Trivela
·17 de abril de 2023
Trivela
·17 de abril de 2023
A Serie C do Campeonato Italiano está entre as divisões de acesso mais movimentadas da Europa. São nada menos que 60 times envolvidos na disputa, separados em três campeonatos paralelos, regionalizados. Apenas o campeão de cada uma dessas competições conquista o acesso direto, enquanto nada menos que 30 equipes entram nos playoffs que premiam só o campeão com a última promoção. E, neste final de semana, confirmou-se o último dos times ascendidos diretamente. A Reggiana ficou com a honraria, duas temporadas após deixar a Serie B, e adicionará tradição à segundona em 2023/24. Uma novidade é o Feralpisalò, que estreará no segundo nível. Enquanto isso, o Catanzaro possui a história mais interessante: após 18 anos longe da Serie B, a equipe faz uma campanha arrasadora, de 100 gols e próxima dos 100 pontos.
Abaixo, trazemos um breve destaque sobre cada um dos três times que subiram na Serie C. E restarão muitas camisas tradicionais nos playoffs, que por vezes contemplam também boas histórias:
A equipe menos tradicional a conquistar o acesso na Serie C desta temporada é o Feralpisalò, fundado em 2009. O clube da Lombardia surgiu a partir da fusão do Feralpi Lonato e do Salò, dois times que figuravam na Serie D. E a união de forças se mostrou bem-vinda para um salto desde então. Os verdazzurri conquistaram o acesso na quarta divisão logo em 2011 e se estabeleceram como um participante de meio de tabela na Serie C. Durante os últimos anos, o desempenho já vinha melhorando, com campanhas melhores na terceirona. Até que a promoção inédita acontecesse na atual temporada.
O Grupo A integra os clubes do norte da Itália. Nesta temporada, o Feralpisalò não teve a concorrência de tantos adversários tradicionais, com Vicenza e Padova um pouco mais distantes para uma ameaça real. Assim, a promoção veio com antecedência para os verdazzurri, numa campanha que atualmente possui sete pontos de vantagem sobre o Lecco e que se consolidou durante o segundo turno. O destaque fica para a defesa dos Leoni, vazada míseras 20 vezes ao longo de 37 rodadas. A luta contra o rebaixamento, por outro lado, inclui times tradicionais como Piacenza, Triestina e Pro Vercelli com risco de queda para a Serie D.
A Reggiana leva bem mais tradição de volta à Serie B do Campeonato Italiano. Os grenás possuem uma história relativamente curta na Serie A, de apenas três temporadas. A mais marcante delas teve Taffarel na meta do clube, como um dos heróis para evitar o descenso em 1993/94, às vésperas do tetra. Além disso, são 34 aparições na Serie B, a mais recente delas em 2021. Destacam-se neste passado ainda alguns nomes que passaram pela equipe. Carlo Ancelotti foi treinador da Reggiana nos anos 1990, assim como Mircea Lucescu. Já em campo, além de Taffarel, outros jogadores renomados vestiram a camisa grená. A lista de italianos inclui Andrea Silenzi, Angelo Di Livio, Fabrizio Ravanelli, Alberico Evani, Fernando De Napoli e Luigi De Agostini, todos com passagens pela Azzurra. Entre os estrangeiros também há Sunday Oliseh, Obafemi Martins, Paulo Futre, Rui Águas, Georges Grün e Bruno Petkovic.
Pelo Grupo B, a Reggiana teve uma disputa mais parelha com Cesena e Virtus Entella pela liderança. A equipe dominou a primeira colocação desde o fim do primeiro turno, mas perdeu a dianteira para o Virtus Entella há duas semanas. A recuperação pelo menos não tardou e garantiu uma vantagem de quatro pontos desde então, suficiente para selar o acesso com uma rodada de antecedência. Um mérito dos grenás na campanha foi sustentar um aproveitamento como visitante tão bom quanto o de mandante, ambos acima dos 70% dos pontos disputados. Uma figurinha carimbada no elenco é o meio-campista Luca Cigarini, de passagem mais expressiva pela Atalanta. No Grupo B, fica o destaque ainda para o risco de rebaixamento da Alessandria, enquanto o Siena deve ir para os playoffs de acesso.
O Catanzaro possui sua dose de tradição na Serie A. O clube disputou 28 vezes tanto a Serie B quanto a Serie C, mas cumulou sete aparições na elite entre os anos 1970 e 1980. Tempos em que nomes como Carlo Mazzone e Tarcisio Burgnich dirigiram o time, enquanto uma das estrelas em campo era um defensor chamado Claudio Ranieri – que foi capitão dos giallorossi e possui o recorde de aparições pela equipe na Serie A, antes de deslanchar em sua carreira como treinador. O atacante Massimo Palanca é outro ídolo histórico dessa era dourada do Catanzaro. Mais recentemente, a agremiação se viu limitada entre a quarta divisão e majoritariamente a terceira. A última aparição na Serie B havia acontecido em 2006, em descenso provocado por um processo falimentar.
Desta vez, o acesso aconteceu para não deixar pedra sobre pedra. Ainda no meio de março o Catanzaro já tinha confirmado matematicamente a promoção no Grupo C, que reúne os clubes mais ao sul da Itália. Restando ainda mais uma partida por fazer, o Catanzaro possui 96 pontos – 16 a mais que a Reggiana e 28 a mais que o Feralpisalò, para se ter uma noção. A vantagem sobre o segundo colocado do Grupo C, o Crotone, é de 19 pontos, com mais 34 acima do Pescara, em terceiro. Mais impressionante ainda, os gialloblù chegaram aos 100 gols marcados e sofreram somente 18, com 30 vitórias e uma derrota após 37 partidas. Autor de 27 gols na campanha, Pietro Iemmello está entre os destaques do time, assim como o ponta Jari Vandeputte, que serviu 20 assistências e ainda balançou as redes 11 vezes. Foggia é mais um time tradicional perto de descolar uma vaga nos playoffs do Grupo C, enquanto Messina e Avellino correm risco de cair.