PL Brasil
·10 de setembro de 2020
PL Brasil
·10 de setembro de 2020
Começar a temporada 2020/2021 falando em reconstrução no Arsenal pode parecer um mantra repetitivo para o torcedor. Afinal, especialmente desde a saída de Arsène Wenger em 2018, esperam-se mudanças drásticas no time. Mas diante do cenário atual, inegavelmente, a equipe vive um momento de reconstrução.
Isso passa diretamente pelas mãos de Mikel Arteta. Era 21 de dezembro de 2019, quando o ex-jogador e capitão dos Gunners estava nas tribunas de Goodison Park vendo um empate por 0 a 0 contra o Everton. Após a demissão de Unai Emery, o então auxiliar de Pep Guardiola no Manchester City observava ali o time que treinaria. Seria seu primeiro trabalho da vida como comandante.
Com nove vitórias, seis empates e cinco derrotas na Premier League, Arteta melhorou o desempenho do Arsenal. O time começou a mostrar uma ideia de jogo definitiva. O sistema defensivo, que era uma peneira, ficou mais sólido. Para se ter uma ideia, sob Emery e com o interino Freddie Ljungberg, o Arsenal levou 27 gols em 18 jogos. Com Arteta, em 20 partidas, foram 21 gols sofridos.
Mas apesar da decepção com a eliminação na fase 16-avos da Europa League, a temporada 2019/2020 terminou promissora. Mais um título do maior campeão da Copa da Inglaterra, batendo Manchester City na semifinal e Chelsea na decisão. Ademais, a conquista deu ao Arsenal a chance de disputar uma competição europeia em 2020/2021, de novo a Liga Europa.
Na Premier League, os Gunners começaram a reagir e até sonharam em algum momento com vaga na Champions League. Entretanto, com alguns tropeços em momentos cruciais, veio a oitava posição na tabela. Mas os cenários deixados ao fim da campanha apontam para um caminho positivo e de longo prazo no Emirates Stadium.
Tanto que o Arsenal já entrou em campo em 2020/2021 conquistando título. No fim de agosto, os Gunners bateram o Liverpool nos pênaltis e conquistaram a Community Shield (a Supercopa da Inglaterra).
Porém, falhas claras precisam ser corrigidas. Em especial, o sistema defensivo demanda atenção. Sendo assim, o Arsenal correu atrás e trouxe dois jovens zagueiros na janela de transferências.
Um deles já estava contratado: o francês William Saliba, de 19 anos, do Saint-Étienne, que foi anunciado no começo de 2019/2020, mas só chegaria mesmo ao Arsenal para 2020/2021. Já o outro é o brasileiro Gabriel Magalhães, 22, que fez boa temporada no Lille. Além deles, foram comprados em definitivo o zagueiro espanhol Pablo Marí, do Flamengo, e o lateral português Cédric Soares, do Southampton.
As outras negociações que chamaram a atenção foram no ataque. Primeiro o brasileiro Willian, que após oito anos de sucesso no rival Chelsea “pulou o muro” e saiu de Stamford Bridge rumo ao Emirates. Em seguida, o meia espanhol Dani Ceballos, que jogou bem no Arsenal em 2019/2020 por empréstimo do Real Madrid, e teve seu vínculo estendido por mais uma temporada.
Com um estilo de jogo semelhante ao de seu mentor Pep Guardiola, adotando muitas trocas de passes e uma mentalidade ofensiva, Arteta tenta dar uma nova cara ao Arsenal. Assim, mesclando juventude e experiência na janela, o futuro parece ser promissor.
Mas, como em qualquer clube em reconstrução, o caminho terá seus altos e baixos. Por isso, é necessário ter paciência. Com o elenco atual, é bem plausível imaginar que o Arsenal brigará pelo G-4 na temporada 2020/2021. Voltar à Champions League e ao grupo dos principais times do país é o primeiro passo para retomar os dias de glória.
VEM:
Pablo Marí (Flamengo, £14m); Cedric Soares (Southampton, free-agent); Willian (Chelsea, free-agent); Gabriel Magalhães (Lille, £27m); Dani Ceballos (Real Madrid, empréstimo)
VAI:
Mavropanos (Stuttgart, empréstimo); Tobi Omole (dispensado); Robbie Burton (Dínamo Zagreb, não revelado); Zech Medley (Gillingham, empréstimo); Trae Colyn (Gillingham, empréstimo); Matt Smith (Swindon Town, empréstimo); Jordi Osei-Tutu (Cardiff City, empréstimo); Sam Greenwood (Leeds United, não revelado); Henrikh Mkhitaryan (Roma, free-agent); Ben Sheaf (Coventry City, empréstimo); Emiliano Martínez (Aston Villa, £21m).
Quando se fala no elenco do Arsenal hoje, é impossível não pensar em um jogador: Pierre-Emerick Aubameyang. O atacante gabonês é de longe o melhor e mais importante nome do time, não só entregando gols, como também quebrando recordes. Com a histórica 14 de Thierry Henry, Auba tem tudo para se tornar ídolo.
Depois de ser um dos artilheiros da PL em 2018/2019 (ao lado de Mohamed Salah e Sadio Mané), ele foi o vice-artilheiro em 2019/2020, com 22 gols. Na temporada como um todo, artilheiro do Arsenal com 29. Ademais, o gabonês tornou-se o primeiro desde Henry a marcar mais de 20 gols por duas temporadas seguidas no Arsenal, e o mais rápido da história do clube (sexto geral) a fazer 50 gols na PL, em 79 jogos.
O clube percebeu a importância do jogador e decidiu se movimentar. O contrato de Aubameyang se encerrava ao final de 2020/2021, e poderia assinar pré-contratos e sair de graça já em janeiro. Mas ele teve a sua renovação anunciada no último dia 15 de setembro, e permanece em Londres por mais três anos. Sem dúvidas, sua permanência foi mais comemorada do que muitos reforços.
Inegavelmente, a defesa do Arsenal foi o grande ponto negativo da última temporada. Com 48 gols sofridos em 38 jogos da PL, poucos zagueiros conseguiram se firmar e a inconstância foi um ponto chave. Por isso, o alvo principal da janela era um defensor. E logo as especulações do brasileiro Gabriel Magalhães animaram a torcida.
Depois de uma certa novela, enfim foi anunciada a contratação do paulista de 22 anos, vindo do Lille. Gabriel se destacou na França em 2019/2020, ganhando inclusive experiência internacional ao atuar em todos os jogos da fase de grupos da Champions League. Além disso, em 11 dos 24 jogos em que esteve em campo pela última temporada, seu ex-clube não sofreu gols.
Com bom senso de antecipação, desarme e saída de jogo, Gabriel tem tudo para rapidamente se tornar titular. Obviamente a adaptação é necessária, mas sobra potencial no defensor brasileiro. Assim, tendo o tempo ideal para entender o ritmo de jogo, ele possui todos os atributos para ser uma referência na defesa Gunner.
3-4-3: Leno; Saliba, David Luiz, Gabriel Magalhães; Bellerín, Xhaka, Ceballos, Tierney; Pépé (Willian), Saka (Martinelli), Aubameyang. Técnico: Mikel Arteta.
*Texto atualizado no dia 17 de setembro de 2020.