Em 1º coletiva, Paulo André aponta erros da gestão, explica saída de Rafael Cabral e apoia trabalho de Seabra | OneFootball

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Deus me Dibre

·26 de abril de 2024

Em 1º coletiva, Paulo André aponta erros da gestão, explica saída de Rafael Cabral e apoia trabalho de Seabra

Imagem do artigo:Em 1º coletiva, Paulo André aponta erros da gestão, explica saída de Rafael Cabral e apoia trabalho de Seabra

Atuando como diretor executivo interino do Cruzeiro, Paulo André concedeu sua primeira entrevista coletiva desde sua chegada à Toca da Raposa, há mais de dois anos. Durante a entrevista realizada nesta sexta-feira, ele detalhou o projeto esportivo do clube, defendeu a gestão de Ronaldo e esclareceu a saída do goleiro Rafael Cabral. O dirigente também expressou total apoio no trabalho do técnico Fernando Seabra, que substituiu o argentino Nicolas Larcamón.

Faz dois anos e quatro meses que o Ronaldo assumiu a gestão do clube. Desde então, os principais esportivos e financeiros foram atingidos. O acesso à Série A, a manutenção na primeira divisão, Sul-Americana. Pela primeira vez nesse ano, tivemos uma falha em nosso objetivo esportivo, que foi a queda na primeira fase da Copa do Brasil na primeira fase, não estava nos planos. Foi um grande fracasso. Em todos os outros objetivos no ano, continuamos vivos. Reconhecemos o desempenho abaixo do esperado na Sul-Americana. Pelo tamanho do Cruzeiro, deveríamos ter, no mínimo, sete pontos. Agora, é hora de correr atrás para conseguir a classificação e voltar ao status normal. O Brasileiro iniciou agora. Tivemos três jogos, 44% de aproveitamento, e o objetivo de terminar na primeira parte da classificação. Ainda faltam 35 jogos e faremos o possível para conseguir esse objetivo.”

Paulo André esclareceu que Rafael Cabral manifestou o desejo de ser negociado pelo Cruzeiro, solicitando sua saída já no dia seguinte ao empate com o Alianza. Embora inicialmente tenha concordado em permanecer posteriormente decidiu não prosseguir no clube, desencadeando assim as negociações para sua saída:


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Do Rafael Cabral, foi um pedido dele sair do clube naquele momento. Na sexta-feira após Alianza ele me ligou e pediu para ser negociado. Eu pedi paciência, para conversarmos no sábado. No sábado pela manhã, ele conversou com o Seabra antes do treino e definiu que ele ia para o jogo. Naquela tarde, eles foram para casa e voltariam para concentração. Aí, uma opinião, talvez, em casa, ele foi convencido pela família para me ligar e pedir para sair. Assim se deu. Nessa segunda ligação, disse que ele não teria cabeça para estar no jogo e que estaria fora e trataremos a saída. Iniciamos a negociação com um clube e acabamos finalizando com outro, que foi o Grêmio.

O dirigente demonstrou surpresa em relação à turbulência enfrentada pelo clube no início do ano, admitindo que não esperava por ela. Ele ressaltou que a eliminação na Copa do Brasil representou um grande revés tanto financeiro quanto esportivo para o Cruzeiro:

“O balanço do ano até aqui poderia ter desempenhado melhor. Tivemos bons momentos, outros mais difíceis. Acho que precisamos ter uma estabilidade para conseguir passar essa confiança ao torcedor e dentro do elenco, pois os desafios serão grandes. Fizemos um balanço do ano passado e buscamos dentro das nossas possibilidades financeiras fazer um mercado que melhorasse o nível médio do plantel e pontualmente pudesse trazer reforços de peso para marcar diferença na equipe. Quando esses reforços chegaram, acredito que a grande maioria entendeu que o Cruzeiro tinha se movimentado bem no mercado. Temos a convicção que internamente que os jogadores, uns ainda se adaptando e outros performando nos colocam numa prateleira acima do ano passado. Só que não temos condição financeira de fazer todas as mudanças e acelerar o processo de mudança que todos nós cruzeirenses gostaríamos. É um processo de mercado a mercado ir subindo o nível médio do plantel e ir se estruturando enquanto isso acontece.”

Confira outros pontos da coletiva:

Processo de escolha de um novo diretor:

“Inicialmente não temos pressa pra tomar essa decisão. A ideia de eu estar aqui é causar a menor quantidade de ondas possíveis com a saída do Pedro. Conheço bastante a operação e o dia a dia. Nos últimos dois anos estive menos presente, nesse ano estou mais presente. Seguimos a linha de trabalho do projeto da mesma forma. Com o tempo veremos se há necessidade de trazer alguém e o perfil dessas pessoas.”

Sobre a comunicação externa junto ao torcedor:

“Talvez haja falha de comunicação no sentido de que a forma que estamos traduzindo o erro e fracasso, que coloquemos. Tivemos quatro treinadores ano passado, oscilamos ao ponto de correr algum risco de cair e todos se juntaram para ter sucesso no final. Não quer dizer que não fracassamos ou estar tudo certo. Apesar de tudo, atingimos o objetivo dentro do orçamento, sem estourá-lo, independente de quantos jogadores ou técnicos saíram, porque as condições de todos os acordos foram dentro das nossas possibilidades. O que tentamos fazer é errar pequeno e corrigir logo. Vamos errar o tempo todo, o que temos que fazer é acertar grande. Vamos corrigindo, tentando controlar e ganhando tempo para esse projeto ser mais maduro e preparado para os desafios que o Cruzeiro pode. O que não podemos é contar mentira ao torcedor e gerar uma expectativa que não é real. É um sofrimento nosso porque é complicado comunicar isso, é chato pra caramba, mas é a realidade. Se a gente tem um orçamento x e vai no mercado ser criativo, trazemos jogador dentro do universo que podemos trazer. Não somos o Flamengo que foi lá e comprou o De La Cruz por 15 milhões de euros e pronto. Impossível errar.

