Trivela
·27 de setembro de 2022
Trivela
·27 de setembro de 2022
O Vitesse realizou uma precoce mudança de comando neste início de temporada. O trabalho do técnico Thomas Letsch não empolgava tanto, com apenas uma vitória nas sete primeiras rodadas da Eredivisie, e o alemão aceitou uma proposta para dirigir o Bochum na Bundesliga. O substituto escolhido pelos aurinegros, por sua vez, tem representatividade bem maior no país. Aos 51 anos, Phillip Cocu volta à casamata, depois de dois anos sem trabalhos. Será um personagem interessante de se acompanhar, não apenas por seu currículo como treinador, mas também pelo vínculo com o próprio clube de Arnheim.
Cocu, afinal deslanchou como jogador profissional com a camisa do Vitesse. O então meio-campista passou antes pelo AZ, mas suas primeiras chances na Eredivisie aconteceram com a camisa aurinegra. Disputou cinco temporadas com a equipe, de 1990 a 1995, com 154 partidas e 28 gols. Saiu de lá aos 24 anos, para defender o PSV, pouco antes de se tornar figurinha carimbada na seleção e desenvolver sua carreira em clubes de mais peso – incluindo depois uma longa passagem pelo Barcelona.
Como treinador, Cocu tem seu vínculo mais forte com o PSV. O veterano começou a dirigir a base dos Boeren, antes de se tornar auxiliar de Fred Rutten na equipe principal. Paralelamente, também atuou como assistente de Marco van Basten e Bert van Marwijk na seleção principal, de 2008 a 2012. Seus principais passos no comando principal do PSV aconteceram a partir de 2013. Foram mais de 200 partidas à frente da equipe, num período que rendeu três títulos da Eredivisie. Deixou o cargo em 2018 e, àquela altura, parecia capaz de saltos maiores. Todavia, sua carreira não se desenvolveu.
Em 2018, Cocu teve uma brevíssima passagem pelo Fenerbahçe. O treinador não durou 15 partidas, com a eliminação para o Benfica nas preliminares da Champions e os maus resultados no Campeonato Turco. Foram apenas três vitórias nesse período. Uma nova chance pintou na Inglaterra, à frente do Derby County. A primeira temporada completa foi morna, com boas atuações, mas apenas a décima posição dos Rams na Championship. Entretanto, num clube que convivia com a crise financeira e institucional, os resultados degringolaram em 2020/21. Durou apenas 11 rodadas da edição seguinte da segundona, com apenas uma vitória conquistada. Desde então, o veterano não tinha assumido mais nenhum time.
O Vitesse até soa como um passo para trás, considerando que Cocu brigava pelo topo da tabela na Eredivisie. Ainda assim, é um clube de tradição e que costuma figurar nas copas europeias. Os laços do passado também parecem pesar nesta escolha. Terá um trabalho de recuperação, diante do início ruim na Eredivisie. Com apenas cinco pontos conquistados, os aurinegros estão um ponto acima da zona de rebaixamento. Além disso, a distância para a zona de classificação às copas europeias chega a cinco pontos. O time perdeu jogadores importantes na última janela de transferências, como Danilho Doekhi, Riechedly Bazoer e Loïs Openda. Não há muito tempo a perder, desta vez sem competições continentais em paralelo.
Recentemente, o Vitesse mudou de mãos. O clube era administrado pelo oligarca russo Valeriy Oyf, que vendeu suas ações por conta da guerra na Ucrânia. Os americanos do Common Group se tornaram os novos proprietários. Cocu é a primeira aposta desse período dos aurinegros. Chega como uma face capaz de elevar as expectativas por sua história como jogador e também pelo currículo como técnico. Porém, como outros antigos companheiros de seleção, suas perspectivas na casamata ficam aquém das expectativas outrora criadas – algo que se repete com um número razoável de antigos astros holandeses.
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