Athletico dispensa atletas do futebol feminino via WhastApp | OneFootball

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Trétis

·07 de janeiro de 2025

Athletico dispensa atletas do futebol feminino via WhastApp

Imagem do artigo:Athletico dispensa atletas do futebol feminino via WhastApp

Com a decisão de encerrar a equipe feminina após o rebaixamento do time masculino para a série B e sem a obrigatoriedade de manter a categoria na divisão, o Athletico, para piorar a situação, decidiu por dispensar suas atletas via WhatsApp. A informação foi apurada e confirmada pela Trétis.

As jogadoras estavam em São Paulo disputando a Brasil Ladies Cup e fizeram seu último jogo pela competição na sexta-feira, 20 de dezembro, ganhando de 2 a 1 do Sport. Após cumprir o último compromisso da temporada, as Gurias entraram em férias. No domingo, dia 22, o novo diretor de futebol Rodrigo Possebon avisou ao departamento de futebol sobre a descontinuidade do projeto – informação que a Trétis deu em primeira mão.


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Muitas atletas souberam da notícia através das redes sociais e da comissão técnica, pois o clube não se pronunciou oficialmente, apenas enviaram mensagem informando que o futebol feminino acabaria ali e sem mais explicações ou melhor contato com suas profissionais. Segundo nossa apuração, ainda, nem todas receberam a mensagem. As atletas estão, uma a uma, publicando em suas próprias redes o adeus ao clube.

“Fizemos o último jogo contra o Sport pela Ladies Cup, ganhamos de 2 a 1 e fomos para casa. O jogo foi em uma sexta e no domingo recebemos mensagem no WhatsApp avisando que o futebol feminino acabou no Athletico e sem mais. Isso é ser profissional?”, disse uma das atletas de forma anônima. “Eles não falaram nada para as atletas, nada da diretoria. Simplesmente não trataram nós como profissionais. Falta de respeito com as atletas, com a modalidade e com o futebol feminino no Brasil”, concluiu.

A decisão pegou todas de surpresa, em meio as suas férias, depois de ter sido pentacampeãs paranaenses e esperando a renovação do contrato para a disputa do Brasileirão A2, no qual o time tem vaga e seguia o objetivo de retornar à elite – fato conquistado em 2022, dois anos após a criação da equipe feminina própria. E, com isso, se viram preocupadas com seus futuros, já que muitos times para a série A1 e A2 já estavam praticamente montados e podem ficar sem clube.

Em entrevista ao UmDois Esportes, duas outras jogadoras, também na condição de anonimato, desabafaram sobre a decisão. Veja as falas:

“Um salário de um jogador do masculino banca o time feminino todo. E a gente faz as mesmas coisas que eles, às vezes até mais. A gente vê clubes menores, clubes com menos dinheiro, com menos estrutura, mantendo o feminino” “E a gente sabe que o Athletico, internamente, nunca gostou do feminino, sempre teve por obrigatoriedade, gostar de ter o feminino e realmente apoiar a causa é outra coisa. O Athletico é um clube machista, o Petraglia não gosta do feminino” “A gente pagou por algo que os caras não quiseram fazer, eles não quiseram jogar. Então não importaria se a gente subisse pra A1, se ganhasse títulos, eles iriam acabar de qualquer jeito. A justificativa foi corte de gastos e o feminino é o que menos gasta dentro do clube. A corda estoura para o mais fraco”

Outro detalhe que é importante de ser ressaltado é que o futebol feminino é profissional, não é uma categoria amadora ou de base, como o clube parecia mais ver. Apesar de usar a estrutura profissional do clube, conviver com todas as categorias, inclusive o time masculino, como o Athletico faz em seu CT, na hora de ser dispensadas não foram tratadas com o mesmo respeito.

“Estou me sentindo lesada. Eu acho que eles não trataram a gente como atleta. Mas isso daí não é novidade no futebol feminino. Acho que a gente briga muito e tem que brigar. Mas que não é novidade dentro do futebol feminino, porque aconteceu com o Ceará e com vários outros clubes já” “Várias meninas deixaram de procurar outras oportunidades. Eles não trataram com profissionalismo e não vão tratar. Não me senti tratada como uma profissional, eu me senti como jogadora amadora. O tempo todo o pessoal de lá de dentro fala que a gente tem que agir como profissionalismo, mas eles não tratam a gente como profissional”

A justificativa das ações do clube para 2025 estão todas baseadas em “cortes de gastos”, quando o clube por anos seguidos vem apresentando superávit em suas contas. Vale ressaltar que o custo da equipe feminina é tão ínfimo que nem aparece nos balanços anuais publicados pelo Furacão. E nem se compara aos R$80 milhões gastos na equipe masculina para 2024, que de tão mal investido, caiu para a série B. Acabar com a equipe feminina não é solução nem afeta o financeiro do clube como querem fazer parecer.

Para um clube que sempre se disse profissional, com as melhores condições para todos, que carrega os ventos da Rebeldia, Ambição, Entusiasmo e Inovação, o Athletico está mais para um clube que vem dando passos para trás e retrocedendo em suas decisões. Até quando outros vão ter que pagar pelo erro da gestão?

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