Portal dos Dragões
·18 de março de 2025
Fernando Saúl: “Avisei o diretor de segurança e o diretor de marketing para reforçar a segurança da AG. Depois foram dos poucos a não ser despedidos por AVB.”

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·18 de março de 2025
Fernando Saul iniciou hoje a sua audição no julgamento do caso Pretoriano, que está a decorrer no Tribunal de São João Novo, no Porto. O ex-OLA (Oficial de Ligação aos Adeptos) do FC Porto afirmou: «Era funcionário do FC Porto, não pertencia à claque. Trabalhei durante 25 anos, exercendo a função de Oficial de Ligação aos Adeptos e de ‘speaker’ no Estádio do Dragão. Cheguei à Assembleia tardiamente, quando já estava a sair do auditório. No Dragão Arena, estive apenas com a Sandra Madureira. Estava tudo calmo. Fiquei na bancada Sul, que era a que tinha os meus lugares. As outras bancadas estavam lotadas», relatou.
A juíza questionou sobre o momento em que Fernando Saul percebeu a confusão. «Após o discurso do Pinto da Costa, ouviram-se insultos e apupos. Passados alguns minutos, vi que na bancada Norte estava a ocorrer um tumulto e as pessoas começaram a afastar-se. A Assembleia foi retomada e, na parte final, houve uma altercação com o senhor Henrique Ramos», respondeu.
Fernando Saul prosseguiu: «Vi a senhora Sandra a discutir com um adepto, e conheço-a pelas minhas funções. Ocorreu na bancada Sul. Eu apenas disse: ‘ó Sandra, deixa isso, vamos embora’. Ela estava a discutir devido a mensagens e vídeos, em relação às filhas. Pedi-lhe que saísse e ela saiu. Não houve qualquer problema», afirmou, sublinhando que não participou na reunião magna com Fernando Madureira: «Ele passou por mim uma ou duas vezes, mas não estivemos juntos».
Fernando Saul terá publicado a seguinte mensagem nas redes sociais: «Vai levar tudo nos cornos. Aleixo e pessoal está avisado.»
O ex-OLA explicou a mensagem: «Isso foi três meses antes, não se sabia que a Assembleia iria ocorrer. Eu tinha um problema com o Henrique Ramos, que andava a difamar-me. Pedi às pessoas que tivessem cuidado com ele. A mensagem era apenas para o Henrique Ramos, ninguém mais. Aconselhei o ‘Macaco’ a não confiar no Henrique Ramos, que era amigo dele. [Vai haver confusão, a Assembleia vai ser intensa, vai dar problemas, outra mensagem]. Estas mensagens foram enviadas a amigos. A perceção que tinha como Oficial de Ligação aos Adeptos era que, nos últimos meses, havia muitas páginas de apoio a Villas-Boas a difamar a Direção, com muita atividade nas redes sociais. Mesmo não sendo da segurança, alertei que haveria mais pessoas do que o habitual e que deveria haver mais segurança. Alertei o diretor de segurança e de marketing. Através do que via nas redes sociais, percebia que muitas pessoas estariam presentes e que os ânimos estavam exaltados. Várias páginas de apoio a Villas-Boas incentivavam a comparecer na Assembleia, para filmar tudo, afirmando que o Porto dos ‘mamões’ iria acabar», afirmou.
Ele continuou o seu depoimento: «Curiosamente, os únicos diretores que permanecem são estes (de segurança e de marketing). É extraordinário», disse Fernando Saul, levantando suspeitas. «Não consigo entender como um diretor de segurança, que se prepara para os jogos, não suspendeu a Assembleia quando percebeu que não havia espaço para todos no auditório. Poderia ter evitado tudo isso. Mas talvez seja por isso que ele continua no cargo», questionou.
Sem hesitações, continuou a dar o seu depoimento à juíza: «Todos sabiam que o André iria ser candidato, até pela estrutura que já estava em funcionamento. No dia anterior à Assembleia, Villas-Boas fez um apelo para que as pessoas comparecessem. Acredito que ele quis reunir os seus apoiantes. Mesmo sendo funcionário do FC Porto, havia aspetos (nos estatutos) que eu iria votar contra», afirmou, sendo depois questionado pela magistrada se havia falado com Fernando Madureira sobre a possibilidade de um grande público na reunião magna. «Sim, falei com ele algumas vezes», respondeu, embora tenha negado ter dado instruções sobre como agir na Assembleia.
«Levei um golpe, mas foi lá dentro, ninguém viu», escreveu Saul num grupo de amigos, onde enviou um vídeo de Henrique Ramos. Questionado sobre isso, o arguido negou a agressão: «Foi uma forma de me vangloriar para os meus amigos. Isso não aconteceu».