FNV Sports
·08 de maio de 2020
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Liberado pelo Cerro, do Uruguai, Felipe Klein está em quarentena no Rio Grande do Sul. Na primeira parte da entrevista, o meia falou de sua carreira, a situação no futebol uruguaio e o desejo de voltar a jogar no Brasil. Nesta segunda e última parte, o brasileiro falou sobre como normalmente é sua rotina em Montevideo e as ideias da AUF para completar o calendário dos clubes. Além disso, também não descartou jogar em outro clube do Uruguai e afirmou que Cerro e Rampla Juniors formam o 2º maior clássico nacional.
A princípio, Jorge Casales, membro do Comitê da AUF, disse recentemente que há uma grande possibilidade de um campeonato especial para 2021 no segundo semestre. Isso porque a ideia seria de concluir o Apertura ainda em 2020, e realizando o Intermedio e Clausura antes do segundo semestre no ano seguinte. Assim, para os últimos seis meses seria criado um torneio para que os clubes não fiquem sem datas para jogos. Dessa forma, iriam conseguir um retomar normalmente o calendário utilizado no Uruguai pelos últimos dois anos. Além disso, de início os jogos seriam realizados com portões fechados.
Quando Felipe Klein chegou no Uruguai, a competição nacional era realizada no estilo europeu. Entretanto, há dois anos, os uruguaios mudaram o formato parecido com o que é no Brasil, de fevereiro a dezembro. E este momento, ao que parece, será necessário voltar ao modelo ‘antigo’ para preencher o calendário de 2021, e com isso retomar o que estava sendo realizado nos últimos anos. Jogar com portões fechados seria uma novidade ao brasileiro, mas que diz compreender o motivo.
“É uma situação nova para nós, mas temos que entender. Nós jogadores não gostamos, o clube tampouco gosta dessa situação, para a federação também não é algo bom, para ninguém. Não é bom para o público que gosta de ir assistir os jogos, o torcedor fanático… Mas hoje temos que cuidar da vida e a saúde de cada ser-humano que é muito importante. Sem deixar de lado o nosso trabalho que é o futebol, e precisamos voltar. Então, se as autoridades acharem que é melhor para a saúde e bem de todos ser com portões fechados, com menos contato de pessoas, temos que acatar, respeitar e saber que a decisão é para o bem de todos nós”, disse Klein.
Além de atuar pelo Cerro, de Montevideo, Felipe também jogou com a camisa do Cerro Largo, este localizado na cidade de Melo, do Uruguai. Por lá foram 59 jogos oficiais em quase dois anos, em contrapartida, no atual clube, até o momento, já são 115. Ao ser perguntado sobre a possibilidade de jogar com a camisa de outro clube local, talvez nas duas maiores forças, Peñarol e Nacional o brasileiro não descartou: “Se eu falasse que não jogaria em outro clube Uruguai estaria mentindo“.
“Tenho contrato com o Cerro até o final do ano e não sei o que pode acontecer mais para frente. Mas como sempre, deixei bem claro, me sinto muito bem confortável no Cerro, me sinto em casa… A gente sabe que a carreira de um jogador é instável e a todo momento podemos estar trocando de clube, de país, então… Não sei, pode acontecer no próximo ano, se for para permanecer eu estou feliz, quero permanecer com a equipe na 1ª divisão e classificar para uma competição internacional”, completou Felipe Klein.
No Uruguai minha rotina é mais tranquila do que era no Brasil. Porque somente na pré-temporada que a gente treina em dois turnos, às vezes até três, mas no decorrer do ano é somente um. Normalmente os treinos são pela manhã, então tenho a tarde livre e à noite procuro estudar. Ano passado fiz um curso, fora do futebol, de gestão empresarial. E já neste ano, comecei a fazer curso de treinador, isso é o que me ocupa fora o futebol.
A paralisação foi ruim, fizemos uma boa pré-temporada, as coisas já estavam se encaixando… Mas infelizmente chegou a pandemia e agora todos os clubes também vão começar do zero e temos que nos preparar novamente, da melhor maneira possível para retomar bem na competição. Os objetivos para o ano com certeza é salvar (a equipe) do rebaixamento devido a média dos últimos anos da tabela do rebaixamento.
A temporada passada foi bastante complicada, então temos que recuperar o que a gente perdeu. E nós temos uma boa convivência com o professor Nathaniel. É um treinador jovem, que tem bastante conhecimento e estamos aprendendo bastante com ele.
Qual seria sua reação com o fim de um campeonato, onde seu time estivesse na liderança e com grandes chances de títulos? Como grande exemplo o Liverpool, que cogitaram cancelar a Premier League…
Seria algo triste, sem dúvidas. Quando se está próximo de conquistar um grande objetivo e tem assim o sonho interrompido é triste, claro. Mas temos de pensar que, acima de jogadores somos seres humanos, e hoje a vida de todos nós está em risco. Talvez uns mais e outros menos, mas todos estamos correndo risco e teriamos que pensar na vida. Seria triste claro, mas antes perder um titulo do que a vida.
O futebol uruguaio é muito parecido com o que é praticado no sul do Brasil. E por eu ser do Rio Grande do Sul já cheguei no Uruguai e me senti em casa. O povo uruguaio é, tanto quanto aos brasileiros, apaixonado por futebol, e eles incentivam, cantam e apoiam ao máximo, sempre. Talvez aqui (no Brasil) tem um pouco mais de cobrança, e possivelmente lá tem um maior incentivo, é um povo apaixonado pelo futebol e isso, sem dúvida, motiva o jogador.
Renato César, jogador do Rentistas, artilheiro do Uruguaio desse ano, disse o seguinte: “Creio que o futebol uruguaio está crescendo muito. Hoje em dia não se vê tanta diferença entre os times grandes e os demais”. Você concorda? Essa diferença técnica de Peñarol e Nacional para os demais já não está sendo como foi em boa parte da história do futebol uruguaio?
Sim, concordo com o que ele falou, tanto que os resultados hoje mostram isso. s times pequenos tiram pontos dos grandes, não somente no Uruguai, a gente acompanha nos estaduais, e isso é constante. O futebol em geral está emparelhando.
O clássico (Cerro x Rampa) é sem dúvida o 2º maior do Uruguai, tirando Peñarol e Nacional, que é incomparável com a quantidade torcedores que eles levam aos estádios. Cerro e Rampla é uma rivalidade enorme, até por serem do mesmo bairro. Particularmente, eu mais ganhei do que perdi nos clássicos. Há dois anos atrás, teve um encontro no domingo e nós ganhamos, no meio de semana já pelo Intermedio teve outro, e nós também ganhamos, dessa vez na casa deles.
Dois triunfos seguidos e até hoje os torcedores do Cerro brincam com eles até hoje sobre.Infelizmente ou felizmente, não sei (risos), nesse ano nós não teremos o clássico, porque o Rampla foi para a 2ª divisão, então nesse ano não teremos clássico. Mas sem dúvida, é um clássico muito grande no Uruguai, um jogo especial, onde é comparável em todo o mundo.
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