Trivela
·21 de fevereiro de 2022
Trivela
·21 de fevereiro de 2022
Jack Wilshere passou os últimos meses à procura de um novo clube. O meio-campista deixou o Bournemouth em julho de 2021 e, desde então, não tinha conseguido um contrato. Aos 30 anos, o inglês expunha as dificuldades e as frustrações que encarava nessa empreitada. Chegou a treinar por Como e Arsenal, mas sem assinar com nenhum deles. A nova chance seria anunciada apenas nesta semana, com a mudança para a Dinamarca. Wilshere defenderá o AGF Aarhus, com vínculo estabelecido até o final da temporada e opção de renovação.
Wilshere atravessou uma carreira que claramente não atingiu todas as expectativas. Depois de surgir como grande promessa no Arsenal e sofrer com as muitas lesões, o meio-campista rodou por West Ham e Bournemouth sem grande impacto. As dificuldades para encontrar uma nova equipe foram expostas em agosto de 2021. Em entrevista ao site The Athletic, o inglês admitia que não sabia até que ponto valia a pena seguir tentando uma nova oportunidade. Expunha como era difícil explicar para os filhos a dificuldade para encontrar um clube. Ainda assim, garantia que estava em sua melhor forma física.
“Sendo honesto, eu provavelmente nunca pensei que estaria nesta posição. Eu estava correndo hoje em uma pista de atletismo e sofrendo para imaginar que estaria aqui neste ponto da minha carreira. Todos costumavam me dizer: aos 28, 29, você estará no auge da sua carreira. E eu genuinamente achei que estaria. Eu achei que ainda estaria jogando pela Inglaterra e em um clube grande”, afirmou. “Eu mentiria se dissesse que não estou preocupado. Claro que estou preocupado. Eu estava nesta posição quando sai do West Ham e foi horrível. Pensei comigo mesmo que não queria passar por aquilo novamente. Fui ao Bournemouth, joguei algumas partidas e pensei que seria o suficiente para mostrar às pessoas que estou em forma. Claramente não foi, porque eu não recebi nenhuma proposta. Isso definitivamente me preocupa”.
“Eu acordo de manhã e penso: ok, preciso treinar em algum lugar. Normalmente sozinho. Eu treinei com um clube (não identificado) durante a pré-temporada, mas isso acabou agora. Estou acordando e treinando sozinho e encontrando a motivação. E a questão que eu fico me fazendo é: para quê? Quando saí do West Ham, eu estava tentando achar algum lugar e pensei: Ok, chegará, chegará’. Mas não está chegando no momento. Então eu acordo pensando ‘Preciso treinar hoje, mas por que eu preciso treinar hoje?’. Eu quero encontrar um clube, mas vai acontecer?”, complementou.
A entrevista de Wilshere chamou atenção de outros clubes. Em setembro, ele ganhou uma chance de treinar na Itália com o Como, mas não poderia assinar por exceder o número de jogadores extracomunitários do elenco para a Serie B. A partir de outubro, o meio-campista foi chamado para treinar de volta no Arsenal e o técnico Mikel Arteta garantiu que o veterano teria condições para atuar na Premier League. As portas abertas pelos Gunners, porém, seriam apenas para recuperar a forma e ganhar confiança. Os londrinos não cogitavam a reintegração de sua antiga promessa ao elenco.
A janela de janeiro se passou sem que Wilshere assinasse com qualquer clube. Porém, ainda sem contrato, estava livre para qualquer negócio. A oportunidade finalmente veio no AGF Aarhus, sétimo colocado do Campeonato Dinamarquês. É um clube tradicional, mas que não conquista a liga nacional há 35 anos e faz aparições esporádicas nas copas europeias. Em compensação, é a chance de se provar que o meio-campista tanto queria. Ele já tinha deixado claro que, por sua fama, acreditava que dificilmente atuaria de novo na Inglaterra neste momento.
A contratação de Wilshere foi festejada pelo diretor esportivo Stig Inge Bjornebye: “Jack dispensa apresentações e já mostrou seu valor tanto por clube quanto por seleção nos últimos dez anos. Quando a oportunidade surgiu, não tivemos dúvidas que deveríamos tentar. Jack pode contribuir com sua excelente técnica e seu olho para o jogo. Ele nos dará algumas ferramentas ofensivas a mais. Ele está em ótima forma, mas obviamente precisa de ritmo de jogo. Mas isso virá em breve e estamos ansiosos por vê-lo com nossa camisa”.
Wilshere também ressaltou sua vontade no novo ambiente: “Desde que comecei a treinar no Arsenal, nunca escondi o fato de que queria estar pronto para 2022 e para um novo clube. Agora, o novo clube está aqui e será um novo desafio empolgante para mim. Estou num período da minha carreira em que preciso começar de novo, depois de um período difícil, e o AGF me ofereceu essa oportunidade. Por isso sou muito grato e farei tudo o que puder para cumprir as expectativas. Estou muito ansioso para contribuir com o time. Estou fisicamente em ótima forma e me sinto bem, então agora para mim será sobre me integrar ao elenco e ver se posso ganhar tempo de jogo para contribuir com algumas vitórias”.
Wilshere passou a treinar com o Aarhus e estará disponível para a rodada do próximo final de semana pelo Campeonato Dinamarquês. Aos 30 anos, está claro que o meio-campista possui tempo para dar a volta por cima e já demonstrou um grande comprometimento. O primeiro passo está dado. Serão alguns meses de contrato se quiser convencer o Aarhus a aumentar seu vínculo para a próxima temporada.