Trivela
·11 de junho de 2021
Trivela
·11 de junho de 2021
Este texto faz parte do Guia da Euro 2020.
Na edição de inauguração da Liga das Nações, em 2018/19, a Rússia teve Suécia e Turquia em sua chave na Liga B e terminou com a mesma pontuação que os suecos, mas viu os concorrentes levarem a vaga na primeira divisão da próxima edição graças ao saldo de gols.
Para se classificar à Eurocopa deste ano, a Rússia fez uma boa campanha, com oito vitórias e duas derrotas em dez jogos, ficando atrás apenas da Bélgica, 100%, em seu grupo das eliminatórias. Foram 33 gols marcados e oito sofridos ao longo da competição.
A promoção na Liga das Nações não veio também em 2020/21. Os russos ficaram à frente de Sérvia e Turquia no Grupo 3, mas viram a Hungria liderar a chave com três pontos a mais. No início de eliminatórias da Copa do Mundo de 2022, em março deste ano, a seleção russa bateu Malta e Eslovênia, mas caiu diante da Eslováquia. Nos amistosos de preparação para a Euro neste começo de junho, empate com a Polônia em 1 a 1 e vitória sobre a Bulgária por 1 a 0.
A Rússia de Stanislav Cherchesov costuma alternar sua formação entre um 4-2-3-1 e um 3-5-2 ou 5-3-2, a depender da fase de jogo. Na direita, Mário Fernandes é um lateral/ala que sobe e desce constantemente, enquanto na esquerda o veterano Yuri Zhirkov costuma jogar mais avançado, apoiado por um dos zagueiros que se desloca para cobrir o seu setor.
Aleksandr Golovin é a válvula criativa da seleção russa, contando com uma dupla de meias mais defensivos para fazer o trabalho sujo enquanto ele tem liberdade para flutuar entre as linhas adversárias. Por fim, talvez o elemento mais importante do jogo ofensivo russo, Artem Dzyuba é a grande referência do ataque, em diversos sentidos. Robusto, brigador e com faro de gols, ele é figura central das animações ofensivas. É forte pelo alto, possibilitando bolas longas, faz o pivô para as aproximações de Golovin e Aleksei Miranchuk e ainda costuma estar sempre bem colocado na área para finalizar cruzamentos das pontas.
Atacante grandalhão, brigador e goleador, Artem Dzyuba chega em alta para a disputa da Eurocopa. Em março deste ano, durante as primeiras rodadas das eliminatórias da Copa do Mundo de 2022, liderou a vitória da Rússia por 2 a 1 sobre a Eslovênia com dois gols e se colocou a apenas um de igualar o maior artilheiro da seleção russa, Aleksandr Kerzakhov. Pelo Zenit, manteve o papel habitual de protagonista e foi o artilheiro da Premier League russa vencida pelo clube, com 21 tentos, além de brilhar na goleada por 6 a 1 sobre o segundo colocado Lokomotiv Moscou, que definiu o título, com dois gols e uma assistência. Embora não seja dos mais brilhantes com a bola, é uma referência no grupo e tem uma aptidão para gols que poderá causar problemas aos adversários.
O meio-campista Aleksandr Golovin apresentou seu cartão de visitas ao mundo ao abrir a Copa do Mundo de 2018 com uma atuação de destaque na goleada por 5 a 0 sobre a Arábia Saudita, marcando um gol e dando duas assistências. Sua boa campanha naquele Mundial lhe rendeu uma transferência para o Monaco em 2018. Depois de uma primeira temporada prejudicada por lesões e outra em que viu sua evolução desacelerada por uma equipe sem direção, o russo vem de uma boa temporada 2020/21, em que, após se recuperar de lesão, virou um dos principais nomes do time comandado por Niko Kovac que fez grande Ligue 1, esteve na briga pelo título até a reta final e conseguiu garantir uma vaga na Champions League da próxima temporada.
Maksim Mukhin teve uma explosão acelerada no futebol russo nesta temporada. O meia defensivo, que completou 19 anos em novembro de 2020, sequer era titular do Lokomotiv Moscou até dezembro, mas conquistou seu espaço graças a um problema de lesões no clube. Três meses mais tarde, em março, já foi chamado pelo técnico Stanislav Cherchesov e estreou pela seleção russa quando somava apenas sete partidas pelo Lokomotiv. Com apenas dois jogos e 37 minutos em campo pela Rússia, é difícil imaginá-lo ganhando um espaço de destaque ao longo do torneio, mas a experiência contará muito para seu desenvolvimento, sobretudo com a confiança que o selecionador demonstra em seu futebol.
O interminável Yuri Zhirkov completará 38 anos em agosto, mas segue como figura importante da seleção russa. A nível de clube, perdeu o espaço que uma vez teve, atuando em apenas um quarto dos minutos possíveis na temporada 2020/21 do Zenit. Entretanto, segue tendo a confiança do técnico Stanislav Cherchesov, sendo titular em nove dos últimos 11 jogos da seleção russa, incluindo partidas amistosas, confrontos da Liga das Nações e duelos pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2022.
Como jogador, Stanislav Cherchesov teve uma longa carreira de 20 anos, oito deles defendendo a seleção russa. Como técnico, tem um perfil linha dura, mas que ajuda a unir o grupo e tirar o melhor de seus jogadores. Assumiu o comando da seleção após o fracasso na Euro 2016, em que a equipe terminou no último lugar de sua chave, e desde então reergueu o time, conduzindo-o a uma campanha quadrifinalista na Copa do Mundo de 2018 e garantindo uma classificação sem percalços à Eurocopa deste ano. Embora seja querido, não é incontestável, com seus críticos apontando a qualidade de jogo de seu time, que por vezes deixa a desejar, e sua insistência em veteranos.
Como União Soviética, é uma das grandes potências da Eurocopa, com um título e três vices nas suas primeiras cinco participações. Como Rússia, sempre participa, mas raras vezes vai além disso. Exceto em 2008, quando alcançou as semifinais.
Participações: 11 participações (1960, 1964, 1968, 1972 e 1988 [como União Soviética]; 1992, 1996, 2004, 2008, 2012 e 2016 [como Rússia]) Melhor campanha: campeã (1960)