Jogada10
·21 de maio de 2025
Apostas: os desdobramentos dos julgamentos de Bruno Henrique e Lucas Paquetá

Jogada10
·21 de maio de 2025
Bruno Henrique e Lucas Paquetá são alvos de investigações — distintas — por má conduta relacionada a apostas esportivas. O atacante do Flamengo responde pela Justiça do Brasil, enquanto o meia do West Ham está sob julgamento da Federação Inglesa de Futebol (FA). Ambos manipularam o recebimento de cartões amarelos com objetivo de influenciar mercados de apostas.
A FA acusa Paquetá de tentar “influenciar o progresso, a conduta ou qualquer outro aspecto dessas partidas” com o intuito de beneficiar apostadores, incluindo familiares e pessoas próximas. Conforme a denúncia, o jogador teria recebido instruções específicas de manipulação, como forma de “presente” ao irmão, Matheus Paquetá, no dia do seu aniversário — exatamente na mesma data em que recebeu o amarelo.
A investigação inclui quatro partidas da Premier League entre novembro de 2022 e agosto de 2023, contra Leicester, Aston Villa, Leeds United e Bournemouth.
O julgamento, inicialmente previsto para abril, acabou adiado devido à complexidade do caso. O Garoto do Ninho agora espera o resultado do julgamento, que se encerrou neste mês, com previsão de veredito para junho. Uma das sanções prevê o banimento do futebol.
Bem como Paquetá, o atacante do Flamengo também é investigado por envolvimento em manipulação de apostas. A acusação principal gira em torno do cartão amarelo recebido contra o Santos, na 31ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2023.
Segundo as investigações, o jogador teria informado previamente ao irmão, Wander Nunes Júnior, sobre a partida em que levaria o cartão. Uma das suspeitas partiu de mensagens interceptadas pela polícia: “Não vou reclamar, só se eu entrar duro em alguém”, disse em referência ao possível recebimento do amarelo.
A Polícia Federal conduziu uma operação de busca e apreensão em novembro de 2024. Bruno Henrique e seu irmão tiverem os celulares apreendidos durante a ação, dos quais partiram as provas mais comprometedoras do caso. As investigações também apontam que Wander articulou apostas no próprio nome, no da esposa (Ludymilla Araújo Lima) e compartilhou a informação com amigos.
O irmão do atacante enfrentava dificuldades com pagamento de pensão e dívidas pessoais àquela altura. Inclusive, solicitou R$ 10 mil emprestados a Bruno Henrique logo após a Betano bloquear os valores das apostas.
A investigação conduzida pela PF pode resultar em pena de até 11 anos de prisão, somando os crimes de estelionato e fraude em competição esportiva. Paralelamente, na esfera desportiva, o caso está parado no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), aguardando o envio das provas por parte da Justiça.
Apesar da natureza similar das acusações, os processos seguem caminhos distintos. Paquetá está sob julgamento por uma entidade esportiva na Inglaterra, sem envolvimento da Justiça criminal britânica até o momento. Já o caso de Bruno Henrique corre simultaneamente nas esferas penal e desportiva no Brasil.
Portanto, o camisa 27 corre riscos mais severos em termos legais, enquanto Paquetá enfrenta a possibilidade de sanções estritamente esportivas.
As investigações revelam conexões familiares em ambos os casos. No de Paquetá, além do irmão Matheus, seu tio Bruno Tolentino aparece nas investigações como autor de um PIX de R$ 30 mil ao atacante Luiz Henrique — atualmente no Zenit — relacionado a um cartão recebido quando ainda atuava pelo Betis. A suspeita é que esse pagamento esteja vinculado ao mesmo esquema de manipulação de apostas.
Já Bruno Henrique teve três familiares diretamente envolvidos, conforme identificado pela Polícia Federal: o irmão, a cunhada e uma prima. Todos teriam realizado apostas relacionadas ao jogo contra o Santos. As movimentações foram detectadas após análise de registros de transações e mensagens trocadas por aplicativo.
A Comissão Parlamentar de Inquérito da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas (CPIMJAE), que atuou no Senado até fevereiro deste ano, abordou parcialmente os casos. No entanto, encerrou os trabalhos sem ouvir os jogadores envolvidos. A comissão também não conseguiu incluir os desdobramentos mais recentes da investigação sobre Bruno Henrique.
O relatório final teve mais de 250 páginas, mas ficou incompleto sob o ponto de vista da coleta de depoimentos dos principais nomes investigados.