Análise do mercado feito pelo clube na janela de início de ano:

A nossa realidade é outra. Das nove que vieram, uma teve transferência, duas tiveram valor de empréstimo baixo, todas as outras foram criativas. Essa é a realidade do Cruzeiro hoje. Posso vir aqui e contar uma mentira que em julho vamos trazer três nomes. Não vai trazer. Vamos tentar melhorar de acordo com nossas análises de reconhecimento de setores que precisam ser fortalecidos, há características para ter mais equilíbrio no plantel, mas milagre a gente não faz. Estou aqui para assumir todos os erros, a responsabilidade é minha, as trocas de treinadores. Depois do Pepa, a sequência de treinadores a gente errou muito. Tentamos estilos diferentes por momentos e questão de mercado. Acho que a resposta estava em casa desde o dia 01. Queria eu ter votado no Seabra no pós Pepa após o jogo contra o Bragantino e foi muito bem. Demos essa volta inteira para hoje ter o Seabra e falar que esse é o cara do nosso projeto. Precisa ser desenvolvido, ser ajudado e apoiado no sentido de crescimento pois é uma experiência gigantesca dirigir o Cruzeiro no seu primeiro grande trabalho, mas a essência do jogo dele tem a ver com o que achamos que o Cruzeiro deve praticar. Ele praticou isso no Sub-20, nos seus outros trabalhos e identificamos que tem a ver com o que tem que fazer.”

Processo seletivo de treinadores:

“Todos estão fazendo, analisando, fazendo entrevista. Uma coisa é entrevistar e outra é na prática e analisa. Encerramos rapidamente alguns ciclos e não víamos futuro dentro do trabalho que vinha acontecendo. É muito mais erro de entrada do que de saída.”

Sua função dentro do clube e o cargo exercido pelo ex-volante Elias:

‘O Elias não tem nenhum papel ou poder de decisão aqui no Cruzeiro ou no Valladolid. O Elias é um assessor exclusivo do Ronaldo que tem livre entrada nos dois clubes para acompanhar treinos e jogos, mas não participa das reuniões executivas nem do Cruzeiro ou do Valladolid. O meu papel, fui contratado em junho de 2021 quando o Valladolid caiu para segunda divisão para reformular todas estratégia do clube e definir diretor de futebol, treinador e estrutura do clube. Seis meses depois o Ronaldo comprou o Cruzeiro e me contratou para fazer o mesmo processo aqui. Meu papel foi definir com clareza as diretrizes estratégicas e os limites sobre os quais o diretor de futebol e as pessoas do futebol atuam. Falo de futebol do Cruzeiro, não do negócio como um todo, da parte administrativa, dívida e etc. Meu papel é definir esse norte e dar autonomia ao diretor para que ele tomasse as decisões. Não estive no dia a dia com grande frequência, vinha uma semana a cada dois meses, quem me acompanha sabe disso. Sempre estive presente nas grandes decisões, mas as em geral, essa o diretor tinha total para tocar como quisesse.”

Aproveitamento da base e reforços:

“Acho que o Campeonato Mineiro a gente poderia ter usado muito melhor não só a base como os jogadores que chegaram. Os minutos foram mal compartidos. Dito isso, a base não é uma máquina de fazer latinha de metal. Não é cíclico nem lógico. Quando se inicia uma captação nesse projeto, o menino chega com 12, 13 anos. Leva entre seis a sete anos para ele sair com características na forma que acreditamos. Pelo cenário e tamanho do orçamento do Cruzeiro, é sempre questionável ou arriscado expor meninos a situações de extrema pressão, então temos que ter responsabilidade. A partir do momento que eles sobem e são considerados dentro do profissional, eles precisam mostrar que estão prontos e preparados. Aconteceu com o Japa, com o Robert. Também entendemos que o processo dos meninos entre 18 e 20 anos é de oscilar, se empolgar, errar, sair, é um processo de etapas. Os fora da curva jogam e performam. Os médios e que são bons vão levar mais tempo e isso é normal.”

Autonomia do técnico:

“O treinador tem 100% de autonomia, a gente não se mete nisso. Quando o Pedro falou de entregar a chave, as coisas eram da vontade do treinador, desde elenco, logística, mas é isso. A gente não acredita em modelo de salvador da pátria e que as coisas são construídas coletivamente. Em grande parte dos clubes já é assim, mas sempre tem um ou outro que extrapola isso. O treinador que não aceita isso não faz sentido pra gente.

Processo para manutenção ou troca de treinador:

“A gente defende uma teoria que há três grandes razões para troca de treinador. A primeira delas é gestão de vestiário, fazer os jogadores acreditarem naquilo que ele está traçando, é o principal. Segundo motivo, a gestão e metodologia de treinamento e aplicação ao longo da semana no jogo. Terceiro motivo, a capacidade de renovar essas artes ano a ano como o Abel Ferreira vem fazendo no Palmeiras há quatro anos. A curva de desempenho e resultado não andam juntas, mas a leitura e os sinais do dia a dia que se tem para tomar a decisão. Hoje foi o primeiro treino de verdade que ele teve, semana que vem teremos uma semana cheia, que ele consiga aplicar sua forma de jogar e os jogadores assimilem isso, para não oscilar tanto e não fazer a alegria de alguns de vocês (imprensa) e deixar os torcedores de cabelo em pé.”

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