Gazeta Esportiva.com
·13 de setembro de 2020
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·13 de setembro de 2020
Jérôme Valcke, ex-número dois da Fifa, e Nasser Al-Khelaifi, executivo da beIN Media e do PSG, serão julgados na segunda-feira na Suíça por um caso envolvendo negociação de direitos de transmissão para TV.
Agendada para 25 de setembro no Tribunal Criminal Federal de Bellinzona, esta audiência começará sob uma dupla ameaça; a crise de saúde, que já arruinou um processo anterior, e as acusações de conluio entre o Ministério Público suíço e a Fifa, que minaram sua credibilidade.
No centro da acusação, o francês Jérôme Valcke, de 59 anos, ex-braço direito do ex-presidente da Fifa, Sepp Blatter, aparece em dois casos separados de direitos televisivos e pode ser condenado a até cinco anos de prisão.
A justiça suíça o censura por ter favorecido a transferência para o gigante catariano beIN Media os direitos audiovisuais para o Oriente Médio e Norte da África das Copas do Mundo de 2026 e 2030, em troca de “regalias indevidas” de Nasser Al-Khelaifi.
Segundo a denúncia, o caso teria começado em 24 de outubro de 2013 na sede francesa do beIN, com a promessa do líder catariano de comprar uma casa na Sardenha (Itália) por cinco milhões de euros, e conceder uso exclusivo a Jérôme Valcke e então cederia a ele a propriedade para todos os efeitos e propósitos dois anos depois, “se a confiança fosse mantida”.
– Mundiais de 2026 e 2030 – Em troca, sustenta a promotoria, Jérôme Valcke prometeu “fazer o que estivesse ao seu alcance” para que o beIN se tornasse o difusor nessas regiões das Copas de 2026 e 2030: algo que se cumpriu em 29 de abril de 2014 , em um acordo que a Fifa não tentou desfazer depois.
Do ponto de vista judicial, porém, não se trata de “corrupção privada”: a acusação teve de abandonar esse prazo devido a um “acordo amigável” no final de janeiro entre a Fifa e Nasser Al-Khelaifi, cujo conteúdo não foi divulgado.
Agora, Jérôme Valcke terá de explicar porque “guardou para ele” algumas regalias “que deveriam ter ficado para a Fifa”.
Como funcionário da instância, sua obrigação de “devolver” o dinheiro recebido no cumprimento de suas funções “também se aplica a subornos”, segundo decisão de 25 de março.
Nasser Al-Khelaifi, ex-tenista que se tornou um dos homens mais influentes do futebol mundial, vai responder por sua “instigação à gestão injusta”, pela qual pode ser condenado a cinco anos de prisão.
Para os advogados do presidente do PSG, a acusação contra seu cliente é “manifestamente artificial”.
O seu cliente afirma ter adquirido a ‘Villa Bianca’ e garante que “nunca pensou em oferecê-la a Jérôme Valcke”, especificaram, prometendo que o executivo catariano irá a Bellinzona para provar “a sua total inocência”.
– Promotoria fragilizada – No segundo caso, Jérôme Valcke terá de responder, entre outras acusações, por “repetida corrupção passiva” e “gestão injusta agravada”, juntamente com o empresário grego Dinos Deris, de 63 anos.
O ex-jornalista do Canal + teria recebido 1,25 milhão de euros, em três pagamentos em 2013 e 2014, para favorecer a concessão na Grécia e na Itália dos direitos transmissão de várias Copas do Mundo.
Ele também testemunhará pessoalmente e “responderá às acusações”, segundo seu advogado, Patrick Hunziker.
A defesa também tem outro ângulo de ataque: as denúncias de conluio decorrentes de três reuniões secretas em 2016 e 2017 entre o presidente da Fifa Gianni Infantino e o ex-chefe do Ministério Público suíço, Michael Lauber, ambos sujeitos a uma investigação de “obstrução da ação penal”.
Se o processo chegar ao fim, será o primeiro veredicto pronunciado na Suíça, sede da maioria das organizações esportivas internacionais, sobre os vinte processos abertos há cinco anos em torno da Fifa.
Em abril passado, o tribunal criminal federal foi forçado a encerrar um processo iniciado em março por suspeitas de corrupção na atribuição da Copa do Mundo de 2006 à Alemanha; primeiro adiado por conta da covid-19, este caso envolvendo o ex-jogador de futebol ‘Kaiser’ Frank Beckenbauer acabou prescrevendo.