Trivela
·11 de junho de 2021
Trivela
·11 de junho de 2021
Este texto faz parte do Guia da Euro 2020.
Depois de uma boa participação na Copa do Mundo de 2018, a Suécia manteve um nível parecido no ciclo posterior. Das seleções secundárias da Europa, não é exatamente aquela que chama mais atenção por seu elenco ou mesmo pelas perspectivas de crescer no futuro. Ainda assim, conseguiu ser relativamente competitiva dentro dos desafios propostos. Cumpriu a classificação à Eurocopa sem sobressaltos e teve um resultado razoável na primeira edição da Liga das Nações, embora rebaixada na segunda.
O grupo da Suécia nas Eliminatórias da Euro teve um nível moderado. A Espanha era franca favorita, enquanto Noruega e Romênia representavam as principais ameaças. Nada que tenha atrapalhado os suecos, que perderam apenas na visita aos espanhóis e conquistaram seis vitórias em dez rodadas. Os 21 pontos somados colocaram o time entre os melhores segundos colocados e também garantiram uma vantagem relativamente confortável de quatro pontos sobre os noruegueses para carimbar a classificação ao torneio continental.
Já na Liga das Nações, a Suécia teve uma boa campanha na segunda divisão em 2018/19. Conseguiu o acesso num grupo cascudo em que enfrentava a Rússia e a Turquia. A recuperação do time na segunda metade da campanha, aliás, foi a chave para a primeira colocação – superando os russos no confronto direto. O problema da Suécia foi mesmo lidar com a elite da Liga das Nações em 2020/21. O grupo era bem difícil, com França, Portugal e Croácia. Os suecos até fizeram algumas partidas mais duras, mas só ganharam um compromisso e, por levarem a pior no confronto direto com os croatas, foram rebaixados. Por fim, as Eliminatórias da Copa começaram com vitórias sobre Kosovo e Geórgia, mas nada que represente tanto.
A formação da Suécia não costuma oferecer muitos mistérios. A equipe geralmente atua num 4-4-2, com duas linhas bem definidas na marcação e um jogo mais direto. É forte nas bolas aéreas e aproveita a presença de área de seus homens de frente. Durante a preparação, chegou a apostar num 4-3-3 contra a Armênia, o que pode ser uma variação interessante considerando a ascensão de jogadores de lado desde a Copa do Mundo de 2018. Mas não deve ser necessariamente o padrão.
Robin Olsen é o goleiro titular e, mesmo sem apresentar tanta regularidade para as grandes ligas, segue com moral na equipe nacional. A linha de zaga é liderada por Victor Lindelöf, outro que não emplacou no Manchester United, mas permanece considerado um dos melhores atletas do elenco. Andreas Granqvist estará à disposição na Euro, mas o parceiro de Lindelöf mudou bastante nos últimos anos. E há bons laterais, com o veterano Mikael Lustig competindo com Emil Krafth na direita, além de Ludwig Augustinsson pela esquerda.
No meio há uma coleção de figurinhas carimbadas, mas Albin Ekdal costuma formar a dupla principal com Sebastian Larsson, de carreira bastante longeva e muito importante por seus passes. Kristoffer Olsson é outra opção recorrente por ali, em ascensão no Krasnodar. Já o setor mais bem servido são as meias, com as alternativas de Emil Forsberg, Viktor Claesson, Dejan Kulusevski e Ken Sema. Na frente, o treinador costuma combinar dois atletas de mais presença física. Marcus Berg é o mais tarimbado, mas Alexander Isak pede passagem. Robin Quaison é outro que joga com frequência e ainda há a ascensão recente de Jordan Larsson – filho do lendário Henrik Larsson, que vem de uma boa temporada no Spartak Moscou.
Sem o lesionado Zlatan Ibrahimovic, que até estava à disposição da convocação, a seleção da Suécia não possui um grande protagonista. Há bons jogadores no elenco, mas não exatamente um astro nas grandes ligas europeias. Um nome que serve de referência técnica é o meia Emil Forsberg. O camisa 10 possui uma boa rodagem com a equipe nacional e também na Bundesliga, vestindo a camisa do RB Leipzig. Esta temporada, inclusive, seria importante à sua recuperação. Jogando mais próximo do ataque, muitas vezes na própria linha de frente, o meia se tornou mais efetivo. Forsberg já tinha sido importante na Copa do Mundo de 2018 e, inclusive, anotou o gol que classificou os escandinavos às quartas de final. Reúne talento e boa leitura de jogo para continuar como um nome importante, especialmente por sua criatividade e por sua precisão nos passes.
