linhas e fazer o balanço defensivo, sempre tendo a liderança de Sara Gama para indicar o melhor posicionamento e ajustar o que for necessário. Por vezes, é uma equipe que sofre quando precisa que suas zagueiras saiam muito da grande área para acompanharem as atacantes adversárias.
Vice-campeã em 1993 e 1997, a Itália vai tentar o título inédito nesta edição e chega com totais condições para isso. Ainda que não seja a grande favorita, tem uma equipe talentosa, preparada e bem treinada, que pode surpreender as maiores potências do continente.
A capitã Gama é a líder anímica das azzurre (Getty)
Laura Giuliani
Contratada pelo Milan em 2021, Giuliani fez outra temporada muito sólida na Serie A. Goleira com bom posicionamento e ótimos reflexos, é muito importante também por sua liderança e pelos ajustes que realiza para ajudar sua linha de defesa.
Sara Gama
Capitã e lenda da Itália e da Juventus, aos 33 anos de idade, Gama continua sendo a principal liderança desse grupo. Ela é muito importante para a defesa de área, para o controle da profundidade e coordena todo o balanço defensivo.
Manuela Giugliano e Martina Rosucci
Jogadoras de Roma e Juventus, respectivamente, Giugliano e Rosucci alternam muito na organização da saída de bola da equipe. Recuam para receberem das zagueiras, circulam pelo meio-campo e direcionam todo o jogo da Itália. Muito versáteis e técnicas.
Bergamaschi é uma das jogadoras mais agudas da equipe italiana (Getty)
Valentina Bergamaschi
Jogadora de lado pela direita, Bergamaschi é muito importante para a equipe, por sua leitura de jogo, capacidade técnica e chegada à linha de fundo. Seja na lateral ou no ataque, oferece muito impacto para a produção ofensiva da Itália.
Arianna Caruso e Barbara Bonansea
Entre a juventude de Caruso e a experiência de Bonansea, alguns denominadores comuns: a capacidade de drible, a ótima condução de bola e a responsabilidade de conectar as ações ofensivas da equipe. Elas recebem, circulam, trabalham as tabelas e finalizam bem a gol.
Daniela Sabatino, Cristiana Girelli e Valentina Giacinti
Bertolini tem três ótimas opções para o comando de ataque da equipe e elas têm muito em comum em termos técnicos e de estilo de jogo. São camisas 9 que fazem bem o pivô, atacam a última linha de defesa, conseguem sair da área e atrair as zagueiras adversárias.
Goleiras: Laura Giuliani (Milan), Katja Schroffenegger (Fiorentina) e Francesca Durante (Inter);
Defensoras: Valentina Bergamaschi (Milan), Elena Linari (Roma), Elisa Bartoli (Roma), Maria Luisa Filangeri (Sassuolo), Lucia Di Guglielmo (Roma), Lisa Boattin (Juventus), Martina Lenzini (Juventus) e Sara Gama (Juventus);
Meias: Aurora Galli (Everton), Manuela Giugliano (Roma), Florentina Simonetti (Inter), Martina Rosucci (Juventus), Arianna Caruso (Juventus), Barbara Bonansea (Juventus) e Valentina Cernoia (Juventus);
Atacantes: Daniela Sabatino (Fiorentina), Cristiana Girelli (Juventus), Agnese Bonfantini (Juventus), Valentina Giacinti (Milan) e Martina Piemonte (Milan).