Última Divisão
·11 de março de 2024
Última Divisão
·11 de março de 2024
Por Rodrigo Rossi
Certamente você já conhece ou ouviu falar de alguma seleção que geograficamente faz parte de um continente, mas em termos de futebol é filiada à confederação de outro. Exemplos como Guiana, Suriname, Cazaquistão e Israel. Os motivos para essas situações são diversos, e variam de conflitos geopolíticos a proximidades culturais.
A Austrália faz parte deste grupo de países, integrando o continente da Oceania, mas filiada à Confederação Asiática de Futebol (AFC). A entrada do país na AFC aconteceu em 2005 e o motivo foi promover o desenvolvimento do futebol profissional, uma vez que o país era dominante na Oceania, onde a maioria das seleções são semiprofissionais ou amadoras.
Após a troca de filiação, a Liga Nacional de Futebol (NSL) deixou de existir, dando lugar à A-League como principal divisão de futebol profissional do país. O campeonato possui o sistema de franquias (assim como a MLS, por exemplo) e não possui promoção e rebaixamento.
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Desde o início da concepção do campeonato, foi reservada uma vaga de franquia para a Nova Zelândia, como forma de promover o desenvolvimento profissional dos países vizinhos e aumentar a visibilidade da A-League na região. Dessa forma, tornou-se um campeonato nacional com um time de outro país – e de outra federação, uma vez que a Nova Zelândia continua integrante da Oceania.
Inicialmente a A-League foi criada com oito equipes, sendo o New Zealand Knights o representante neozelandês no campeonato australiano. No entanto, a equipe participou de apenas duas temporadas e foi extinta. A partir da temporada 2007/08, a vaga de franquia foi repassada para outra equipe da Nova Zelândia, o Wellington Phoenix, sediado na capital do país.
Assim como o New Zealand Knights, que foi o último colocado nas duas temporadas que participou da A-League, os dois primeiros anos do Wellington Phoenix foram turbulentos, ficando respectivamente na oitava (2008) e na sexta (2009) colocações.
Só que, a partir da temporada 2009/10, a competição contaria com 10 franquias – e o time neozelandês conquistou o quarto lugar na temporada regular, sendo o primeiro grande resultado do time, uma vez que se classificou para os play-offs e só foi eliminado pelo Sydney FC na semifinal.
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As temporadas seguintes seguiram irregulares para a equipe. Houve edições de péssimas campanhas, como em 2012/13, 2013/14, 2015/16, 2016/17, 2017/18 e 2020/21, temporadas em que a equipe ficou fora dos playoffs no campeonato regular. Mas houve bons momentos, como as temporadas 2010/11, 2011/12, 2014/15, 2018/19, 2021/22 e 2022/23, nas quais a equipe conseguiu avançar para os playoffs, mas não passou das quartas de final em nenhuma ocasião. Em 2019/20, o time de Wellington foi o terceiro, seu melhor desempenho até então na temporada regular, mas novamente foi eliminado nas quartas de final pelo Perth Glory.
O Wellington Phoenix vem surpreendendo na temporada 2023/24 da A-League. Faltando seis partidas para encerrar a fase regular, a equipe já soma 40 pontos (com 11 vitórias), faltando seis pontos para igualar sua melhor temporada na fase regular (2014/15) da competição.
A equipe lidera o campeonato australiano com três pontos de vantagem sobre o segundo colocado, o Central Coast Mariners, que possui um jogo a menos. O time neozelandês tem a segunda melhor defesa (22 gols sofridos em 21 jogos), é o melhor visitante do campeonato e o segundo melhor mandante. O jogador neozelandês Kostas Barbarouses é o principal marcador da equipe, com 10 gols anotados.
A diminuição da vantagem na liderança se deve à primeira derrota no ano, sofrida diante do Melbourne City em 9 de março: jogando fora de casa, a equipe neozelandesa perdeu para a australiana pelo placar mínimo. Antes dessa derrota, a equipe não perdia desde 4 de janeiro, estando há 10 jogos sem derrotas pelo campeonato, contabilizando cinco vitórias e cinco empates no período.
A equipe tem pela frente quatro jogos em casa e dois jogos fora, estando praticamente garantida para os playoffs da competição, mesmo que não termine na liderança.
O sucesso da equipe é um importante motor para o desenvolvimento do futebol profissional na Nova Zelândia, considerando que o país não tem nenhuma liga profissional do esporte e o principal time do país (Auckland City), mesmo disputando Mundiais de Clubes como representante da OFC, é semiprofissional.
Uma novidade importante é que duas novas franquias serão incorporadas na A-League a partir da temporada 2025/26, aumentando para 14 equipes o número de integrantes, sendo uma da cidade de Camberra (Austrália) e outra de Auckland (Nova Zelândia). O ingresso de uma segunda equipe neozelandesa no campeonato australiano visa ainda mais a expansão da marca na região, uma vez que Auckland é a maior cidade do país, e auxilia na formação e desenvolvimento de novos atletas.
Além disso, ajuda na profissionalização da seleção nacional, uma vez que que, a partir da Copa do Mundo de 2026, a Oceania terá uma vaga direta, sendo a Nova Zelândia ampla favorita no continente.
Duas coisas são certas. A primeira: o novo time neozelandês a ingressar na A-League não será o Auckland City, pois ele não poderia mais representar a OFC em competições internacionais se disputasse a liga australiana. Uma nova equipe será criada e o anúncio do nome acontece em março de 2024.
A segunda: mesmo vencendo a temporada regular do campeonato australiano (ou a fase de playoffs), o Wellington Phoenix não se qualifica para a Liga dos Campeões da Ásia, pois a AFC não aceita um membro de outra confederação jogando suas competições. Assim, a vaga seria repassada ao melhor time australiano não classificado.
Seria esse segundo fato um desmotivador para a equipe seguir fazendo boas exibições e garantindo resultados na A-League? O desempenho em 2024 mostra que não.
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