Ludwig Augustinsson vem de uma temporada ruim do ponto de vista coletivo, ao não conseguir evitar o rebaixamento do Werder Bremen na Bundesliga. Individualmente, ainda foi um dos melhores da equipe e merece atenção. O lateral esquerdo se destacou na Copa do Mundo de 2018, a ponto de ser considerado entre os melhores jogadores de sua posição. E se não cavou um contrato para outro clube de mais expressão, a Eurocopa parece uma ótima oportunidade para mostrar serviço – até porque o Bremen vai querer fazer caixa com seus melhores jogadores. Muito consistente e equilibrado, Augustinsson possui uma longa história na seleção. Chegou a ser campeão europeu sub-21 em 2015, antes de emplacar no time principal. Aos 27 anos, é um nome para clubes de mais relevo ficarem de olho na próxima janela de transferências.
A Suécia possui um elenco um tanto quanto envelhecido, no qual 12 jogadores passam dos 30 anos. Entretanto, há boas opções entre os mais jovens. Alexander Isak é aquele que possui mais rodagem como profissional e vem com moral após sua boa temporada na Real Sociedad. Mas, meses mais jovem, é Dejan Kulusevski quem parece mais apto a se tornar referência de uma geração dentro de pouco tempo. Aos 21 anos, o versátil meio-campista estourou na Serie A com o Parma e deu motivos para a Juventus acreditar em seu potencial. Pode jogar em diferentes posições, aproveita bem a sua potência física e é tão rápido quanto técnico. Mesmo nascido em Estocolmo, Kulusevski chegou a atuar pela seleção sub-17 da Macedônia do Norte. Entretanto, logo depois ganhou o primeiro chamado à Suécia Sub-17 e optou pelo país onde construiu sua vida. Uma pena que não estará disponível ao início da fase de grupos, após ser diagnosticado com COVID-19 nesta preparação.
O grande nome da Suécia na caminhada da seleção rumo à Copa de 2018 foi Andreas Granqvist. O capitão foi excelente na repescagem contra a Itália e também jogou demais no Mundial, inclusive por anotar gols decisivos. Eleito o jogador do ano no país em 2017, também foi parar no time ideal da Copa. Aos 36 anos, o beque até ensaiou uma despedida da equipe nacional. Porém, segue firme com a braçadeira de capitão, enquanto defende o Helsingborgs em sua terra natal. Além de ser um jogador muito imponente fisicamente, o zagueiro potencializa as ligações diretas dos suecos e ajuda na construção de jogo. Sem defender a equipe nacional desde 2019, tende a ser reserva, mas ainda é uma opção interessante pela liderança e pela experiência.
Janne Andersson completa cinco anos à frente da Suécia, assumindo a equipe após a fraca campanha na Euro 2016. De fato, o treinador conseguiu melhorar os resultados e resgatar um pouco da tradição dos escandinavos no futebol internacional. Jogador de carreira modesta, passou parte de sua trajetória como treinador desempenhando o papel de assistente. Desde 2004, no entanto, conduziu bons trabalhos à frente de Halmstads e Norrköping. Campeão sueco com o segundo, foi assim que se credenciou à equipe nacional. Conseguiu formar uma boa mescla sem prescindir dos veteranos e garantiu um padrão de jogo bem definido. Superar a Itália na repescagem e alcançar as quartas de final da Copa de 2018 foi o ápice. Na Euro, ainda assim, haverá certa cobrança para que consiga pelo menos disputar os mata-matas.
A Suécia possui uma tradição imensa na Copa do Mundo, chegando entre os quatro primeiros em quatro oportunidades, e mesmo nos Jogos Olímpicos, nos quais faturou o ouro em 1948. A Eurocopa, porém, não é tanto sua praia. A estreia só aconteceu em 1992, quando o país sediou o torneio. Teve seu melhor desempenho, parando nas semifinais contra a Alemanha. Ausentes em 1996, os suecos disputaram todas as edições desde 2000. Mas, no máximo, alcançaram as quartas de final em 2004. Não é um histórico empolgante, com quatro eliminações na fase de grupos durante as últimas cinco participações e somente três vitórias em 16 partidas disputadas neste intervalo.
Participações na Eurocopa: 6 (1992, 2000, 2004, 2008, 2012, 2016)
Melhor desempenho: Semifinais (1992)
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