oGol.com.br
·08 de dezembro de 2024
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Ninguém foi tão resiliente quanto o botafoguense. Que esperou uma vida para ver o time campeão da América. E quase três décadas para voltar a ser campeão brasileiro. O fim da espera pelo título nacional foi neste domingo. Aquele torcedor que ano passado não acreditou quando o time, depois de tanto tempo na liderança, com tamanha vantagem, foi atropelado pelo Palmeiras no sprint final. O torcedor do time de Quarentinha, Heleno, Nilton Santos, Garrincha, Zagallo, Maurício, Túlio Maravilha... Esse torcedor lotou o Nilton Santos e realizou um sonho. Em um jogo morno, do jeito que a torcida queria: sem emoção. O 1 a 1 contra o São Paulo bastou: o Botafogo é campeão brasileiro em 2024!
No ano mágico da história do clube, o Glorioso, uma semana depois de levantar a Libertadores, foi campeão brasileiro pela terceira vez na história. A Estrela Solitária brilha mais que nunca. E pode brilhar ainda mais: o Alvinegro já na próxima semana joga contra o Pachuca, na Intercontinental. Já o Tricolor vai jogar a Libertadores ano que vem.
O São Paulo começou o jogo com a bola. Sem pressão, mas ao mesmo tempo querendo mostrar serviço, os comandados de Zubeldia procuraram manter viva a filosofia aplicada pelo técnico ao longo da temporada. Do outro lado, o Botafogo, que precisava apenas do empate para ser campeão, adotou postura reativa. Também não procurou acelerar o jogo. O que fez o começo ser de pouca intensidade.
Depois dos dez minutos, o Glorioso passou muito tempo com a bola nos pés. Pela primeira vez na partida, ficava mais tempo com a posse de bola, sem pressa para avançar. O relógio jogava a favor: cada minuto que passava, era um passo a mais rumo ao título. A primeira jogada mais aguda foi aos 13, de Luiz Henrique, que deixou o marcador pelo caminho e mandou na área para Igor Jesus, meio sem jeito, completar para fora. Aos 15, Marçal arriscou de longe, sem acertar o alvo.
Depois do chute de Marçal, o jogo voltou a se arrastar. O Bota resolveu não apertar. Não aumentou o tom, e o Tricolor aceitou. Até que, aos 31 minutos, depois de boa jogada pela direita, Savarino cruzou bem, e Igor Jesus ganhou no alto da defesa para cabecear. Jandrei fez a defesa sem muita dificuldade.
Aos 36 minutos, a torcida alvinegra aumentou o tom no Nilton Santos: o Fluminense havia aberto o placar contra o Palmeiras. Aproveitando o "gancho", Marlon Freitas recuperou bola em passe errado de Sabino e deixou na frente com Igor Jesus, que abriu na direita para Savarino. Com muita categoria, o venezuelano mandou de cavadinha por cima de Jandrei e correu para o abraço. Em um minuto, tudo mudou...
O segundo gol quase saiu logo na sequência. Alex Telles recebeu nas costas da marcação, saiu na cara do gol, mas parou em Jandrei. Mas a bola seguiu viva na área e Igor Jesus concluiu para outra grande defesa de Jandrei. A bola ainda caminhou na direção do gol, mas acabou afastada pela defesa. Igor Jesus ainda teve uma última chance antes do intervalo, sem acertar o alvo.
O Botafogo entrou com mais intensidade no segundo tempo. Apertou, em busca do segundo gol, e chegou muito perto em chute de Luiz Henrique da entrada da área. A bola foi no cantinho, e Jandrei se esticou todo para fazer a defesa.
A intensidade do ataque, porém, não foi a mesma da defesa. Aos 17 minutos, Marlon Freitas vacilou em saída de bola e perdeu para William Gomes, que saiu na cara do gol. O jovem tirou de Jhon e mandou para a rede para deixar tudo igual no Nilton Santos.
O clima de festa virou apreensão. Mas o São Paulo não apertou depois do gol. Manteve a cautela, tocando a bola com paciência. O Bota deu dois passos atrás e, quando tinha a bola, também cadenciava. O relógio voltou a ser o melhor amigo. Mas o tempo passava tão lento que a torcida parecia viver cada dia dos quase 30 anos sem título brasileiro.
Depois dos 30 minutos, os torcedores voltaram a cantar. Com certa apreensão: todo botafoguense é supersticioso. Eram gritos "tímidos". Cautelosos. Mas que se aqueciam com o passar do tempo. As quase 42 mil pessoas no Nilton Santos contaram os segundos. Como pareciam contar, também, os jogadores no campo, em um final de jogo com toques para um lado, toques para o outro, sem ninguém avançar.
Nem a arbitragem quis esperar muito: foram dois minutos de acréscimos. Mas foi preciso de um para a espera acabar: Jandrei errou em saída de bola, Gregore recuperou e saiu na cara do gol para tirar de Jandrei e sair para o abraço. Para o abraço do povo: a Estrela Solitária reluz no céu: o Botafogo é campeão brasileiro, no primeiro grande título no Nilton Santos!