Trivela
·28 de dezembro de 2021
Trivela
·28 de dezembro de 2021
O Southampton tinha apenas dez homens em campo, mas mostrou bastante força de vontade para manter o placar empatado em 1 a 1 contra o embalado Tottenham em seu estádio. A partida, realizada nesta terça-feira no St. Mary’s Stadium recompensou a boa atuação dos Saints e brecou a boa fase dos Spurs na Premier League.
Não era uma noite comum para a torcida local em St. Mary’s. Estacionado no meio da tabela, a equipe mandante começou disposta a surpreender os visitantes. Com bastante apetite ofensivo e paciência para trocar passes, o Southampton colocou o Tottenham contra a parede e esteve organizado o suficiente para abrir o placar e administrar sua vantagem.
Essa postura corajosa, unida ao alto nível de concentração dos Saints, permitiu que o primeiro gol do time da casa saísse ainda no primeiro tempo. A fortaleza do Tottenham foi batida em um lance fortuito. Mohammed Salisu cobrou um lateral na área, a defesa afastou, mas James Ward-Prowse aproveitou a sobra e acertou um chute forte no alto da meta de Hugo Lloris. Era a única forma de vazar o arqueiro francês e Ward-Prowse acertou no único espaço em que isso era possível.
Quem pensava que a equipe mandante iria se retrair para apenas sobreviver com a vantagem mínima, se enganou. O Southampton cresceu e se motivou para tentar ainda mais. Encurtando a distância até o gol, os comandados de Ralph Hasenhüttl trabalharam a bola pelas alas, em busca de mais espaço para a finalização. Acuado, o Tottenham precisou recuperar a posse para voltar a levar perigo. Isso só aconteceu ao fim da primeira etapa. Com pouco tempo nessa toada de contragolpe, os Spurs conseguiram um pênalti em Heung-Min Son, aos 40. Harry Kane, que ainda procura sua melhor forma, converteu e empatou.
O pênalti, aliás, foi um duro golpe para Hasenhüttl, que perdeu Salisu pelo segundo cartão amarelo. Até o fim, os Saints tiveram de jogar com apenas dez em campo. Mais do que organização, agora seria necessário ter atenção e alguma sorte. Sobretudo porque o Tottenham jogou todas as fichas no abafa que lhe traria a virada.
O brasileiro Emerson Royal colaborou bastante com a criação ofensiva, mas não conseguiu repetir a partida espetacular que fez domingo. Do contrário: vindo de trás, um dos protagonistas do segundo tempo foi Matt Doherty, que entrou na vaga de um apagado Sergio Reguilón. Antonio Conte mexeu bastante na estrutura do time para os 45 minutos finais, sacando Dele Alli para a entrada de Lucas Moura, que detonou o Crystal Palace na última rodada. Emerson também deixou o campo, cansado, para a entrada de Bryan Gil.
Gil e Doherty, que entraram inteiros, carimbaram a bola a cada ataque. A pressão dos Spurs aumentou, assim como as finalizações ao gol de Fraser Forster, o grande salvador dos Saints. Quase onipresente nos chutes do Tottenham, o goleirão ainda contou com a sorte: em uma dividida pelo alto com Doherty, Forster saiu mal e espanou, vendo a bola bater no calcanhar do lateral rival e entrar. Teria sido um frangaço, não fosse o contato irregular de Doherty com o goleiro, prontamente assinalado pela arbitragem.
Até o fim, Doherty tentou aparecer como elemento surpresa no ataque, finalizando quatro vezes, sendo uma delas defendida no reflexo por Forster. Quanto mais o tempo passava, mais a defesa dos Saints se cansava de cobrir os buracos na marcação. Abusando dos cruzamentos e dos arremates sem tanta precisão, o Tottenham parecia conformado com o ponto e pagava o preço de sua exaustão, afinal de contas, havia jogado muito bem 48 horas antes contra o vizinho Crystal Palace e não tinha mais tanta energia de sobra. Após 21 finalizações, sendo 11 na meta, o Tottenham ficou resignado.
O apito final foi ouvido com certo alívio pelos dois times. Melhor para o Southampton, que depois de vencer o West Ham, sensação da temporada, segurou um empate contra mais uma equipe do Big Six. Em sexto, com dois jogos a menos que os Hammers (que bateram o Watford por 4 a 1 na rodada), o Tottenham gerencia sua condição física para dar o salto no começo do ano.
A distância dos Spurs para a zona da Liga dos Campeões (o Arsenal ocupa o quarto posto) é de cinco pontos e pode ser pulverizada com os jogos pendentes. É com isso que Conte está na cabeça para encaixar a sua arrancada final, já que uma campanha de recuperação na Premier League é o grande foco nessa primeira temporada do italiano no cargo.