FNV Sports
·24 de setembro de 2020
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A coluna Lado B do Futebol traz nesta semana o caso de “mensalão” (esquema de compra de votos) que decidiu a eleição presidencial da Fifa, em 2011. A bem da verdade, não é fácil derrubar chefes de confederações de futebol. A Fifa, entidade máxima do futebol, por exemplo, teve apenas 10 presidentes em 116 anos de existência. Talvez este tenha sido o principal motivo do catariano, Mohamed Bin Hammam, então presidente da AFC (Confederação Asiática de Futebol) ter subornado funcionários da UCF (União Caribenha de Futebol), ligados à CONCACAF (Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe), sabendo que seria difícil concorrer contra o suíço Joseph Blatter e vencer a eleição.
Apesar de não ser uma maneira honesta, esta foi a alternativa encontrada por Bin Hammam. Em maio de 2011, Blatter completaria 13 anos à frente da Fifa e, como já era esperado, tentaria se reeleger. No entanto, seu único candidato de oposição era Hammam, líder da AFC e, posteriormente, envolvido com o escândalo da escolha do Catar como sede do mundial de 2022 – um dos casos que contribuiu para o banimento do suíço do futebol.
Sabendo que seria difícil vencer, Hammam, em reunião no Caribe, entregou envelopes com 40 mil dólares para cada um dos representantes das confederações. A justificativa era que o valor seria um generoso presente para que os cartolas investissem em categorias de base ou usassem o valor da maneira que quisessem. Uma das figuras que auxiliou o catariano foi Jack Warner, então vice-presidente da Fifa e presidente da CONCACAF.
Segundo o site Daily Telegraph, Warner fez uma polêmica declaração aos dirigentes. “Se você for piedoso, vá a amigos da igreja, mas o fato é que nosso negócio é da nossa conta”. Ou seja, se alguém recusasse o conteúdo do envelope, deveria ficar quieto. Porém, a única coisa que seria capaz de deter tal tentativa de suborno seria a honestidade de um dos cartolas.
Um dos presidentes de confederação não pôde comparecer à reunião em que fora distribuída a quantia, e encaminhou seu substituto. Fred Lunn, vice-presidente da Associação de Futebol das Bahamas, foi ao evento e ficou surpreso ao abrir o envelope com quatro volumosos maços de notas de cem dólares cada. Intrigado, Lunn desconfiou que o dinheiro seria para a compra de voto, e reportou ao presidente da confederação, Anton Sealey.
Por fim, Sealey reportou ao secretário-geral americano da CONCACAF, Chuck Blazer, que denunciou Hammam e Warner, e abriu um processo de investigação. O primeiro alegou – como afirmado anteriormente – que o valor era apenas um presente para que os representantes investissem em suas confederações, papel que não cabe ao presidente da AFC, e disse que iria continuar concorrendo ao posto máximo da Fifa. O segundo negou todas as acusações.
No entanto, um dia antes da eleição, o catariano desistiu de sua candidatura, o que aumentou as suspeitas de crime de suborno e, consequentemente, reelegeu Blatter sem concorrência opositora. Membro do comitê executivo da Fifa desde 1983, Warner renunciou a todos os cargos da Fifa voluntariamente, em 2011. Bin Hammam foi banido de todas as atividades esportivas, em 2012.
Foto destaque: Reprodução/Pixabay
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