Trivela
·03 de dezembro de 2022
Trivela
·03 de dezembro de 2022
Denzel Dumfries é um rosto relativamente novo da seleção holandesa. Começou ser convocado depois da Copa do Mundo da Rússia, da qual a Laranja não participou, e teve seu momento de maior destaque na última Eurocopa. Foi um dos melhores laterais direitos do torneio e ganhou uma transferência do PSV para a Internazionale. Válvula de escape importante do time de Louis van Gaal, suas atuações fracas na fase de grupos foram um dos motivos das dificuldades ofensivas da Holanda. E isso ficou ainda mais claro neste sábado quando ele foi o principal responsável pela classificação às quartas de final, após a vitória por 3 a 1 sobre os Estados Unidos.
Nascido em Roterdã com sangue do Suriname, pelo lado da mãe, e de Aruba, pelo lado do pai, Dumfries teve que tomar uma decisão importante quando ainda era muito novo, prestes a completar 18 anos. Foi convocado pela seleção de Aruba para dois amistosos contra Guam e chegou até a marcar um gol na segunda partida. No entanto, não queria abrir mão do sonho de defender a Holanda. O então técnico do time do Caribe, Giovanni Franken, admitiu que até deu risada quando soube da decisão do jovem lateral direito porque ele ainda defendia o BVV Barendrecht, clube majoritariamente amador do futebol holandês. A sua ascensão, porém, seria muito rápida.
Alguns meses depois daqueles amistosos, chegou às categorias de base do Sparta Roterdã e estreou no time principal em 2015. Foi contratado pelo Heerenveen em 2017 e chegou ao PSV, em julho de 2018, mais ou menos na mesma época em que estreou pela seleção holandesa, sendo titular contra a Alemanha pela Liga das Nações. Jogando quase sempre ao longo do último ciclo, chegou a 41 partidas pelo time nacional ao entrar em campo contra os Estados Unidos neste sábado.
Enquanto ascendia pela seleção, foi também um destaque do PSV e o intenso brilho na Eurocopa chamou a atenção da Internazionale, que o contratou em 2021 por cerca de € 14 milhões. Foi geralmente titular do time treinado por Simone Inzaghi, muito bom em usar alas ofensivos, que brigou pelo Campeonato Italiano com o Milan até a última rodada. Começou jogando 13 das 15 rodadas da Serie A nesta temporada, antes da paralisação para a Copa do Mundo.
Em uma Holanda que não tem tanto talento ofensivo quanto em tempos passados, as suas chegadas ao ataque são importantíssimas. Na fase de grupos, elas mal apareceram. Dumfries deu apenas cinco cruzamentos nos três primeiros jogos da Copa do Mundo e não acertou nenhum. Tem a ver também com o estilo que Louis van Gaal adotou para aquelas partidas, com um toque de bola mais lento e controlado que oferece poucas oportunidades para o ala avançar em velocidade e transição.
Contra os EUA, a estratégia foi um pouco diferente. A Holanda ela primeira vez teve menos posse de bola que o adversário. Atraiu os americanos para castigar no contra-ataque, um cenário muito mais propício para Dumfries, que não apenas quase igualou a quantidade de cruzamentos das rodadas anteriores, com três, como deu assistências para os dois primeiros gols e apareceu na área para marcar o terceiro, no momento em que os Estados Unidos haviam descontado e começavam a ameaçar de verdade a vaga holandesa nas quartas de final.
Os passes foram de alta qualidade. Em ambos, não jogou a bola na área de qualquer jeito, mas procurou a melhor opção, servindo Memphis Depay e Daley Blind para os dois primeiros gols com passes rasteiros. Também participou de outras jogadas perigosas, como em uma grande defesa de Matt Turner, no começo do primeiro tempo, e outra, pouco depois, em batida de Memphis de fora da área. Na defesa, cortou em cima da linha, após Haji Wright driblar Andries Noppert. Após o gol americano, foi responsável pelo alívio da Holanda, aparecendo completamente livre para completar de canhota o cruzamento de Blind.
Como nos melhores momentos de uma Holanda que conseguiu recuperar protagonismo após ficar fora de duas grandes competições em sequência, Dumfries foi decisivo e mostrou o quanto acionar melhor as suas qualidades havia feito falta durante a fase de grupos. Com confiança, tentará fazer o mesmo na próxima semana, quando a seleção holandesa enfrentará Argentina ou Austrália em busca de retornar à semifinal da Copa do Mundo – como em 2014, também sob comando de Van Gaal.
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