Calciopédia
·31 de março de 2020
Calciopédia
·31 de março de 2020
A história da Juventus está repleta de jogadores utilitários, que viram seu futebol e o número de troféus crescerem em suas passagens pela Velha Senhora. Giancarlo Bercellino, Angelo Alessio, Renato Buso, Beniamino Vignola, Moreno Torricelli, Sergio Porrini, Alessandro Birindelli, Mark Iuliano, Alessio Tacchinardi, Simone Pepe, Emanuele Giaccherini, Simone Padoin… a lista é extensa. E ela contém o defensor Luciano Favero, que defendeu os bianconeri nos anos 1980.
Favero nasceu no fim da década de 1950 na província de Veneza. Vivendo em um casa cheia, já que tinha seis irmãos, Luciano teve que fazer de tudo para ajudar sua família. A necessidade se tornou o grande combustível para que ele se tornasse uma pessoa capaz de se adaptar às situações. No futebol, também foi assim: passando pela base do Mestre e do Varese, o vêneto se moldou como um jogador versátil, que podia jogar em qualquer posição na defesa. Em sua carreira, Favero marcou presença sobretudo como lateral-direito defensivo e como zagueiro, por ser forte e taticamente inteligente.
Já morando na Lombardia, onde estava desde que acertou com o Varese, Luciano se profissionalizou na minúscula Milanese 1920. Depois disso, o defensor foi para o sul do país, onde vestiu as camisas de Messina e Salernitana, na Serie C. As primeiras glórias de Favero ocorreram na costa meridional da Sicília, com o Siracusa.
O lateral-direito fez parte de um dos momentos mais felizes da história dos leoni. O pequeno Siracusa, que teve como melhor colocação um 5º lugar na Serie B, em 1951, estava na quarta divisão quando acertou com Favero e garantiu o acesso à terceirona em 1979. No mesmo ano, também foi campeão da Coppa Italia de Semiprofissionais (atual copa da Serie C).
Após contribuir para a permanência dos aretusei na terceira categoria, Luciano se transferiu ao Rimini, que estava na Serie B na época. O defensor foi titular absoluto dos biancorossi e manteve o bom nível na segundona, o que gerou interesse de clubes maiores. Favero já era conhecido pelo que mostrou no sul da Itália e retornou à região depois que o Avellino o contratou. Com quase 24 anos, o vêneto teria a chance de estrear na Serie A.
Em 92 jogos pelos irpini, Favero se mostrou em definitivo para o futebol italiano. Absoluto na equipe biancoverde, atuando como lateral-direito ou zagueiro, o jogador contribuiu para a era de ouro do Avellino, que conseguiu permanecer na elite durante uma década. Luciano passou três anos no clube da Campânia e atuou em todas as rodadas da Serie A tanto em 1982-83 quanto em 1983-84. Nessas temporadas, o time ficou em 8º, 9º e 12º, respectivamente.
A afirmação no Avellino fez com que a Juventus visse em Favero o substituto ideal para o lendário Claudio Gentile, que estava de saída para a Fiorentina. Assim, em 1984, o vêneto aportou em Turim para herdar a posição na lateral direita bianconera e dividir a responsabilidade na defesa com o goleiro Stefano Tacconi (ex-companheiro de Avellino), os zagueiros Gaetano Scirea e Sergio Brio, e o lateral-esquerdo Antonio Cabrini. Luciano, que poucos anos antes estava na terceira divisão, integraria agora uma das defesas mais sólidas do mundo.
Logo de cara, Favero garantiu sua presença entre os titulares de Giovanni Trapattoni, já que sua versatilidade ajudava os seus companheiros de defesa. Na primeira temporada, foi um dos juventinos que mais vezes entrou em campo (fez 30 partidas) e somou dois títulos – ambos sobre o Liverpool de Joe Fagan. Em 1984-85, a Juventus faturou a Supercopa Uefa e a Copa dos Campeões. Para coroar o grande ano da Juve, a equipe ainda faturou o Mundial de Clubes em cima do Argentinos Juniors. Apesar de todas essas conquistas inéditas, a Tragédia de Heysel, na mais importante decisão europeia, deixou um gosto para os bianconeri e o próprio Favero.
Favero esteve presente como titular em todas as finais, o que mostrava sua importância para o time de Trapattoni. Era ele que segurava a onda ao exercer a função de zagueiro pela direita e fechar a linha de quatro defensores como lateral, quando o time não tinha a bola. Assim, liberava o ponta Massimo Briaschi e também permitia que Michel Platini e Zbigniew Boniek tivessem a sustentação defensiva necessária para se preocuparem apenas em criar jogadas.
Em 1985-86, último ano da gestão Trap, Favero jogou todas as partidas do campeonato e marcou um gol contra a Udinese, contribuindo bastante para o título da Serie A. Novamente, foi o juventino que entrou mais vezes em campo na temporada (teve 44 aparições). O feito se repetiu em 1986-87, quando atuou em 43 partidas e contribuiu para o vice-campeonato italiano da Velha Senhora.
Dali em diante, Favero perdeu espaço na Juventus: deixou de ser titular absoluto para ser uma peça ainda importante, mas que competia com Roberto Tricella e Pasquale Bruno. Em 1989, depois de 202 aparições pela Velha Senhora, Luciano foi jogar no Verona. O Hellas era treinado pelo lendário Osvaldo Bagnoli e tinha um elenco razoável, com nomes como Angelo Peruzzi, Nelson Gutiérrez, Robert Prytz, Marino Magrin, Pietro Fanna e Maurizio Iorio. Favero atuou em todas as rodadas da Serie A, mas o time não engrenou e acabou sendo rebaixado.
Após devolver os butei à elite, em 1991, o defensor decidiu voltar para perto de casa. Até 1996, Favero disputou a quinta e a quarta divisões pela Miranese, equipe de Mirano, cidadezinha da região metropolitana de Veneza, a apenas sete quilômetros de Santa Maria di Sala, onde Luciano nasceu. Aos 38 anos, então, se aposentou e se afastou definitivamente do futebol.
Favero se mostrou um jogador sempre consistente, convencendo até os céticos, que não acreditavam que ele conseguiria ter uma boa performance nos grandes jogos. Assim como Brio, um de seus grandes companheiros de zaga na Juventus, o versátil defensor jamais vestiu a camisa da seleção italiana. A forte concorrência no setor e o menor número de partidas de selecionados nacionais naquela época pesaram. Se jogasse nos tempos atuais, o sólido Favero certamente teria sido testado na Squadra Azzurra.
Luciano Favero Nascimento: 11 de outubro de 1957, em Santa Maria di Sala, Itália Posição: lateral-direito e zagueiro Clubes como jogador: Milanese 1920 (1975-76), Messina (1976-77), Salernitana (1977-78), Siracusa (1978-1980), Rimini (1980-81), Avellino (1981-84), Juventus (1984-89), Verona (1989-91) e Miranese (1991-96) Títulos conquistados: Coppa Italia da Serie C (1979), Supercopa Uefa (1984), Copa dos Campeões (1985), Mundial de Clubes (1985) e Serie A (1986)
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