Jogada10
·28 de novembro de 2024
Jogada10
·28 de novembro de 2024
Paixões clubísticas desconhecem fronteiras ou limites geográficos. Assim, parece que não há restrição de espaço ou tempo para quem é um escolhido da Estrela Solitária. Em Buenos Aires, sede da final desta edição da Copa Libertadores, no sábado (30), contra o Atlético-MG, não poderia ser diferente. Para reforçar os laços com o Mais Tradicional, manter o engajamento pela causa, formar uma família e continuar respirando o Glorioso, um grupo de alvinegros que mora na capital portenha criou a ArgenFogo, torcida que ganhou evidência no universo preto e branco nas últimas semanas. Afinal, a turma deixará de acompanhar o time de longe para tornar-se anfitriã diante da decisão “em casa”, no Monumental de Núñez.
A expressão “unir o útil ao agradável” nunca traduziu tão bem um momento. Em 2024, o Botafogo, mesmo com um futebol avassalador na América do Sul, não tinha pisado na Argentina. Agora, o Mais Tradicional desembarca no país pela Glória Eterna e para colocar fim à espera da ArgenFogo. A galera conta os dias para sair da frente da televisão e fincar a bandeira no estádio do River Plate, onde o time do técnico Artur Jorge deve figurar como local. Para contar esta história de amor incondicional, a reportagem do Jogada10 ouviu alguns dos seguidores do “Fogón”.
“Sempre fui muito presente em relação ao Botafogo. No Brasil, era sócia e não perdia um jogo. Sentia muita falta de ir ao Estádio Nilton Santos quando vim morar aqui e, muitas vezes, sofri sozinha, em frente a um computador, acompanhando as partidas. Fiquei, então, muito feliz com o anúncio da final. Mas, naquela época, ainda não me permitia a ilusão por tudo o que aconteceu em 2023. Tinha medo de me decepcionar. Depois, virou um sonho. Uma sorte gigantesca. Ainda mais para quem mora perto do Monumental, como eu. É bom também porque não gastamos com hospedagem e avião”, brinca Nathalia Pinheiro, estudante de Medicina e moradora da capital portenha há quase sete anos.
Com pouco tempo de vida, os primeiros primeiros passos tiveram John Textor, sócio majoritário da SAF do Glorioso, como testemunha. Em julho de 2023, o time carioca teve que ir à cidade de Paraná, na província de Entre Rios, para enfrentar o Patronato, pelos playoffs da Copa Sul-Americana. Gramado ruim, adversário da Série B do Campeonato Argentino, Botafogo com o time reserva… Mas era preciso estar lá e mostrar que o Fogão tem uma torcida universal. Luiz Gabriel Palassi encarou oito horas de viagem para ver aquela vitória por 2 a 0. Nascia, naquele momento, a ArgenFogo. E com o “aval”, ainda que indireto, do empresário norte-americano.
A ArgenFogo em seus primórdios. Grupo explodiu nas redes sociais – Foto: Reprodução/Instagram
“Não estava indo ver uma grande exibição. Mas só de ter o Botafogo ali já valia a pena. Fazíamos o pré-jogo em um hortifrúti quando apareceram outros botafoguenses. Aconteceu de tudo. Até a chegada de Textor na arquibancada. Ele é muito resenha. Nos tratou muito bem. Aparecemos, inclusive, juntos, na Botafogo TV. Um dia que não esperava e uma das maiores sensações da vida”, expressou Palassi, um dos líderes da ArgenFogo.
A partir daí, os botafoguenses da Argentina se conectaram por redes sociais para acompanhar as partidas do Botafogo. Juntaram 30 escolhidos por cada jogo e deixaram alguns hermanos sem entender o que estava acontecendo. Agora, sabem que vão precisar de um bar maior para acompanhar o Glorioso de longe, depois da final da Libertadores.
Na terça-feira (26), na vitória sobre o Palmeiras por 3 a 1, a ArgenFogo reuniu cerca de 1.300 botafoguenses em Puerto Madero, bairro nobre de Buenos Aires. Uma loucura com o resultado. Nesta sexta-feira, na véspera da final, rola mais um evento em Buenos Aires. Ou seja, os alvinegros abraçaram, com todo carinho, o grupo. Nem os próprios integrantes da torcida acreditaram na repercussão. Uma das razões para o movimento cair no gosto popular é o papel de bom anfitrião. Os donos da casa assumiram a bronca, mataram no peito e passaram a ciceronear os torcedores que chegam de todas as partes do Brasil.
“Sabemos os perrengues de estar em um país estrangeiro. Nos prontificamos, portanto, a explicar o câmbio confuso e informá-los sobre aeroporto, tranfer, chip e dúvidas com documentos, sempre indicando pessoas nas quais confiamos. Tem muita coisa para correr atrás. É cansativo e ao mesmo tempo muito prazeroso receber tanta gente”, agregou Nathalia.
Buenos Aires já trocou o tango por samba. E hoje está repleta de sonhadores ávidos pela taça inédita da Libertadores.
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